2º turno: Monitoramento aponta violência de gênero contra as mulheres candidatas

Estudo realizado pela Revista AzMina e InternetLab revela o machismo e espírito antidemocrático dos homens na política

Redação, Elas Por Elas

Ao longo do segundo turno das eleições 2020, a Revista AzMina e a InternetLab realizaram um monitoramento de todas as candidatas mulheres que permaneceram na disputa eleitoral. O estudo também monitorou os 23 candidatos opositores. Apenas em três dias (15 a 18/11) dos quase 350 mil tuítes que citavam os monitorados, mais de 30% eram direcionados às candidatas. Manuela D’Ávila (PCdoB) lidera a lista da candidata mais ofendida nas redes.

“Além de toda a máquina antidemocrática utilizada pela direita como as fake news, a desinformação e o discurso de ódio, as candidatas ainda sofreram ataques diretos dos próprios opositores — sem relação alguma com as propostas para a cidade, apenas o machismo em sua forma mais sórdida de desqualificação”, apontou Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT.

O estudo separou 2390 tuítes com termos ofensivos que tinham uma ou mais curtidas ou retweets. Destes 17,3% eram ofensas diretas às mulheres candidatas. No ranking das candidatas mais ofendidas, as mulheres com pautas progressistas nas capitais despontaram como Manuela D´Ávila (PCdoB) e Marília Arraes (PT). Dentre as palavras mais usadas para desqualificar a legitimidade da disputa eleitoral feminina foram “comunistinha”, “safada/vagabunda”, “despreparada”, “lixo” e “abortista”.

No dia 20 de novembro, o Partido dos Trabalhadores acionou formalmente o presidente do TSE, Luís Alberto Barroso, e o Procurador Geral Eleitoral, Augusto Aras, acerca dos graves fatos que atingiram as candidatas mulheres em 2020, antes, durante e depois do período eleitoral. O documento exige providências relacionadas a casos de violência política contra candidatas mulheres de diversos partidos, não apenas do PT. A medida visa reduzir a desumana violência psíquica e física que as candidatas têm sofrido durante o processo eleitoral e escapar à reprodução de concepções convencionais do ‘feminino’, que vinculam as mulheres à esfera privada e/ou dão sentido à sua atuação na esfera pública a partir do seu papel convencional na vida doméstica.

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