Preço da cesta básica aumenta e compromete renda dos trabalhadores

A cesta mais cara é a de São Paulo, R$ 522,05 – trabalhadores gastam 56,86% do salário mínimo e tiveram de cumprir 115h e 5 minutos de jornada para comprar o básico

Marcalo Camargo/Agência Brasil

O custo dos alimentos essenciais subiu em todas as capitais do Brasil em abril, segundo Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 18 cidades e divulgada nesta terça-feira (7).

capital com a cesta básica mais cara foi São Paulo (R$ 522,05) e comprometeu 56,86% do salário mínimo líquido (após os descontos previdenciários), percentual maior do que o de março (55,45%). Em abril de 2018, equivalia a 49,54% do piso nacional.

O trabalhador paulistano cuja remuneração equivale ao salário mínimo (R$ 998,00) precisou cumprir 115 horas e 05 minutos de jornada de trabalho para comprar a cesta. Em março, o tempo necessário foi de 112 horas e 14 minutos e em abril do ano passado, a jornada média era de 100 horas e 16 minutos.

Os 11 produtos que acumularam as maiores altas na capital paulista nos últimos 12 meses foram: feijão carioquinha (116,43%), batata (71,76%), tomate (57,35%), farinha de trigo (30,16%), manteiga (10,07%), banana (9,05%), pão francês (8,92%), leite integral (8,77%), carne bovina de primeira (5,96%), óleo de soja (3,26%) e arroz agulhinha (2,51%). As taxas acumuladas foram negativas somente para o café em pó (-9,18%) e o açúcar refinado (-6,14%).

A segunda capital com os preços mais altos da cesta básica foi o Rio de Janeiro (R$ 515,58), seguida de Porto Alegre (R$ 499,38). Os menores valores médios foram encontrados em Salvador (R$ 396,75) e Aracaju (R$ 404,68).

Salário mínimo necessário

Em abril de 2019, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 4.385,75, ou 4,39 vezes o mínimo atual, segundo o Dieese.

O cálculo sobre o salário mínimo necessário para uma família conseguir se alimentar, se vestir, ter direito à moradia, saúde, educação, higiene, transporte, lazer e previdência foi feito pelo Dieese com base na cesta básica mais cara, que em abril foi a de São Paulo.

As maiores altas

As altas mais expressivas do valor da cesta básica foram encontradas em Campo Grande (10,07%), São Luís (7,10%), Aracaju (4,94%) e Vitória (4,77%).

Em 12 meses, entre abril de 2018 e o mesmo mês de 2019, todas as cidades tiveram alta, as maiores foram Campo Grande (30,17%), Recife (25,19%) e João Pessoa (22,78%). A menor taxa acumulada foi anotada em Florianópolis (13,02%).

Nos primeiros quatro meses de 2019, todas as cidades apresentaram alta acumulada, com destaque para Vitória (23,47%), Recife (22,45%) e Natal (20,12%). O menor aumento foi registrado em Florianópolis (5,35%).

Cesta básica x salário mínimo

Em abril de 2019, o tempo médio da jornada necessário para um trabalhador adquirir os produtos da cesta básica foi de 100 horas e 32 minutos contra 96 horas e 42 minutos de março.

Em abril de 2018, quando o salário mínimo era de R$ 954,00, o tempo médio foi de 87 horas e 21 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador  comprometeu, em abril, 49,67% da remuneração para adquirir os produtos. Esse percentual foi superior ao de março, quando ficou em 47,78%. Em abril de 2018, quando o salário mínimo valia R$ 954,00, a compra demandava 43,16% do montante líquido recebido.

Comportamento dos preços

Entre março e abril de 2019, os preços que mais subiram foram os do tomate, da banana, da carne bovina de primeira e do pão francês. Já as cotações do feijão e do arroz tiveram redução média de valor na maior parte das cidades.

preço do quilo do tomate aumentou em todas as capitais entre março e abril. As taxas variaram entre 15,24%, em Fortaleza, e 77,90%, em Campo Grande. Em 12 meses, as altas acumuladas oscilaram entre 41,33%, em Florianópolis, e 133,62%, em Campo Grande. O fim da safra de verão explicou o aumento do tomate em todas as cidades. Além disso, observou-se baixa qualidade do fruto, devido ao clima chuvoso, o que elevou a cotação daqueles com melhor aparência.

Já a dúzia da banana aumentou em 14 cidades e diminuiu em outras quatro. A pesquisa coleta os tipos prata e nanica e faz uma média ponderada dos preços. As altas mais expressivas foram registradas em Campo Grande (18,06%), Recife (12,57%), Salvador (8,19%) e João Pessoa (6,87%). As retrações ocorreram em Belo Horizonte (-3,62%), Brasília (-2,34%), Fortaleza (-1,38%) e Natal (-1,30%). Em 12 meses, o quilo da banana subiu em 14 cidades, com destaque para as variações de Campo Grande (31,65%), João Pessoa (18,57%) e Vitória (18,18%). Houve queda do preço médio em quatro cidades, as mais intensas anotadas em Natal (-12,62%) e Goiânia (-10,87%). Menor oferta da banana prata e nanica explica a elevação do preço médio nas capitais.

preço do quilo da carne bovina de primeira aumentou em 12 cidades e diminuiu em seis. As altas variaram entre 0,30%, em Florianópolis, e 2,74%, em São Luís. A redução mais intensa foi registrada em Campo Grande (-1,72%). Em 12 meses, o produto teve alta nas 18 cidades – entre 1,19%, em Belém, e 11,91%, em Goiânia. O elevado volume de exportação, a oferta restrita e a firme demanda foram responsáveis pelo aumento do preço da carne bovina na maior parte das capitais.

preço médio do quilo do pão francês aumentou em 12 cidades, ficou estável em Belém e diminuiu em outras cinco capitais. As altas variaram entre 0,31%, em Recife, e 2,77%, em Aracaju. Merece destaque a redução no valor médio do quilo em João Pessoa (-2,44%). Em 12 meses, o preço aumentou em todas as cidades, com taxas entre 2,12%, em Curitiba, e 15,68%, em Brasília. A cotação do trigo influenciou o valor da farinha, principal insumo do pão francês.

preço médio do feijão diminuiu em 18 capitais em abril de 2019. O tipo carioquinha, pesquisado nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, teve o preço médio reduzido entre -17,45%, em Belém, e -0,86%, em Campo Grande. Já o feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, apresentou queda de valor entre -1,30%, em Curitiba, e -8,04%, em Porto Alegre. Em 12 meses, o preço médio do grão carioquinha acumulou alta, acima de 100%, em todas as capitais: as taxas variaram entre 112,66%, em Salvador, e 146,84%, em São Luís. As variações acumuladas do tipo preto também foram positivas, mas em patamares menores: entre 31,66%, em Porto Alegre, e 71,25%, em Vitória. A demanda pelo grão carioca foi menor, devido aos altos preços, uma vez que o consumidor buscou substitui-lo por outro similar. E a redução do preço do feijão preto seguiu o comportamento do carioca.

preço do quilo do arroz branco diminuiu em 12 cidades, ficou estável em Recife e Salvador e aumentou em quatro capitais. As quedas mais expressivas foram as de Florianópolis (-16,15%) e Porto Alegre (-4,01%). As maiores altas ocorreram no Rio de Janeiro (1,34%) e em Belo Horizonte (1,09%). Em 12 meses, o preço do arroz subiu em 17 cidades, exceto em Florianópolis (-3,27%), e as elevações variaram entre 1,71%, em Curitiba, e 25,34%, em Belém. A fraca demanda influenciou o preço do arroz no varejo.

Por CUT

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