Prefeitura de Natal é ausente, dizem moradores da periferia

A 9 dias de decidir quem será o próximo gestor da cidade pelos próximos quatro anos, moradores de Natal mostram que buscam a mudança

Fora da zona Sul de Natal, região que concentra moradias de alto padrão e as principais estruturas turísticas da capital do Rio Grande do Norte, uma sensação é constante entre a população da cidade: o poder público municipal é, na melhor das hipóteses, precário; na pior, completamente ausente.

A reportagem da Agência PT conversou com moradores do Guarapes, bairro mais distante da zona Oeste, para perguntar o que o próximo gestor da cidade, que assume a prefeitura após o término da administração de Carlos Eduardo (PDT), poderia fazer para melhorar a qualidade do serviço oferecido pela prefeitura para as regiões fora do circuito do turismo de luxo em Natal. Segurança, saúde, educação… Há críticas a todas as áreas. Mas as respostas convergem em um ponto: o primeiro passo seria o poder público estar presente.

“Tem que ter uma pessoa para olhar para a comunidade, para ajudar a comunidade, porque é pobre, carente. Precisa ter envolvimento com a comunidade, os políticos não podem vir só na época das eleições e depois deixar de lado. Aqui faltam todos os serviços. Aqui não tem casa lotérica, não tem pague fácil, não tem nada para facilitar a vida das pessoas. É um lugar esquecido. Os prefeitos dos últimos anos fizeram muita coisa lá nos bairros onde eles moram, mas e pra gente aqui?”, questiona o padeiro Dojival Benedito da Costa, de 40 anos.

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O professor de educação física Franklin Delane Oliveira da Fonseca, de 28 anos, acredita que, apesar dessa necessidade de todas as coisas,  a prioridade deveria ser projetos de educação. “Na verdade, todos os setores de Natal e da grande Natal precisa melhorar. Mas, de antemão, o que se deve favorecer e privilegiar é a educação. A educação é o norte do crescimento da população, econômico, político, de forma geral. Faltam projetos educativos, atividades que chamem a atenção da criançada para o que está fora da comunidade que ela vive, que ofereça algo diferenciado para esses meninos”, pondera.

Ele diz ainda que há graves problemas com o abastecimento de água: Guarapes, assim como outros bairros das zonas Oeste e Norte sofrem com problemas constantes de abastecimento, e chegam a ficar dias com as torneiras secas.

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A segurança é outro tema citado por quase todos os moradores como pior aspecto do serviço público na periferia. “A gente não tem uma delegacia, não tem um posto policial, então acontece as coisas por aí e a polícia leva muito tempo para chegar, quando vem. A Guarda Municipal nunca veio. A gente precisava muito de pelo menos um posto comunitário”, afirma Carlos Serafim dos Santos, de 32 anos, funcionário público.

“A segurança é a primeira demanda, porque aqui é o que tá faltando muito. A minha menina agora pouco estava querendo andar de bicicleta, mas a gente fica meio assim, porque hoje, por exemplo, tá meio quieto, meio estranho. Então, pronto, guardamos a bicicleta e ela foi brincar na casa do vizinho. São detalhes da vida da gente, né?”, lamenta Juciana Mar, dona de casa de 30 anos, Seu marido, Bruno de Lima, de 25 anos e atualmente desempregado, reclama da sensação de medo o dia todo.

“Não tem mais horário, pode ser de manhã, de tarde, de noite, é sempre perigoso. Nós tivemos uma boa infância, mas a nossa filha, não. Ainda mais com os espaços públicos, as praças públicas do jeito que estão abandonadas”.

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Nesse contexto de ausência de serviços no bairro, próximos dos moradores, o transporte para a região central da cidade é outro tema de preocupação. “Esses problemas não são só daqui, em Natal como um todo é ruim, os serviços ficam isolados em um lugar e a gente fica longe deles. Eu vivo aqui há 29 anos e sempre foi assim. Quem trabalha à noite, ou sai antes ou dorme no trabalho, ou vem de táxi. Dá meia-noite, acabou qualquer transporte e você fica preso do lado de lá, aí depende de o patrão deixar você dormir no serviço, ou então até dorme na rua”, lamenta Ubiratan pires da Silva, 40 anos, pedreiro.

Por Diego Sartorato, de Natal, para a Agência PT de Notícias

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