Unindo forças para superar desafios globais

A confiança no multilateralismo está sob tensão; e, no entanto, nunca houve tanta necessidade de diálogo e cooperação global, alertam os presidentes Lula, Cyril Ramaphosa e Pedro Sánchez, em artigo

Ricardo Stuckert

Obras do Parque da Cidade, que irá abrigar a COP30, em Belém (PA)

O ano de 2025 será decisivo para o multilateralismo. Os desafios que se apresentam diante de nós —desigualdades crescentes, mudanças climáticas e déficit de financiamento para o desenvolvimento sustentável— são urgentes e estão interconectados. É preciso tomar ações coordenadas e corajosas para abordá-los — e não recuar ao isolamento, a ações unilaterais ou a rupturas.

Três grandes encontros oferecerão uma oportunidade única de estabelecer um caminho em direção a um mundo mais justo, inclusivo e sustentável: a 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento (FfD4), em Sevilha (Espanha); a 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), em Belém (Brasil); e a Cúpula do G20, em Joanesburgo (África do Sul). Essas reuniões não podem ser apenas mais do mesmo. Precisam entregar progressos reais.

Um momento multilateral que não podemos desperdiçar A confiança no multilateralismo está sob tensão; e, no entanto, nunca houve tanta necessidade de diálogo e cooperação global. É preciso reafirmar que o multilateralismo, quando se reveste de ambição e se orienta à ação, continua sendo o veículo mais efetivo para abordar desafios compartilhados e avançar em áreas de interesse comum. Precisamos consolidar os sucessos do multilateralismo, especialmente a Agenda 2030 e o Acordo de Paris. G20, COP30 e FfD4 devem servir como marcos de um compromisso renovado com a inclusão, o desenvolvimento sustentável e a prosperidade compartilhada. Isso exigirá forte vontade política, plena participação de todos os atores relevantes, mentalidade criativa e a habilidade de compreender os condicionantes e as prioridades de todas as economias.

Abordar a desigualdade por meio de uma arquitetura financeira renovada — As desigualdades de renda vêm aumentando — tanto no âmbito interno das nações como entre elas. Muitos países em desenvolvimento sofrem com o peso insustentável de dívidas, espaços limitados de ação fiscal e barreiras que dificultam o acesso justo ao capital. Serviços básicos, como saúde e educação, têm de competir com taxas de juros crescentes. Trata-se não apenas de uma falha moral, mas de um risco econômico para todos. A arquitetura financeira global precisa ser reformada a fim de dar mais voz e representatividade aos países do Sul Global, assim como acesso mais justo e previsível a recursos.

É preciso avançar nas iniciativas de alívio da dívida, promover mecanismos de financiamento inovadores e identificar e abordar as causas do alto custo do capital para a maioria dos países em desenvolvimento. O G20, sob a presidência da África do Sul, prioriza essas três áreas. Ao mesmo tempo, a reunião do FfD4, em Sevilha, será um momento decisivo para assegurar compromissos em direção a uma cooperação financeira internacional mais robusta para o desenvolvimento sustentável, incluindo o aprimoramento da taxação da riqueza global e externalidades negativas, a melhoria das estratégias de mobilização de recursos domésticos e a canalização mais impactante e efetiva dos Direitos Especiais de Saque.

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