Projeto ‘Elas por Elas 2024’ é oficialmente lançado em Manaus
Meta é preparar 15 mil mulheres para concorrer nas eleições municipais; uso de IA entra em cena para qualificar as candidatas
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Com as bênçãos e as forças da ancestralidade manauara, o maior projeto de formação e inclusão política para mulheres da América Latina, o Elas por Elas 2024, foi oficialmente lançado na noite do dia 14, em Manaus (AM). O primeiro partido no Brasil a adotar a cota de gênero de 30% nos cargos de direção, em 1991, mais uma vez, confirma o compromisso em priorizar as mulheres para a ocupação dos espaços de poder e decisão.
Com a participação das companheiras do Conselho Político da SNMPT, do Coletivo de Mulheres e de representantes dos movimentos sociais do campo, da cidade e das águas, a secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, explicou o motivo de o projeto ser lançado em abril de 2023: “A caminhada de organização das mulheres começa muito tempo antes do processo eleitoral. Nós lançamos o projeto Elas por Elas, faltando mais de um ano para as eleições de 2024, porque para as mulheres não é simples fazer política. Não é só colocar uma roupa sair de casa e fazer política. A gente enfrenta cotidianamente a violência política e as disputas por espaços fazem com que muitas de nós acabem desistindo. E fazer política, para as mulheres, é fazer escolhas. Não seria possível eu estar aqui se eu não tivesse uma rede de apoio. Não é simples para as mulheres, tem toda uma forma de organizar, é preciso ter uma rede de apoio, e a organização antecipada é importante por isso”, explicou.
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, relembrou o surgimento do projeto, em 2018: “Nesse ano fizemos uma ação para que a gente pudesse eleger o maior número de mulheres possíveis para as Assembleias Legislativas e para a Câmara Federal. Se hoje estamos na quarta edição, e praticamente dobramos a nossa bancada de deputadas federais, isso se deve a esse trabalho iniciado em 2018. Eu fico muito orgulhosa que hoje a gente tenha uma bancada representativa na Câmara. A maior bancada numérica e proporcional de mulheres na Câmara é a do PT. Aumentamos o número de nossas deputadas estaduais e, em 2020, elegemos muitas vereadoras, mulheres negras, jovens, indígenas, a gente diversificou, e isso se dá ao trabalho que realizamos o tempo todo, não só nas eleições. Nós fomos o primeiro partido a estabelecer cotas nos cargos de direção, e hoje temos paridade”, relembrou a presidenta. Para ela, se não houver representação de mulheres nos processos políticos, há um verdadeiro déficit na democracia.
Mulheres do PT prestigiam lançamento
A deputada federal carioca Benedita da Silva destacou o papel de Anne Moura na organização das mulheres petistas: “Para que nós pudéssemos avançar cada vez mais e ocupar os espaços que são dos nossos direitos, o Elas por Elas tem esse papel, de colocar as mulheres nos seus devidos lugares com qualificação, treinamento, fazendo com que a gente aceite os desafios porque o nosso lugar é aí (na política).” Para a parlamentar, quando houver a paridade, sem dúvida, “teremos um país diferente”. Por fim, Bené, como é carinhosamente chamada pela militância, afirmou: “Nós, com esse nosso coração, com essa nossa participação, sabemos que haveremos de vencer essa batalha. Nós queremos ver mais mulheres na política porque esse é o nosso lugar. Não importa quem você seja negra, indígena ou branca, mas que você tenha na sua ideologia o papel de não aceitar nenhum preconceito, nenhuma discriminação.”
Já a ministra das Mulheres reafirmou que o projeto de formação de candidatas fez toda a diferença para as mulheres do PT: “O Elas por Elas deu uma outra dimensão a todo o processo do que são as mulheres que se organizam. O Elas por Elas fez diferença para as mulheres do Partido dos Trabalhadores. Porque nós sabemos, todas nós que somos petistas, sabemos que a nossa resistência está na resistência que a nossa presidenta teve quando foi para enfrentar a prisão do Lula.”
