Bancada conservadora apoia Aécio

Jair Bolsonaro (PP), pastor Everaldo (PSC), Marco Feliciano (PSC) e Lexy Fidelix (PRTB) integram a campanha pela eleição do tucano

Para Janaina Oliveira, a bancada fundamentalista luta contra todas pautas das minorias

Além dos candidatos conservadores do primeiro turno, como pastor Everaldo e Levy Fidélix, Aécio conta também com apoio dos deputados Jair Bolsonaro, Marco Feliciano.”O Aécio tem aquela imagem de moderninho, mas ele se aliou ao que há de pior e ninguém faz isso impunemente”, avalia o deputado e vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), da Câmara dos Deputados, Nilmário Miranda (PT-MG).

Miranda afirma que a vertente fundamentalista tem se fortalecido com o passar dos anos, o que levou o deputado e pastor Marco Feliciano à presidência da CDHM, em 2013. “De repente estava lá o mais anti direitos humanos. Quando isso aconteceu, o PSDB já havia cedido suas vagas para fundamentalistas de outros partidos, para que eles constituíssem uma maioria”, recorda Miranda.

Segundo ele, as políticas públicas criadas para atender a população LGBT podem ser prejudicadas, caso o peessedebista seja eleito.

Conquistas em risco – A coordenadora nacional do Setorial LGBT do PT, Janaina Oliveira, compartilha da mesma preocupação de Miranda.  “Eu tenho certeza que vai ocorrer retrocesso (se Aécio vencer). A bancada fundamentalista luta contra todas pautas das minorias e no sentido de impedir políticas públicas para o segmento LGBT, mulheres, juventude”, afirma.

Entre os anos de 2003 a 2014, foram concretizadas, no país, ações como o Programa Brasil sem Homofobia, realizadas conferências sobre o setor e criados o Conselho Nacional LGBT e a Coordenadoria LGBT de combate à homofobia, ligada à Secretaria de Direitos Humanos (SDH). “Antes do governo Lula e Dilma, o movimento LGBT só era atendido e pensado para a política de HIV/AIDS”, relembra Janaina Oliveira.

Futuro temido – A militante da causa LGBT em São Paulo, Paula Conrado (24) também está apreensiva com os rumos que o Brasil poderá tomar nos próximos quatro anos. Para ela, a expressiva bancada evangélica no Congresso Nacional poderá perseguir direitos conquistados pela população LGBT. “Os direitos podem, sim, ser perdidos com a justificativa de obter uma sociedade que se ajusta à moral e aos bons costumes”, afirma a analista contábil.

Ela votou em Luciana Genro (PSOL), no primeiro turno das eleições e, no segundo pleito, declara apoio à presidenta Dilma Rousseff. “Acredito que há uma possibilidade maior da população LGBT conquistar cada vez mais o seu espaço com esse governo”, declara.

Criada sob a doutrina da igreja evangélica desde a infância, a moradora de Santo André (SP), Letícia das Neves Batalha (24), decidiu se afastar da religião e fazer de sua missão ajudar outros LGBTs como ela, que é lésbica. “Luto, dia após dia, para mostrar aos outros e, principalmente, aos que se encontram oprimidos na Igreja, que ser LGBT é normal e natural e que Deus os ama, independente se a pessoa crê em Deus ou não”, afirma.

Ela também tem receio com a possibilidade de eleição de Aécio Neves, apoiado por conservadores. “Não podemos mais deixar que tudo o que conquistamos até aqui, seja apagado. Ainda existe muita violência. Meus pais morrem de preocupação a cada vez que eu saio de casa”, conta. .

Desafios – Mesmo com a possibilidade de reeleição da presidenta Dilma Rousseff, Janaina Oliveira acredita que os próximos quatro anos serão de trabalho árduo no âmbito legislativo para a defesa de pautas da causa LGBT. Pautas como a criminalização da homofobia, casamento igualitário e adoção homoafetiva terão um longo caminho para serem aprovadas.

“Hoje, a bancada fundamentalista não está mais no bojo da candidatura de Dilma, pois ela tem tratado com movimento socais e isso os desagradou. Mas a bancada eleita é mais conservadora desde 1964 e esses projetos passam pelo legislativo”, afirma.

De acordo com a coordenadora petista, será necessário consolidar apoio da base aliada para a causa, investir para que os estados e municípios assumam a responsabilidade de incluir socialmente a população LGBT e, no âmbito do Executivo, o debate com os políticos conservadores.

Por Victoria Almeida, da Agência PT de Notícias

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