Setor de máquinas pede R$2,5 bi a Bolsonaro, mas só recebe R$500 mi
É o segundo golpe contra o agronegócio que teve recursos do BNDES esgotados este ano; pequenos produtores são os mais prejudicados
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O setor de máquinas agrícolas pediu ao governo de Jair Bolsonaro (PSL) o valor de R$2,5 bilhões em créditos adicionais, mas só vai receber R$500 milhões, de acordo com um anúncio feito pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina. O pedido ocorre após os recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o setor terem sido praticamente esgotados este ano.
As informações foram divulgadas pela Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (29) durante cobertura da Agrishow, maior feira do setor de máquinas do país. De acordo com o jornal, a ministra alegou que, depois de muitos cálculos, decidiu liberar R$500 milhões para o Moderfrota – programa do BNDES que sofreu cortes bilionários no dia 15 de abril.
Duas semanas antes da feira, o banco suspendeu pedidos de financiamento para o Moderfrota e para o Inovagro, os dois principais programas de financiamento do setor. De acordo com informações divulgadas à época pelo Estadão, o investimento necessário seria de R$14 bilhões, mas só R$9 bilhões haviam sido liberados. Isso significa que os R$500 milhões não resolvem o problema do setor.
Os números desmente a declaração da ministra da Agricultura, Tereza Cristina que, durante o evento, afirmou que a falta de dinheiro seria uma boa notícia: “Tanto investiu que o dinheiro acabou antes do que se previa”, declarou. Mas não é verdade que os recursos foram gastos rapidamente, eles simplesmente foram cortados.
Com isso, os mais prejudicados são os pequenos produtores rurais que, diferentemente dos grandes, têm dificuldade em conseguir empréstimo com os bancos privados e não conseguem se modernizar sem o suporte do BNDES.
A Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow), teve início nesta segunda-feira (29), em Ribeirão Preto, São Paulo, e ocorre até sexta-feira (03).
Fala de Bolsonaro na Agrishow derruba ações do BB
Eleito com o apoio do agronegócio, Bolsonaro não consegue apresentar alternativas concretas para o financiamento e tentou intervir na política do Banco do Brasil. Em sua fala na Agrishow, ele pediu que a instituição reduzisse os juros para o setor agrícola – ainda de acordo com informações da Folha.
O pedido foi visto com preocupação pelo mercado financeiro e as ações da estatal caíram nesta segunda-feira (29). Com o impacto negativo, ele voltou atrás e o porta-voz de seu governo, general Otávio Rêgo, declarou que não há intenção de intervir no Banco do Brasil.
Bolsonaro quer que fazendeiros tenham licença para matar
A irresponsabilidade do atual governo não para no âmbito econômico. Ainda durante o evento, Jair afirmou que vai enviar à Câmara dos Deputados um projeto para isentar de punição os proprietários rurais que atirarem em invasores de suas áreas.
Bolsonaro, que usava colete balístico durante a feira, também afirmou que quer liberar o porte de armas em todos o perímetro das propriedades rurais.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações da Folha de S. Paulo e do Estadão