Zeca Dirceu: Um show de futebol e democracia

O Brasil é o palco de um grande espetáculo de confraternização mundial através do esporte. Lembro como se fosse hoje da grande festa nacional, ainda na época do governo Lula,…

Foto: Arquivo Pessoal

O Brasil é o palco de um grande espetáculo de confraternização mundial através do esporte. Lembro como se fosse hoje da grande festa nacional, ainda na época do governo Lula, quando o país foi escolhido para ser sede da Copa de 2014. Como já era de se esperar de um país que teve um gigantesco avanço em desenvolvimento social, não demorou para que as opiniões se dividissem entre quem é contra ou a favor desse grande evento.

Poderia discorrer aqui sobre os diversos benefícios que a Copa irá trazer para o Brasil, não só em infraestrutura — que depois continuará sendo utilizada pelos cidadãos, mas também gerando emprego e renda para muita gente. Porém, neste momento, venho falar da oportunidade de diálogo que se instaurou na sociedade, da abertura para debate de ideias e do espaço para o clamor popular que vem das ruas.

Depois das manifestações que aconteceram no ano passado, todos os representantes políticos perceberam que realmente existe uma grande falha na comunicação direta com a população. O risco de a informação não chegar ao cidadão é a formação de opiniões superficiais sem aprofundamento, que ainda assim podem virar grandes bolas de neve de bandeiras genéricas sem objetivo específico e resolução mensurável.

A era digital apresenta desafios de interação e as instituições públicas precisam acompanhar esse desenvolvimento para que consigam transmitir corretamente sua força de atuação. Os agentes públicos que não derem satisfação de seu trabalho e de suas ações, ampla e publicamente, também podem ser considerados fora do ideal de transparência que atualmente o eleitor exige.

As pessoas querem participar, fiscalizar, opinar, contribuir com sua própria experiência em programas que sejam mais justos e beneficiem a todos. E é nesse cenário que ocorrerá também mais um processo eleitoral neste ano, com início de campanha logo após o término da Copa.

Esta campanha terá, em minha opinião, características muito específicas. Mesmo que, infelizmente, não tenhamos conseguido aprovar a reforma política para este ano, acredito que a população reprovará nas urnas aqueles candidatos que aparecerem com campanhas milionárias, de visual ostensivo e sem resultados efetivos de trabalho comprovado.

A proibição do investimento privado no processo eleitoral é a nossa maior arma no combate à corrupção no país e, justamente por isso, tem uma enorme resistência entre os políticos mais tradicionais para ser aprovada. Escolher candidatos com campanhas de investimento moderado e equilibrado será o primeiro passo para dizer não àqueles que esbanjam fortunas no processo eleitoral e, depois de eleitos, dão as costas para o povo e suas reivindicações.

O Brasil das oportunidades para todos não aceita mais a velha forma de fazer política. O que o eleitor espera dos seus candidatos à representação, seja qual for a esfera de poder, são pessoas comprometidas com o dia a dia das comunidades, representantes que participem da vida dos bairros, dos municípios, do seu estado e, acima de tudo, apresentem soluções efetivas para os problemas enfrentados.

O que espero para os próximos meses é que os brasileiros possam dar um verdadeiro show, seja com nosso futebol-arte, com a nossa alegria de comemoração, com a força de discussão de amplos temas de características coletivas, respeitando as diferenças de opinião; e, principalmente, que o nosso povo dê uma aula de reflexão democrática, sabendo escolher seus líderes políticos pelo seu verdadeiro potencial de transformação social.

Vai, Brasil!

 

Zeca Dirceu é deputado federal pelo PT-PR

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