Secretário de Juventude de Temer é acusado de assédio e agressão

Bruno Moreira Santos, do PMDB, foi acusado de ameaçar sua ex-mulher com uma faca e assediar uma subordinada; nomeação mostra descaso com a pasta

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Filho do deputado estadual Cabo Júlio (PMDB-MG) e presidente da Juventude Nacional do PMDB, Bruno Moreira Santos foi nomeado pelo presidente golpista, Michel Temer, para chefiar a Secretaria Nacional de Juventude mesmo tendo duas acusações por agressão e assédio contra mulheres.

Conforme publicou a coluna “Expresso” da revista “Época”, Moreira Santos tem 24 anos, vai receber R$ 13.974,20 pelo cargo e responde a acusação de agressão, ameaça e assédio sexual por duas mulheres. As acusações foram registradas em Boletins de Ocorrência de Belo Horizonte (MG).

Sua ex-companheira, Vitoria Abreu Alves da Costa registrou na acusação que foi agredida por Moreira Santos com “socos, tapas, chutes e puxões de cabelo, além de ameaçá-la com uma faca”. Ele nega as acusações. Segundo Vitoria, as agressões resultam do término do relacionamento entre os dois, que não foi aceito por Moreira Santos.

Inicialmente, ele disse que não conhecia Vitoria, mas mudou a versão confrontado com o documento, passando a dizer que a acusação resulta da obtenção da guarda da filha na Justiça.

No segundo Boletim de Ocorrência registrado contra Moreira Santos, datado de 2015, ele é acusado de assédio sexual por uma mulher que era sua subordinada em uma agência do governo de Minas Gerais.

De acordo com o relato, o secretário de Temer lhe fazia “insistentes propostas de relacionamento, elogiando-a acintosamente, convidando-a para lhe acompanhar em viagens, além de usar termos mais ousados, sempre manifestando o interesse em manter algo mais íntimo com a solicitante”. Depois das recusas, a mulher contou à polícia que passou a ser ameaçada de demissão e que tem trocas de mensagens de celular guardadas como prova.

Juventude em risco

Os casos envolvendo Bruno Moreira Santos revelam, no fundo, uma despreocupação do governo golpista com a importância das políticas para a juventude, especificamente, e com as políticas sociais de maneira geral.

A avaliação é de Jefferson Lima, secretário de Juventude do Partido dos Trabalhadores e do governo da presidenta eleita, Dilma Rousseff. Para ele, as acusações contra o secretário golpista são graves, mas não é o caso de personalizar o debate, pois o governo ilegítimo está eivado de medidas contra a pauta construída pela juventude no governo Dilma.

“O que o governo golpista oferece é um total descompromisso com as pautas das mulheres, LGBTT, juventude negra, entre outras”, afirmou à Agência PT. “A indicação do formato é de uma secretaria que não vai servir para nada para a juventude. É burocrática e montada para atender aos interesses partidários, já que o secretário é filho do deputado Júlio Lopes”, avalia.

De acordo com Jefferson Lima, havia uma série de políticas fundamentais que demoraram anos para serem construídas e que vão sucumbir com Temer. “Um secretário de juventude que defende redução maioridade penal, uma pauta totalmente equivocada, defende o encarceramento da juventude”, diz. “O impacto maior é sobre os negros e os mais pobres do país.”

Lima relembra que a criação da secretaria “foi uma luta muito grande” da juventude, para que a secretaria cumprisse um papel de representar os movimentos ligados aos jovens em suas diversas frentes de atuação. “A secretaria articulou as três conferências de juventude, formando por ampla representação. Com a juventude do campo, religiosa, LGBTT, negra”, afirma.

Entre as ações de maior relevo, Lima enumera o Estatuto da Juventude, com os debates sobre meia entrada e transporte interestadual, e o Plano Juventude Viva, que aborda o extermínio da juventude negra brasilera. Ambas ações não terão espaço com os golpistas no governo.

Segundo ele, isso fica mais evidente com a recordação de que o ministro golpista da Justiça, Alexandre de Moraes, era o secretário estadual de Segurança de São Paulo quando ocupações de estudantes contra o fechamento de escolas públicas foram duramente reprimidas.

Foto: Lula Marques/ Agência PT

Foto: Lula Marques/ Agência PT

“Vão vir tempos negativos, de desmonte das políticas públicas de juventude”, avalia Lima. “A previsão de verbas do pré-sal para a Saúde e a Educação foi uma luta muito grande da juventude. E esse governo é a favor da CPI da UNE”, completa.

A reação começou tão logo o governo golpista se instalou. O Conselho Nacional de Juventude divulgou nota dizendo não reconhecer a legitimidade de Temer. Para Lima, outras rações virão, com intensidade, criatividade e engajamento. “Podemos esperar escrachos e denúncias do desmonte das políticas sociais, além de resistência ao golpe”, avalia Lima.

Por Camilo Toscano, da Agência PT de Notícias

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