Violência não é política de segurança, afirma Leonel Radde ao Café PT

Deputado gaúcho critica massacre no Rio de Janeiro e destaca ações do governo Lula no combate ao crime organizado e na valorização da vida

Reprodução/TvPT

“Operação com mais de cem mortos nunca pode ser considerada um sucesso", frisa o parlamentar

O deputado estadual Leonel Radde (PT-RS) foi o entrevistado do Café PT desta sexta-feira (31), em edição marcada pela denúncia da letalidade e das violações de direitos humanos na operação policial comandada pelo governo Cláudio Castro no Rio de Janeiro. A ação, considerada a mais violenta da história do país, já deixou pelo menos 121 mortos, incluindo quatro policiais, e provocou forte repercussão nacional e internacional.

“Como policial, eu sou da tese de que qualquer operação que tenha policiais mortos não foi um sucesso”, afirmou Radde.

Para o parlamentar, a ação foi politizada, despropositada e sem estratégia de longo prazo. Segundo ele, houve um impacto social, psicológico e econômico brutal, crianças sem aula, comércios fechados e uma população inteira em pânico.

Radde também ressaltou que a operação “não prendeu o principal líder da facção”, e que “muitos dos mortos eram moradores inocentes, trabalhadores executados a sangue frio apenas por viverem na periferia”.

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“Não existe pena de morte no Brasil: isso é barbárie”

Durante a entrevista, Radde reagiu com indignação à declaração do governador Cláudio Castro, que afirmou que as únicas vítimas da operação foram os quatro policiais mortos. “Ele faz campanha em cima do sangue de policiais que tombaram cumprindo o dever”, criticou.

O parlamentar lembrou que o Brasil é um Estado democrático de direito e que execuções sumárias violam frontalmente a Constituição. “Países que têm pena de morte aplicam após julgamento. Aqui, o policial prende, denuncia, julga e executa em milésimos de segundos. Isso é barbárie. É a quebra do devido processo legal”, afirmou.

Para Radde, o discurso que naturaliza a morte nas periferias é racista e seletivo. “Esses mesmos que defendem todas as garantias legais para suas lideranças políticas são os que acham que o povo preto e pobre pode ser executado sem julgamento”, declarou.

“O governo Lula atua com inteligência e integração”

Radde destacou que, ao contrário da política de confronto adotada no Rio, o governo Lula tem promovido ações estruturais e integradas de segurança pública, com foco em resultados duradouros.

Ele citou a PEC da Segurança Pública, em tramitação no Congresso, que propõe maior coordenação entre União, estados e municípios, e a atuação da Receita Federal sob o ministro Fernando Haddad no combate à lavagem de dinheiro. “A criação de uma delegacia especializada para rastrear e desmonetizar o crime organizado é um exemplo de política efetiva”, disse.

O parlamentar também defendeu o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) como instrumento essencial para unificar procedimentos e promover integração nacional.

“O SUSP e a PEC são pilares de uma política pública planejada, com foco em inteligência, investigação e desarticulação financeira das facções, não em execuções sumárias”, afirmou.

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“Segurança é também saúde, educação e presença do Estado”

Ex-policial civil, Radde lembrou que combater o crime organizado exige presença permanente do Estado nas comunidades, e não apenas incursões policiais. Ele citou o fracasso das antigas UPPs por não terem sido acompanhadas por políticas de saúde, educação e infraestrutura.

“Se o Estado entra só com arma e colete, mas não leva escola, saneamento e cultura, o tráfico continua. O combate precisa incluir redução de danos e tratar o tema das drogas como questão de saúde pública”, defendeu.

“Segurança pública de verdade é proteger vidas, garantir direitos e enfrentar o crime com inteligência, não com carnificina.”

Da Redação

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