Suspeitos do 8 de Janeiro: George Washington, Alan Diego, Wellington e a bomba

Discurso golpista de Jair Bolsonaro estimulou o surgimento de terroristas, como os que planejaram um atentado a bomba contra o aeroporto de Brasília

Redes Sociais/Site do PT

George Washington foi condenado pela tentativa de explodir uma bomba no aeroporto de Brasília uma semana antes da posse do presidente Lula

De todos os eventos golpistas realizados por bolsonaristas entre as eleições de 2022 e o tenebroso 8 de janeiro (veja linha do tempo), talvez o mais assustador tenha sido a tentativa de explodir um caminhão de combustível no aeroporto de Brasília em plena véspera de Natal. 

Por trás desse atentado estavam George Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego dos Santos Rodrigues, já condenados, respectivamente, a nove anos e quatro meses e a cinco anos e quatro meses de prisão em regime fechado.

Além dos dois, o blogueiro Wellington Macedo, ex-assessor do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos durante a gestão de Damares Alves, é acusado de participar do crime. Ele, no entanto, encontra-se foragido (leia aqui sobre as relações de Damares Alves com golpistas).

Frutos terroristas do bolsonarismo

O atentado frustrado comprova que as narrativas golpistas alimentadas por Jair Bolsonaro e seus cúmplices (leia sobre isso aqui) produziram uma massa de brasileiros dispostos a atentar contra a democracia fazendo uso até mesmo de ações terroristas.

Com registro de CAC (caçador, atirador e colecionador), George Washington mudou-se do Pará para Brasília em novembro de 2022, para se juntar às pessoas que pediam intervenção militar e estavam acampadas em frente ao Quartel General do Exército. 

Na capital federal, alugou um apartamento onde, ao prendê-lo, a polícia encontrou explosivos iguais aos usados na fabricação da bomba, duas espingardas, um fuzil, dois revólveres, três pistolas, centenas de munições e uniformes camuflados.

Ao ser preso, George Washington confessou que montou a bomba usando parte dos explosivos que já possuía e um detonador que lhe foi fornecido por um frequentador do acampamento. Contou ainda que uma mulher, que também frequentava as imediações do QG, sugeriu a ele detonar explosivos para “dar início ao caos que levaria à decretação do estado de sítio”. 

O paraense seguiu o conselho, aceitou os detonadores e montou a bomba, que foi colocada em um caminhão-tanque próximo ao aeroporto de Brasília por Alan Diego, taxista de Mato Grosso que também acabou convencido pelo discurso extremista espalhado nas redes sociais pelos bolsonaristas. Segundo a polícia, Alan foi levado até as proximidades do aeroporto pelo blogueiro Wellington Macedo.

Por sorte, o motorista do caminhão percebeu a bomba, acionou a polícia e evitou o que poderia ser o maior atentado terrorista da história do país, uma vez que o caminhão transportava 63 mil litros de querosene de aviação e o aeroporto de Brasília estava muito movimento por ser véspera de Natal.

Na próxima quinta-feira (22), a CPMI do Golpe deve obter mais informações sobre esse crime, já que convocou George Washington para depor. Os deputados e senadores também ouvirão o perito da Polícia Civil do DF Valdir Pires Dantas Filho, que atuou na investigação da tentativa de explosão.

Pistas sobre financiadores

A prisão de George Washington pode ainda ajudar a identificar as origens dos financiadores do golpe. Afinal, o paraense tem conexões com empresários do campo, conforme apontou o relatório As origens agrárias do terror (acesse aqui) elaborado pelo observatório De Olho nos Ruralistas.

O documento chama a atenção para o fato de George ter listado dois contatos para quem desejava ligar após ser preso. Um, afirma o De Olho nos Ruralistas, é o fazendeiro Bento Carlos Liebl, cuja família é dona de 30 mil hectares em São Félix do Xingu (PA), área vizinha da Terra Indígena Apyterewa, a mais desmatada do Brasil entre 2019 e 2022. 

O outro é o empresário bolsonarista Ricardo Pereira da Cunha, figura conhecida na direita paraense e destinatário de uma chave PIX usada para recolher doações para financiar atos antidemocráticos. Pistas a serem seguidas pela CPMI.

Da Redação

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