Temer é intolerante à diversidade de opinião, afirma Cruvinel

Em audiência pública, a primeira presidenta da EBC fez coro com movimentos de comunicação em repúdio aos ataques do golpista Temer à TV Brasil

Foto: Lula Marques/AgênciaPT

As ameaças que o governo golpista de Michel Temer tem feito à Empresa Brasil de Comunicação (EBC) expressam sua intolerância com a diversidade de opinião, afirmou a primeira presidenta da EBC, Tereza Cruvinel, durante Audiência Pública sobre a Empresa na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (21).

“Temer não gosta da TV Brasil não é porque custa muito não. O governo gasta muito mais com publicidade nas mídias privadas. O que esse governo não suporta na TV Brasil é que ela veicula mais de uma opinião, e esse governo parece gostar de pensamento único”, ressaltou.

Para ela, o ataque à EBC é um ataque à diversidade de expressão, e, por decorrência, é uma restrição à liberdade de expressão.

Convocada conjuntamente pelas comissões de Cultura, de Legislação Participativa e de Direitos Humanos, a audiência teve o intuito de debater e desmistificar “alguns equívocos que estão sendo vendidos para a opinião pública sobre o papel e a importância da EBC e que não são verdadeiros”, explicou o deputado federal Chico D’Angelo (PT-RJ), que presidiu a sessão.

“Os países democráticos avançados do mundo todo têm empresas públicas de comunicação, democráticas, independentes, autônomas, e esse governo interino e ilegítimo está querendo extinguir a EBC. Isso é um atraso, um retrocesso muito grande que o governo interino e ilegítimo esta querendo impor à sociedade brasileira”, completou.

Entidades como o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), o Intervozes, a Frente em defesa da EBC e da Comunicação Pública, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, a Federação dos Radialistas e a Federação Nacional dos Jornalistas (FNAJ) também participaram da Audiência.

O argumento da suposta baixa audiência da TV Brasil, usado pelos golpistas para justificar o seu fechamento, foi rebatida pelo atual diretor-presidente da EBC, Ricardo Melo, presente à Audiência Pública.

Segundo Melo, fechar uma TV pela baixa audiência é “reduz a questão da comunicação pública a uma questão de mercado mais rasteira possível”. Ele questiona as reais motivações de Temer para extinguir a TV Brasil.

“Qual a audiência da NBR? Por que o governo fala em fechar a TV Brasil, mas não fala em fechar a NBR? Então a questão não é simplesmente de audiência, até porque a nossa audiência é muito maior do que aquela medida pelo Ibope”, argumentou.

Foto: Lula Marques/Agência PT

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Ricardo Melo afirmou que, caso a baixa medição no Ibope seja motivo para fechar uma televisão, “a TV Globo estaria fechada, porque já deu 70% de audiência e hoje atinge 20%”.

“A Folha de S. Paulo, na década de 90, vendia 1,5 milhão de exemplares. Agora vende 300 mil exemplares”, frisou.

A presidenta do Conselho Curador da EBC, Rita Freire, destacou a importância de fazer a defesa da comunicação pública e afirmou que o governo ilegítimo de Temer tem uma “visão indevida sobre o que seja comunicação pública”.

“É direito fundamental da sociedade brasileira ter acesso à comunicação. Hoje nós temos um sistema de comunicação privado bastante fortalecido, privilegiado inclusive, em matéria de financiamento, recursos e estrutura. Nós temos mídias que são do Estado para serviços das instituições do Estado, mas a sociedade precisa da sua mídia, da sua voz. Alias, não apenas uma mídia, todo um sistema e a EBC é um sistema de comunicação que se conecta com todo o sistema de comunicação pública no Brasil”, afirmou.

Freire lembrou que a EBC dá voz e espaço à diversidade da sociedade brasileira. “Isso requer um exercício constante de abrir canais para sua cultura, sua forma de expressar, sua criatividade, suas produções regionais. É preciso uma mídia que esteja atenta a isso”.

Tereza Cruvinel lembrou, ainda, que a lei que criou a EBC foi democraticamente votada no Congresso Nacional, “com participação de toda sociedade”. Para ela, os golpistas não entendem o que significa uma comunicação pública.

“A TV Brasil é pública, por isso o governo não pode controlá-la. E é isso que incomoda também o governo Temer, ele não está tendo poder de fazer dela um instrumento de sua vontade, porque até agora o Supremo não deixou”, enfatizou.

Foto: Lula Marques/Agência PT

Foto: Lula Marques/Agência PT

O diretor-presidente da EBC também falou na Lei de criação da Empresa Brasil de Comunicação, e lembrou que o próprio Temer, que hoje desrespeita essa lei, votou pela sua aprovação no Congresso.

“A comunicação pública está escrita na Constituição. Não é uma invenção nem nenhum puxadinho de base aérea para arrecadar fundos para esse ou aquele candidato. A Lei da EBC foi fruto de seguidas audiências públicas, de discussões com vários setores da sociedade, foi discutida no Congresso durante várias sessões, foi aprovada no Senado, inclusive pelo presidente em exercício Michel Temer,que hoje quer fechar a TV Brasil”, disse.

Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias

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