Participaram ainda do lançamento a secretária nacional de Organização do PT, Sonia Braga; a secretária nacional de Economia Solidária, Tatiane Valente; a vice-presidenta da Fundação Perseu Abramo, Vivi Farias; a 1ª Suplente de Senado e Vereadora de Itacoatiara, Cheila Moreira; a Vereadora de Itacoatiara, Maria Francelizia; a Vice Prefeita de São Gabriel da Cachoeira, Eliane Falcão; presidente estadual do PT-AM e deputado estadual, Sinésio Campos; e a secretária estadual de Mulheres do PT e integrante do Diretório Nacional, Jessica Italoema.
Casa da Mulher Brasileira
Em outro trecho da fala, Gonçalves destacou a questão da Casa da Mulher Brasileira de Manaus. Segundo a ministra, desde 2020, o equipamento público está parado: “Já tinha terreno, estrutura, tudo. Mas aí veio o golpe e tudo parou. Em 2020 saiu o contrato ficou parado porque não tinha Governo Federal para tocar todos os processos. E o Brasil voltou porque o presidente Lula voltou.” Ao todo, serão investidos R$ 17,5 milhões na construção do espaço, entre recursos do Governo Federal e do Amazonas. Ação integra retomada do programa Mulher Viver sem Violência.
Uso de ferramentas de Inteligência Artificial
A coordenadora de Comunicação do Elas por Elas, Tathiane Nicácio, explicou como se dará a utilização da Inteligência Artificial no projeto e qual o objetivo: “Na próxima campanha a gente sabe que muito do que vai vir estará relacionado ao uso das IAs. E para deixarmos nossas companheiras preparadas para esse momento tão importante, mapeamos algumas plataformas e aplicativos que fazem uso da IA. Há aparato tecnológico para apoio da escrita e produção de imagem. Ao todo são mais de 50 iniciativas listadas para facilitar a aceleração das campanhas das mulheres do PT.”
Segundo Nicácio, a previsão é que o Elas por Elas 2024 transcenda as 10 mil mulheres que foram atendidas na edição anterior: “A expectativa é atender entre 12 e 15 mil mulheres. Queremos chegar de 20% a 50% a mais do que tivemos na eleição de 2020. Nas próximas semanas, vamos divulgar os detalhes sobre as novas fases do projeto.”
Enfrentamento à Violência Política de Gênero
Um dos principais entraves que afastam as mulheres das disputas políticas é a prática da violência política de gênero. Muitas vezes, as candidatas conquistam o cargo, mas, mesmo assim, seguem sofrendo diversas violências que as fazem, em nome da segurança, desistir dos mandatos, ou até mesmo, sofrem sanções injustas, como é o caso da companheira Maria Tereza Capra (RS) que foi cassada após se posicionar contra bolsonaristas que fizeram saudação nazista.
Por isso, para combater a prática, a secretária nacional informou que há uma equipe de advogadas feministas preparadas para defender e orientar as futuras candidatas, que integrarem o Elas por Elas. “Nós vamos enfrentar o debate da Violência Política. Nós não vamos recuar um só passo em tudo o que temos conquistado agora. O PT conta com equipe de advogadas feministas e de luta que ajudam no enfrentamento da Violência Política de Gênero ajudando na orientação para que as candidatas possam fazer as disputas e tenham os direitos garantidos”, revelou Moura.
A ministra Cida conclamou a todas as mulheres do PT com mandato que usem a tribuna, seja nas câmaras municipais ou federal para falar e denunciar os casos relacionados à prática. “Se nós queremos eleger mais prefeitas, vices e vereadoras precisamos enfrentar esse movimento, precisamos dizer que vamos enfrentar, que não vão calar, nem nos matar, e nem nos silenciar”, defendeu.
Compromisso para defender a causa das mulheres
Ao encerrar, Moura assegurou para as presentes: “Tenham certeza que nós, o Conselho Político e o Coletivo de Mulheres vamos trabalhar incansavelmente para que a gente amplie o número de mulheres nas câmaras municipais de vereadores e vereadoras e também o número de prefeitas e vice-prefeitas porque nós somos a maioria da população e do eleitorado e nós queremos o nosso espaço nessa ocupação do poder.”
Da Redação Elas por Elas, com informação do Ministério das Mulheres, do Planalto e do Brasil de Fato