Sensação de insegurança aumenta entre os fluminenses após operação com 121 mortos

Levantamento da Genial/Quaest mostra que 52% dos entrevistados acreditam que o Rio ficou menos seguro depois da ação policial nas comunidades da Penha e do Alemão

(Tomaz Silva/Agência Brasil)

Entre as mulheres, o sentimento de insegurança é ainda mais forte, com 60% delas acreditando que o Estado está menos seguro depois da operação

A megaoperação policial realizada no dia 28 de outubro contra o Comando Vermelho (CV), nas comunidades da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, não trouxe a sensação de segurança aos moradores. De acordo com pesquisa da Genial/Quaest, 52% dos 1,5 mil entrevistados em todo o Estado afirmam que o Rio ficou menos seguro após a ação, que deixou 121 mortos, a operação mais letal da história recente fluminense. Para 35%, a cidade está mais segura, e o restante não soube responder.

Entre as mulheres, o sentimento de insegurança é ainda mais forte, com 60% delas acreditando que o Estado está menos seguro depois da operação.

Entre os homens, a percepção se divide: 45% veem o Rio como mais seguro, enquanto 44% dizem o contrário. O aumento da sensação de vulnerabilidade atinge todas as faixas etárias, níveis de renda e escolaridade.

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Divisões políticas e regionais

A pesquisa mostra que a percepção de insegurança também se reflete nas posições políticas. Entre eleitores identificados com a esquerda, 82% dos lulistas e 87% dos não lulistas dizem que o Estado está menos seguro.

Entre os eleitores de direita, o quadro se inverte, com 64% dos bolsonaristas acreditando que o Rio ficou mais seguro, enquanto 62% dos que se dizem não bolsonaristas compartilham dessa visão.

Regionalmente, o sentimento de insegurança é maior no Norte/Noroeste e na Região dos Lagos (58%), seguido pelo Sul Fluminense e pela Serra (55%) e pela capital (53%).

Na Baixada Fluminense, o índice cai para 48%, sendo o único território onde a percepção negativa não ultrapassa a metade dos entrevistados.

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Medo e percepção de “guerra”

O levantamento revela ainda que 87% dos entrevistados veem o Rio de Janeiro como um Estado em situação de guerra.

Apenas 13% discordam dessa avaliação. Entre os que vivem em outras partes do Brasil, essa percepção extrema é menos comum. Pelo menos 51% dos fluminenses afirmam não reconhecer esse cenário em outros Estados.

Além disso, 74% dos entrevistados dizem temer uma reação do tráfico à megaoperação, sendo que entre as mulheres o número sobe para 81%.

A maioria dos fluminenses questiona a capacidade do governo estadual de enfrentar o crime organizado sozinho, com 62% considerando que o Rio não tem estrutura suficiente para combater as facções.

Para 31% dos entrevistados, a Força Nacional de Segurança, vinculada ao governo federal, seria a mais preparada para atuar nesse tipo de operação, índice semelhante ao atribuído às forças estaduais (30%) e ao Exército (28%).

Apesar da sensação de insegurança, 64% dos entrevistados aprovam a megaoperação, um índice que sobe para 79% entre os homens, e 58% a classificam como um sucesso. A maioria (73%) também defende que ações semelhantes sejam realizadas em outras comunidades. No entanto, metade dos entrevistados afirma que, diante de uma pessoa armada com fuzil, a polícia deve prender sem atirar, enquanto 37% concordam que os agentes devem atirar de imediato.

Contra a política de armas

A pesquisa da Quaest também revela que os brasileiros estão conscientes em relação a liberação indiscriminada de armas. 72% são contra a facilitação na venda e no acesso a armas de fogo. 24% são a favor, e 4% não souberam responder.

95% concordam com a criação do escritório contra o crime organizado, que foi anunciado na semana passada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewadowski, em parceria com o governo estadual do Rio.

A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre os dias 30 e 31 de outubro de 2025, com 1.500 moradores do Estado do Rio de Janeiro com 16 anos ou mais. As entrevistas foram presenciais, com margem de erro de três pontos percentuais e nível de confiança de 95%.

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Da Redação, com informações do UOL

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