300 dias da prisão de Lula e uma certeza: ele é um preso político
Para Sérgio Moro, Carolina Lebbos e a turma da Lava-jato, ex-presidente precisa ficar invisível e incomunicável
Publicado em
Nesta quinta-feira (31), Lula completa 300 dias de prisão em um processo que já entrou para a história pela falta de provas e pela obsessão de Sérgio Moro — que é importante lembrar, virou ministro no governo de Bolsonaro.
Às vésperas desta triste efeméride, a hashtag #Lulapresopolítico está entre os assuntos mais comentados nas redes sociais do Brasil enquanto o ex-presidente vive o capítulo mais doloroso desta história até o momento: a impossibilidade do adeus ao seu irmão Vavá, que faleceu em decorrência de um câncer nesta terça-feira (29).
A prisão de Lula é política e elencamos abaixo nove motivos para esta constatação e continuamos com a pergunta que não se cala: Cadê a prova?
Órgãos internacionais
A OEA (Organização dos Estados Americanos) declarou, em agosto de 2018, que vê Lula como um perseguido político. O Comitê de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) atestou na mesma época que o ex-presidente precisava manter seus direitos políticos, como o acesso a membros do Partido dos Trabalhadores e à imprensa e também a chance de concorrer às eleições. Não é preciso dizer que tudo isso foi negado.
Campanha
A impugnação da candidatura de Lula é uma das provas mais evidentes do plano de Sérgio Moro — que foi alçado ao posto de ministro da Justiça no governo Bolsonaro — em deixar Lula fora da concorrência. O ex-presidente estava em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de votos e sua volta ao cargo mais importante do Executivo estava prestes a acontecer. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se acovardou e a impugnação assumiu caráter político.
Proibição das visitas, incluindo de Haddad
Dentre as arbitrariedades e decisões absurdas da Justiça foi a proibição de visitas ao ex-presidente, incluindo a de Fernando Haddad, amigo e advogado do ex-presidente.
Aparições na campanha
A coisa piorou ainda mais com a proibição de gravações com Lula para a campanha. O ex-presidente não podia mais falar com o candidato, não podia gravar um vídeo novo sobre a situação e não podia falar ao povo brasileiro.
Imprensa
Outro fator determinante para o isolamento de Lula é a proibição de entrevistas e contato com jornalistas. Em determinada ocasião, Fernando Morais e Mino Carta, amigos pessoais do ex-presidente, foram proibidos de visitá-lo, porque eram comunicadores.
Para Sérgio Moro e sua turma, é importante que Lula se cale e se afaste.
Amigos
Outras pessoas também ficaram proibidas de ter contato com o ex-presidente. Um caso marcante foi o do teólogo, escritor e professor Leonardo Boff, que junto com o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel (que encabeça a campanha de indicação de Lula ao prêmio) foi proibido de visitar o amigo. A cena de Boff, na época com 79 anos, rodou o mundo e registrou o descaso com sua trajetória.
Neste cenário é importante ressaltar que Lula recebeu em Curitiba muito mais chefes de Estado e personagens notórios do que Michel Temer e Bolsonaro no Planalto.
Religiosos
O acesso à Lula tem sido tão restrito que a visita de religiosos de vários credos e inclinações, feita tradicionalmente às segundas-feiras e uma garantia da Lei de Execução penal, foi proibida. Ou seja, estão proibindo Lula de falar com Haddad, seu advogado, com a imprensa, com amigos e até de receber auxílio religioso.
Médico
Em um dado momento, a visita de seu médico particular foi negada. Em abril do ano passado, Lula não teve acesso a nenhuma avaliação médica de rotina, como habitualmente vinha fazendo por conta de problemas de diabetes e hipertensão.
Velório do irmão
E quando acreditávamos que não seria mais possível que a (in)justiça brasileira fosse tão desumana com Lula, chegamos ao capítulo mais triste desta história: a morte de seu irmão mais velho Genival Inácio da Silva, o Vavá, que em decorrência de um câncer faleceu nesta terça-feira (29).
A defesa de Lula entrou com um pedido de habeas corpus para que ele fosse solto temporariamente e pudesse se despedir do irmão. Num jogo de cartas marcadas, o Ministério Público Federal, a juíza Carolina Lebbos e a Polícia Federal atrasaram a soltura do ex-presidente até que Dias Toffoli o liberasse quando o caixão de seu irmão, literalmente, estava sendo preparado para o enterro.
Da Redação da Agência PT de notícias