Recessão visa reduzir valor do trabalho, diz líder bancária

Presidenta da Contraf-CUT e advogado da Fundação Perseu Abramo afirmam que o sindicalismo tem papel fundamental na moldagem da democracia brasileira

Elza Fiuza/Agência Brasil

A recessão econômica, no Brasil, é proposital para reduzir o valor do trabalho. Essa é a avaliação da presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. Ela participou da Rádio Lula, na última sexta-feira (29), e falou sobre o enfraquecimento dos sindicatos e o papel dos trabalhadores na luta pela democracia do país.

Nesta que foi a quinta edição do programa da rádio, Antonio Carlos Carvalho, advogado e consultor da Fundação Perseu Abramo (FPA), também esteve presente. Ambos explicaram como o sindicalismo tem um papel fundamental na moldagem da atual democracia brasileira. “A condição da democracia e a condição de trabalho têm relação fundamental. A gente não consegue ter uma democracia de verdade sem falar da democratização das relações de trabalho”, afirmou o advogado.

No bojo da reforma trabalhista promovida pelo governo Temer, também foi instituída uma nova fórmula de financiamento sindical. Se por um lado essa nova fórmula liberta parcialmente os sindicatos da dependência dos repasses estatais, por outro ela desestimula a sindicalização. “Se não tem mais o imposto sindical, que a gente nunca defendeu, a pessoa pode deixar de apoiar o sindicato e, mesmo assim, se beneficiar das negociações. A gente consegue as conquistas, mas sem contribuir para a luta. E isso é ser individualista. Há vários países que fazem as negociações só para os sócios, mas também não acho certo”, diz Juvandia.

O enfraquecimento dos sindicatos e das organizações de trabalhadores é uma meta de longa data de governos neoliberais. Para combater a retirada de direitos, Antonio Carlos lembra que a participação da classe trabalhadora é fundamental, mas sempre foi negada.

“A construção da democracia brasileira foi complicada por conta dos golpes que aconteceram na nossa história e os processos sem a participação do povo. A proclamação da República foi feita sem o povo, a Independência foi feita sem o povo. A presença da classe trabalhadora é fundamental para reduzir a distância de poder que existe entre os trabalhadores e empregadores, já que o trabalho toma conta da vida da pessoa”, disse o advogado.

Juvandia acredita que a mobilização está crescendo novamente, já que a população percebeu os efeitos nocivos do golpe e do governo Temer. “As pessoas sabem que a vida piorou. Em todas as capitais é possível ver a quantidade de pessoas morando na rua. Não existem direitos sem democracia, e os trabalhadores têm papel grande para reverter esses retrocessos”, finalizou.

Por CUT

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