Regina: Aprendemos que a deslealdade e a traição não têm perdão

A senadora afirmou que a elite conservadora não se sente capaz de jogar e ganhar em campo aberto, no tempo regulamentar

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A senadora Regina Sousa (PT-PI) demonstrou em sua fala no Senado como a presidenta Dilma Rousseff foi impedida de exercer, de fato, seu mandato. “Fizeram de tudo com o propósito de derrubar Dilma. Dizia-se da necessidade de um ajuste fiscal e, quando ele veio, dificultou-se a sua aprovação. Discursos sindicalistas na boca de escravocratas cheiravam mal. Diziam que era preciso combater a corrupção. A presidente enviou para o Congresso um pacote anticorrupção que sequer foi lido. O Orçamento de 2014 só foi aprovado em abril de 2015″, lembrou.

Regina apontou também o caráter seletivo de algumas investigações e as ilegalidades cometidas no decurso das operações: “Aproveitavam-se o quanto podiam da Operação Lava Jato para paralisar o país, com o devido apoio de setores do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal, dos empresários e, principalmente, de uma grande rede de TV, além de jornais e revistas conhecidamente golpistas”, disse.

“Os vazamentos seletivos eram direcionados a um único partido, o Partido dos Trabalhadores. Acabou-se o segredo de Justiça. Grampeou-se a vida pessoal de um ex-presidente, expondo-o em sua intimidade. Grampeou-se a presidenta da República. Mas ninguém quis saber da lista do HSBC, do listão da Odebrecht ou Panama Papers”, cobrou.

A senadora disse também que, embora muitos se constranjam com a palavra “golpe”, é disso que se trata o processo contra a presidenta: “ A história da humanidade está cheia de golpes travestidos de democráticos. Quem não ouviu, na ditadura, que ia se implantar a ditadura para se preservar a democracia?”.

Ela indicou uma conspiração para tirar Dilma do poder. “Setores políticos, jurídicos e midiáticos conspiraram em sincronia pelo impeachment da presidenta. E depois incitaram a classe média a ir às ruas bater panela sob a bandeira do combate à corrupção. A votação do impeachment na Câmara, resultado dessa conspiração, foi aquele espetáculo dantesco de que o Brasil e o mundo se envergonharam”.

Para a senadora, Dilma está sendo julgada por moralistas sem moral. “Pesquisando-se o passado de alguns, confirma-se o dito popular ‘macaco não olha o rabo’. Esse ‘golpe democrático’ não é pela moral, não é pela ética, não é contra a corrupção, nem pela boa prática de governança. Os atores desse golpe não afiançam esses motivos. É, sim, para a elite retomar o poder, sob a batuta do grande empresariado, simbolizado na Fiesp, dos banqueiros, do agronegócio e da mídia, para reimplantar seu projeto de exclusão social: o Brasil para poucos”.

“Logo, logo vai ficar claro quem vai pagar o pato: negros, indígenas, mulheres, população LGBT, religiões de matriz africana, política de cotas, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos. Aguardem. Não faz parte do programa dos que estão usurpando o poder subsidiar programa para os mais pobres. A elite conservadora desse país não se sente capaz de jogar e ganhar em campo aberto, no tempo regulamentar”, completou.

E, por fim, Regina ressaltou que a mobilização nas ruas não cessará e que a presidenta Dilma fará parte da luta. “Seremos, nos próximos 180 dias, oposição responsável, o que não significa oposição boazinha. É bom não nos subestimar. Estaremos aqui combatendo o bom combate e também em nosso front original, as ruas, para recolocar as coisas no seu lugar certo e original. E vamos recontar a história como, de fato, ela aconteceu. Se há algo que aprendemos é que a deslealdade e a traição não têm perdão. Dilma foi traída pelos que compartilharam o poder com ela. Dilma estará conosco nos dando força com seu coração valente”.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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