PT cobra de Pazuello explicações por inércia no combate à pandemia
“O nosso povo passa fome. A pandemia é coisa séria, não é gripezinha”, critica Rogério Correia (PT-MG). “Este governo continua assistindo a isso de braços cruzados. O ministro da Saúde tem que vir ao plenário desta Casa explicar por que assiste passivamente a isso, desmoralizando inclusive as Forças Armadas brasileiras”. Ele é autor do requerimento, ao lado dos deputados Alexandre Padilha (PT-SP) e Jorge Solla (PT-BA). “Estamos nos aproximando dos 2 milhões de casos de coronavírus no Brasil e não temos um ministro da Saúde. Temos um general, quando deveríamos ter alguém que entendesse de medicina”, lamenta Lula
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Ministro interino da Saúde, o General Eduardo Pazuello foi convocado a apresentar explicações, no plenário da Câmara dos Deputados, sobre sobre a desastrosa condução da pasta no enfrentamento da pandemia do coronavírus. O requerimento foi apresentado pelos deputados petistas Rogério Correia (MG), Alexandre Padilha (SP) e Jorge Solla (BA). Nomeado interino por Jair Bolsonaro há dois meses, Pazuello não apresentou até agora qualquer plano de contenção da doença em coordenação com estados e municípios. O que se viu, desde sua indicação, foi uma explosão de casos e mortes em decorrência da Covid-19.
“Estamos nos aproximando dos 2 milhões de casos de coronavírus no Brasil e não temos um ministro da Saúde”, criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.“Temos um general, quando deveríamos ter alguém que entendesse de medicina”. O deputado Rogério Correia está preocupado com o agravamento da crise sanitária. “A convocação é necessária porque nos aproximamos de um genocídio. É genocídio mesmo!”, diz Correia.“O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, não exagerou”, diz. “Infelizmente, a política do governo Bolsonaro já levará 100 mil pessoas à morte daqui a pouco”.
Desde 15 de maio, quando Nelson Teich anunciou a demissão do cargo, o país saltou de um registro de 220 mil casos de coronavírus e 14,9 mil mortes para quase 2 milhões de infectados e mais de 75 mil óbitos. A população mais pobre, também vítima da confusão e da desinformação geradas pelo presidente da República, tem sido a mais atingida, sobretudo após a pandemia estabelecer um curso avassalador de interiorização pelo país.
“O nosso povo passa fome. A pandemia é coisa séria, não é gripezinha. Este governo continua assistindo a isso de braços cruzados”, aponta Correia. “O ministro da Saúde tem que vir ao plenário desta Casa explicar por que assiste passivamente a isso, desmoralizando inclusive as Forças Armadas brasileiras”.
O deputado Paulo Pimenta também aponta que o país está perdendo a guerra contra o Covid-19. “Não há como negar, a pandemia venceu”, atesta o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). “Os resultados são colhidos hoje pelas famílias mais pobres da sociedade brasileira. Como sempre. Seriam maiores e mais dramáticos sem o empenho e a abnegação dos profissionais da saúde e em especial dos que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS)”, observa.
Militarização
Desde que o Jair Bolsonaro optou pela militarização da pasta da Saúde, com a ocupação de pelo menos 28 cargos estratégicos por oficiais do Exército, em vez de impor método e controle, militares do primeiro escalão apostaram na produção de hidroxicloroquina como estratégia de resposta ao avanço da pandemia. O resultado, se não nulo, tem sido catastrófico.
Para o líder da minoria no Congresso, deputado Carlos Zaratinni (PT-SP), o desmonte do corpo técnico da pasta agravou a crise sanitária. “Hoje, o que acontece dentro do ministério é uma verdadeira balbúrdia. Os militares não entendem o que está acontecendo com a saúde pública do Brasil”, adverte. “Estão perdidos enquanto o país enfrenta a maior crise de saúde pública da história. O resultado dessa desordem são milhares de mortes pelo coronavírus. Precisamos de um Ministério da Saúde qualificado e preparado para enfrentar essa crise”.
Segundo Zaratinni, somando-se à militarização, a liberação do uso da hidroxicloroquina e a perseguição de técnicos na pasta foram as únicas ações executadas por Pazuello à frente do Ministério da Saúde. “Nós seguimos com a triste marca de segundo país do mundo com o maior número de contaminados e com o maior número de mortes pela Covid-19”, concluiu.
A responsabilidade da crise, no entanto, também recai diretamente no Executivo, na figura de Jair Bolsonaro, aponta Pimenta.“Na sua incessante fuga para a frente, que vai da afirmação inicial da ‘gripezinha’, ao negacionismo impenitente da realidade, à sabotagem aberta às recomendações da OMS seguidas pelos países civilizados, o governo Bolsonaro perpetrou uma sucessão de desvarios que resultaram na maior calamidade sanitária em 500 anos de história”, critica.
O deputado lamenta o envolvimento dos militares na crise. Para ele, segmentos das Forças Armadas viram em Bolsonaro “uma oportunidade de retornar ao poder e atar sua imagem à aventura de um governo que não se cansa de demonstrar por suas ações o descompromisso com as instituições democráticas, com a soberania nacional”. Para piorar, ressalta Pimenta, “durante os últimos meses, [o governo] agrega uma doentia insensibilidade e indiferença frente à tragédia vivida pelas famílias brasileiras alcançadas pela Covid-19”.
Da Redação, com PT na Câmara