Proposta de Bolsonaro para IR empobrece o povo, diz economista

Segundo Pedro Rossi da Unicamp, projeto para criar alíquota única no Imposto de Renda aumentará desigualdade social, criando um “apartheid social”

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Candidato do PSL, Jair Bolsonaro

O economista Paulo Guedes, responsável pelo projeto econômico do candidato do PSL à Presidência, quer aumentar a alíquota do Imposto de Renda (IR) para os mais pobres e reduzir a porcentagem dos que ganham mais. O “posto Ipiranga”, apelido que o próprio presidenciável deu ao seu guru econômico, quer criar uma taxa única de 20% no IR para todas as pessoas físicas ou jurídicas.

Na prática, a proposta de Bolsonaro, se aprovada, fará com que um trabalhador que ganha R$ 1.500, um que ganha R$ 8 mil ou um empresário que fatura R$ 150 mil por mês paguem o mesmo Imposto de Renda. Paulo Guedes também quer eliminar a contribuição patronal para a Previdência, que tem alíquota de 20% e incide sobre a folha de pagamento do trabalhador.

Para Pedro Rossi, economista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a proposta de Bolsonaro criará um ‘apartheid social’, ao empobrecer as trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Em entrevista à Carta Capital, Rossi considera que o projeto de Bolsonaro é insustentável.

“Se isso acontecer no Brasil vai ser um escândalo. A carga tributária como um todo já é muito regressiva porque ela é baseada em impostos indiretos. O IR é um dos componentes mais progressivos da nossa carga tributária. Então eles querem transformar um componente neutro em regressivo. É um claro aceno da campanha de Bolsonaro aos mais ricos”, critica.

Aumento da desigualdade social

O diretor do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Cândido Grzybowski, concorda com a visão do economista da Unicamp. Segundo ele, a proposta do candidato do PSL prejudicará a população de baixa renda em benefício dos mais ricos.

“É totalmente injusto. Ela devia ser maior para quem ganha mais. A sociedade não tem o mesmo padrão de renda e está longe de estar próximo. Cobrar a mesma alíquota é penalizar os mais pobres. Como já ocorre com o ICMS, que o ricaço paga o mesmo imposto, na compra de um feijão, por exemplo, que o cara que ganha Bolsa Família”, disse em entrevista a Rede Brasil Atual.

Atualmente no Brasil, quem ganha até R$ 1.903,98 está isento do Imposto de Renda. Quem ganha de R$ 1.903,99 até R$ 2.826,65 paga 7,5% de IR. Para os brasileiros com salários de R$ 2.826,66 a R$ 3.751,05 a alíquota é de 15%. Já quem ganha de R$ 3.751,06 a R$ 4.664,68 o índice é de 22,5%. A partir deste valor, o IR é de 25,7%. Pela proposta de Bolsonaro todos passariam a ter uma cobrança de 20% de seus salários brutos, descontada mensalmente.

Segundo Rossi, a proposta de Bolsonaro aumentaria a desiguladade social no país, e contraria o princípio da progressividade do tributo. “O projeto do Paulo Guedes é o do Temer ao quadrado. Fundamentalista e neoliberal. Teria ou terá um efeito catastrófico em uma sociedade desigual como a nossa. Vamos tender para o apartheid social. É insustentável”, aponta Rossi.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Carta Capital e Rede Brasil Atual

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