Resolução do PT em defesa da soberania nacional

O PT lutará contra todos os acordos assinados por Bolsonaro. Ele não é dono do Brasil para entregá-lo aos Estados Unidos como se voltássemos aos tempos de colônia

A defesa da soberania nacional sempre foi um dos pilares da atuação do Partido dos Trabalhadores. É uma responsabilidade que assumimos, não como ideia abstrata, mas como política ativa que reflete diretamente sobre o cotidiano do povo brasileiro e determina o futuro do país.

Atuamos por uma nova ordem internacional, baseada no multilateralismo e na defesa da paz. Adotamos uma política externa altiva e ativa, criamos uma política de Defesa Continental, atuamos pela integração entre os países da América Latina e Caribe, construímos novas relações coma África, com o Oriente Médio e participamos da criação dos Brics.

Atuando de maneira soberana, nossos governos fortaleceram a agricultura, a indústria e o setor de serviços, ampliando a presença brasileira nos mercados internacionais. Criamos tecnologia para explorar o pré-sal. Nos libertamos das imposições do FMI e atuamos com firmeza nos fóruns globais sobre economia, comércio, direitos humanos e meio-ambiente. Criamos nossa política de Defesa, ao mesmo tempo em que atuamos pela paz.

Essa atitude foi essencial para o crescimento da economia, a criação de 20 milhões de empregos e a elevação da renda, o que tirou 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza e elevou o padrão de vida de mais de 40 milhões de pessoas. Foi de cabeça erguida, defendendo nosso território, nossos direitos e interesses, que o Brasil passou a ser respeitado no mundo como nunca antes.

O golpe do impeachment de 2016 teve como objetivo reverter essas conquistas, começando pela entrega do pré-sal e o desmonte da Petrobrás, que teve consequências nefastas como o aumento dos preços dos combustíveis, especialmente do gás de cozinha, que tornou-se inacessível para os mais pobres.

Essa política antinacional foi aprofundada pelo governo Jair Bolsonaro, que humilhou o povo brasileiro esta semana em sua passagem pelos Estados Unidos, país ao qual presta subserviência canina, chegando a bater continência à bandeira dos EUA, como todos se recordam.

A começar pela dispensa da exigência de vistos para entrada de cidadãos estadunidenses e de outros três países, sem a necessária reciprocidade para cidadãos brasileiros, os acordos assinados por Jair Bolsonaro com o governo dos Estados Unidos entregam interesses estratégicos do Brasil em troca de nada.

Bolsonaro abriu expressiva quota de importações de trigo dos Estados Unidos, prejudicando os produtores brasileiros. Abriu as portas do Brasil para compra de suínos daquele país, o que, além da competição desleal com os brasileiro, importa o risco sanitário que pode comprometer nosso rebanho.

Abriu mão dos direitos que duramente conquistamos na Organização Mundial do Comércio, ao mesmo tempo em que implorou apoio à entrada do Brasil na OCDE, onde não teremos a menor chance de construir acordos equilibrados, além de voltarmos a submeter nossas políticas econômicas a imposições externas.

Também implorou pela entrada do país na OTAN, que teria como única consequência a abertura de nosso território para a instalação de bases militares estrangeiras. E desde já entregou aos Estados Unidos a base de Alcântara, abrindo mão de uma das mais cobiçadas posições geográficas para lançamento de satélites em todo o mundo.

Bolsonaro submete o Brasil aos interesses econômicos e políticos do governo de Donald Trump. Alia-se a ele no projeto de guerra na Venezuela e na irresponsável transferência da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém. Comporta-se passivamente diante de negociações comerciais dos Estados Unidos com terceiros países que prejudicam gravemente a economia brasileira. Transforma parceiros em inimigos.

O PARTIDO DOS TRABALHADORES lutará no Congresso, no Judiciário e nas ruas contra todos os acordos assinados por Bolsonaro que prejudicam nosso país, entregam nossas riquezas e comprometem a paz. Bolsonaro não é dono do Brasil para entregá-lo aos Estados Unidos como se voltássemos aos tempos de colônia.

Defender a soberania nacional é defender o povo brasileiro.

Brasília, 23 de março de 2019

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