Preso político, Lula passa mensagem de que a luta não para

Senadores da Comissão de Direitos Humanos que visitaram ex-presidente afirmaram preocupação por isolamento e que Lula mostra serenidade dos inocentes

Ricardo Stuckert

Senadores visitaram Lula na Polícia Federal

Um grupo de 11 senadores da Comissão de Direitos Humanos (CDH) visitaram o ex-presidente Lula na tarde desta terça-feira (17), na sede da Polícia Federal de Curitiba, onde é mantido como preso político. Os senadores afirmaram que o ex-presidente é mantido em condições dignas, mas preocupam-se com o grau de isolamento ao qual é submetido. De acordo com os senadores, Lula se mantém animado e pediu para levar ao povo a mensagem de que a luta pela democracia não pode parar.

Estiveram presentes os senadores Fátima Bezerra (PT-RN), Humberto Costa (PT-PE), Paulo Paim (PT-RS), Paulo Rocha (PT-PA), Regina Sousa (PT-PI), João Capiberibe (PSB-AP), Lídice da Mata (PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), José Pimentel (PT-CE), Lindbergh Farias (PT-RJ), e a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR). O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão também esteve presente.

Em coletiva após a visita, a presidenta do PT afirmou que “o ex-presidente Lula está preocupado com o país, está lendo livros sobre a história da humanidade, do futuro da humanidade. Disse que tem noção dos problemas que o país passa, disse que nós senadores temos que lutar pelo Brasil”.

Gleisi ressaltou que Lula está consciente de tudo que se passa nas ruas e criticou o desrespeito ao código de execução penal, que se dá com o impedimento de visitas ao ex-presidente.

“Temos muitos pedidos de visita, Lula tem muitos amigos. É uma barbaridade esse isolamento. Lula não é um criminoso, um ladrão. Ele nem tem o processo julgado em terceira instância. Tem a minha petição que o Ministério Público não olhou. Estamos frente a um flagrante desrespeito aos Direitos Humanos. Se ele fosse um bandido não vinham os nove governadores, os senadores. Amanhã vêm presidentes de centrais sindicais”.

Reunião dos senadores da CDH com a Polícia federal

Lindbergh Farias destacou que “o presidente Lula está bem, dando força para a gente, mas a indignação é muito grande. Um Presidente da República como preso político, ainda mais em uma solitária. A sala é simples, mas os problemas não são as instalações, o problema é o isolamento”.

“A gente sai com indignação porque a gente vê o presidente Lula como preso político ele sempre querendo jogar a gente para cima. Eu saio na verdade muito indignado, porque você vê uma figura como o Lula, que fez todo o processo de inclusão social, com preso político”, reforçou o senador.

Regina de Sousa afirmou que ninguém que está em uma prisão pode estar bem, mas que as condições do local onde Lula é mantido são razoáveis, com banheiro limpo, mesa, livros e muitas cartas para ler. “O problema é que o presidente está isolado. Essa é a terceira visita que ele recebe. Ele tem a necessidade de conversar. Também conversamos muito com ele sobre as coisas aqui fora”.

Segundo a senadora, “o recado que ele deixa é que está menos preocupado com ele e mais com o que ocorre aqui fora. O que ele pede é que a gente não desista e continue fazendo a luta pela democracia”.

João Capiberibe explicou que a comissão visitou e conversou com boa parte dos presos , indagando sobre questões como condições de higiene, vestimenta e banho de sol. “Tem cela com dois, cela com quatro, e consideraram as condições adequadas”, relatou.

“Depois fomos visitar Lula, que está tranquilo e indignado, com a distorção das informações que chegam a população. Ele diz que sua única arma é sua inocência, mas por isso ele se submeteu, poderia ter ido a uma embaixada, mas ele acredita na democracia e na justiça. Isso que nos surpreende, essa crença na democracia e na justiça.”

“Outra coisa é a preocupação dele. Diz que não está preocupado com ele, porque as condições dele não são tão diferentes dos últimos 20 anos, que ele não ia a restaurante ou cinema. Ele está preocupado com a instabilidade que o país atravessa e com as instituições.”

Capiberibe ainda ressaltou a importância das manifestações do lado de fora da PF. “Ele escuta tudo e ele reage. Há de se convir que um homem de 72 anos, um homem interativo, que passa os dias conversando, está muito isolado, isso preocupa a comissão. Ele precisa ter dialogo com mais pessoas, é um preso político que tem preferência de cerca de 35% da população”.

O senador ainda explicou a uma jornalista que visita foi uma preocupação da Comissão de Direitos Humanos do Senado, mas não deixa de ser uma visita política. “O ex-presidente tem hoje 35% da preferência do eleitorado. A única arma que ele tem é sua inocência e ele vai provar a sua inocência.”

Da Redação da Agência PT de notícias

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