Superintendente da Saúde no Rio é exonerado por suspeita de corrupção
Nomeado por Pazuello, George Divério é responsável por contrato irregular para reforma na sede do ministério no Rio. Sócios de empresa já se envolveram em contratos fraudulentos com as Forças Armadas
Publicado em
Em plena pandemia, com o estado do Rio de Janeiro sofrendo pela escassez de vacinas e medicamentos para tratar pacientes com Covid-19, a Superintendência do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro decidiu, no final do ano passado, que era hora de fazer uma reforma completa na sede do órgão na capital fluminense. A medida por si só já seria questionável, uma vez que as obras custariam aos cofres públicos cerca de R$ 28,8 milhões. Mas há mais: as contratações assinadas pelo superintendente George Divério foram feitas sem licitação, confirme revelou o Jornal Nacional na semana passada. Nesta quarta-feira (26), Divério, militar da reserva, foi exonerado do cargo.
Divério foi nomeado para o cargo pelo ex-ministro Eduardo Pazuello em junho de 2020. De acordo com a imprensa, as contratações foram assinadas pelo militar em novembro, em um espaço de apenas dois dias. As empresas contratadas foram a SP Serviços e Lled Soluções. A primeira ficaria com a reforma completa da sede da pasta pelo custo de R$ 18,9 milhões. Já a segunda tocaria as obras de restruturação de um galpão, localizado na Zona Norte da cidade, para armazenar arquivos. O custo foi estimado em R$ 9 milhões.
Mas a história não para aí. A Lled Soluções foi criada após a antiga empresa dos sócios ter se envolvido em esquemas de corrupção em contratos com as Forças Armadas. De acordo com o G1, Fábio de Resende Tonassi e Celso Fernandes de Mattos eram os donos da CEFA-3, empresa que fornecia material de informática para a Aeronáutica, em 2007.
Uma investigação revelou que os produtos nunca foram entregues. A fraude causou um prejuízo de R$ 2 milhões. Apesar de a CEFA-3 não poder mais firmar contratos com o governo, os sócios não foram punidos e decidiram abrir uma nova empresa. A Lled Soluções já fechou contratos com o governo Bolsonaro no valor de R$ 4 milhões.
Após o escândalo vir à tona, a Advocacia Geral da União (AGU) vetou as reformas e os contratos foram cancelados. Mesmo assim, o Ministério da Saúde optou por não investigar os fortes indícios de corrupção entre a empresa e servidores da pasta nas duas obras.
A história, contudo, promete render. O senador e vice presidente da CPI da Covid, Ranfolfe Rodrigues (Rede-AP), pediu quebra de sigilo telemático, telefônico, bancário e fiscal de Pazuello. Rodrigues quer acesso à comunicação entre Pazuello e Divério.
Da Redação, com G1