Preso político, Lula passa mensagem de que a luta não para
Senadores da Comissão de Direitos Humanos que visitaram ex-presidente afirmaram preocupação por isolamento e que Lula mostra serenidade dos inocentes
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Um grupo de 11 senadores da Comissão de Direitos Humanos (CDH) visitaram o ex-presidente Lula na tarde desta terça-feira (17), na sede da Polícia Federal de Curitiba, onde é mantido como preso político. Os senadores afirmaram que o ex-presidente é mantido em condições dignas, mas preocupam-se com o grau de isolamento ao qual é submetido. De acordo com os senadores, Lula se mantém animado e pediu para levar ao povo a mensagem de que a luta pela democracia não pode parar.
Estiveram presentes os senadores Fátima Bezerra (PT-RN), Humberto Costa (PT-PE), Paulo Paim (PT-RS), Paulo Rocha (PT-PA), Regina Sousa (PT-PI), João Capiberibe (PSB-AP), Lídice da Mata (PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), José Pimentel (PT-CE), Lindbergh Farias (PT-RJ), e a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR). O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão também esteve presente.
Em coletiva após a visita, a presidenta do PT afirmou que “o ex-presidente Lula está preocupado com o país, está lendo livros sobre a história da humanidade, do futuro da humanidade. Disse que tem noção dos problemas que o país passa, disse que nós senadores temos que lutar pelo Brasil”.
Gleisi ressaltou que Lula está consciente de tudo que se passa nas ruas e criticou o desrespeito ao código de execução penal, que se dá com o impedimento de visitas ao ex-presidente.
“Temos muitos pedidos de visita, Lula tem muitos amigos. É uma barbaridade esse isolamento. Lula não é um criminoso, um ladrão. Ele nem tem o processo julgado em terceira instância. Tem a minha petição que o Ministério Público não olhou. Estamos frente a um flagrante desrespeito aos Direitos Humanos. Se ele fosse um bandido não vinham os nove governadores, os senadores. Amanhã vêm presidentes de centrais sindicais”.
Lindbergh Farias destacou que “o presidente Lula está bem, dando força para a gente, mas a indignação é muito grande. Um Presidente da República como preso político, ainda mais em uma solitária. A sala é simples, mas os problemas não são as instalações, o problema é o isolamento”.
“A gente sai com indignação porque a gente vê o presidente Lula como preso político ele sempre querendo jogar a gente para cima. Eu saio na verdade muito indignado, porque você vê uma figura como o Lula, que fez todo o processo de inclusão social, com preso político”, reforçou o senador.
Regina de Sousa afirmou que ninguém que está em uma prisão pode estar bem, mas que as condições do local onde Lula é mantido são razoáveis, com banheiro limpo, mesa, livros e muitas cartas para ler. “O problema é que o presidente está isolado. Essa é a terceira visita que ele recebe. Ele tem a necessidade de conversar. Também conversamos muito com ele sobre as coisas aqui fora”.
Segundo a senadora, “o recado que ele deixa é que está menos preocupado com ele e mais com o que ocorre aqui fora. O que ele pede é que a gente não desista e continue fazendo a luta pela democracia”.
João Capiberibe explicou que a comissão visitou e conversou com boa parte dos presos , indagando sobre questões como condições de higiene, vestimenta e banho de sol. “Tem cela com dois, cela com quatro, e consideraram as condições adequadas”, relatou.
“Depois fomos visitar Lula, que está tranquilo e indignado, com a distorção das informações que chegam a população. Ele diz que sua única arma é sua inocência, mas por isso ele se submeteu, poderia ter ido a uma embaixada, mas ele acredita na democracia e na justiça. Isso que nos surpreende, essa crença na democracia e na justiça.”
“Outra coisa é a preocupação dele. Diz que não está preocupado com ele, porque as condições dele não são tão diferentes dos últimos 20 anos, que ele não ia a restaurante ou cinema. Ele está preocupado com a instabilidade que o país atravessa e com as instituições.”
Capiberibe ainda ressaltou a importância das manifestações do lado de fora da PF. “Ele escuta tudo e ele reage. Há de se convir que um homem de 72 anos, um homem interativo, que passa os dias conversando, está muito isolado, isso preocupa a comissão. Ele precisa ter dialogo com mais pessoas, é um preso político que tem preferência de cerca de 35% da população”.
O senador ainda explicou a uma jornalista que visita foi uma preocupação da Comissão de Direitos Humanos do Senado, mas não deixa de ser uma visita política. “O ex-presidente tem hoje 35% da preferência do eleitorado. A única arma que ele tem é sua inocência e ele vai provar a sua inocência.”
Da Redação da Agência PT de notícias