Recife: servidores da Prefeitura são obrigados a fazer campanha para João Campos

Segundo revelou reportagem da ‘Folha’, servidores com cargos comissionados recebem, desde o primeiro turno, instruções pelo ‘WhatsApp’ para trabalhar para o candidato do PSB. “As convocações incluem bandeiraços, distribuição de panfletos em semáforos e comunidades e o uso de camisetas amarelas —cor da coligação do PSB”, relata o jornal. Nesta quinta-feira (26), a campanha de Marília Arraes (PT) entrou Justiça com uma ação por crime eleitoral que pode tornar João Campos inelegível

Reportagem da ‘Folha de S. Paulo’, publicada na quarta-feira (25), revela que funcionários da Prefeitura do Recife estão sofrendo pressão para fazer campanha para João Campos, candidato do PSB, apoiado pelo atual prefeito Geraldo Julio. Segundo a reportagem, servidores com cargos comissionados recebem, desde o primeiro turno, instruções pelo ‘WhatsApp’ para trabalhar em nome de Campos. A campanha de Marília reagiu e entrou com uma representação na Justiça por crime eleitoral. A ação poderá tornar João Campos inelegível, caso vença o pleito.

Na ação, é requerido que o candidato João Campos pare de coagir servidores e terceirizados a trabalhar na campanha ou obter quaisquer outras vantagens advindas do poder público como meio de angariar votos, bem como a cessação nas campanhas de todo e qualquer abuso de poder econômico e político.

“As convocações incluem bandeiraços, distribuição de panfletos em semáforos e comunidades e o uso de camisetas amarelas —cor da coligação do PSB”, relata a ‘Folha’. As ações são feitas de modo coordenado e divididas “de maneira sistêmica por secretarias e órgãos públicos municipais”. O jornal informa que teve acesso ao conteúdo de grupos de pelo menos quatro secretarias municipais e “confirmou a autenticidade das mensagens após entrevistar alguns dos funcionários que integram o que eles chamam de “time”.”

A reportagem detalha ainda que os grupos têm no máximo dez pessoas e contam com um líder, “geralmente o que tem maior poder hierárquico dentro do órgão municipal, que orienta os comandados”. Ainda segundo a Folha, “parte deles relata que, apesar de serem chamados de “voluntários”, são pressionados e constrangidos pelos chefes a cumprir a missão determinada”.

“Quando eu digo que eles têm a máquina, o dinheiro e o desespero pra se manter no poder tô falando disso aqui”, lamentou Marília Arraes, pelo Twitter, ao compartilhar a reportagem do jornal, nesta quinta-feira (26).

“Pessoal, amanhã preciso do grupo inteiro. Vamos sair do posto às 17h de ônibus, pontualmente, para alguma ação na nona zona (não tenho o destino final). Peço que usem amarelo, ok?”. Segundo o diário, a mensagem foi postada pelo WhatsApp por uma integrante do alto escalão da Secretaria de Turismo da Prefeitura.

Coação velada

“Um dos integrantes do grupo confirmou à Folha que existe uma coação velada para que todos os servidores estejam no local determinado após as convocatórias”, descreve o jornal. “Gente, nesse segundo turno, não iremos fazer sinal. Será apenas comunidade e com carga máxima. Aguardem novas orientações”, diz a mensagem postada pela mesma funcionária.

Por meio de nota, a Prefeitura negou que exista pressões ou influência sobre os servidores e afirmou que “mantém um posicionamento institucional diante de todo o processo eleitoral”. E que a conduta dos funcionários é regulamentada pela “Cartilha de Condutas Vedadas”, estabelecida por decreto municipal.

Pesquisa Ibope

Na quarta-feira (25), o Ibope divulgou o resultado da última pesquisa com as intenções de votos para Prefeito do recife. Pelos números, há uma situação de empate técnico: João Campos tem 43% e Marília Arraes, 41% das intenções de voto. Brancos/nulos somaram 15% e não sabe/não respondeu, 2%.

Causa certa estranheza a mudança abrupta na tendência de voto, uma vez que Marília tinha 45% e Campos, 39% na amostragem divulgada no dia 18.  Mas não completamente. O Ibope errou no final do  primeiro turno, quando afirmou que Campos estava 13 pontos na frente da petista, com 39% e 26% dos votos válidos, respectivamente. A diferença correspondia a mais de 100mil votos.

Abertas as urnas, Marília despontou com 27,90% dos votos, e João Campos, 29,13%. A diferença entre eles, no final das contas, foi inferior a 10 mil votos. O resultado cristalizou uma tendência, no eleitorado, de rejeição à administração do PSB, com o voto do eleitor pesando para candidaturas majoritariamente contra Geraldo Julio – e que carregam um sentimento de mudança, caso de Marília Arraes.  Nesta quinta, o Datafolha divulgará nova pesquisa sobre as intenções de voto na capital pernambucana.

Da Redação

 

 

 

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