72,2 mil brasileiros morreram por Covid-19 sem acesso a UTI

Número representa quase 1/4 das quase 280 mil mortes em decorrência da pandemia, informa a Fiocruz. Com tratamento, mortes teriam sido evitadas

Site do do PT

Pelo menos 72,2 mil brasileiros que estavam internados morreram por Covid-19 sem atendimento em um leito de UTI. O número, que reflete o colapso generalizado do sistema de saúde, representa cerca de 1/4 do assombroso exército de vítimas fatais em decorrência da doença, atualmente em 278.327 óbitos. Os dados constam do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) e integram uma pesquisa da Fiocruz feita para a Folha de S. Paulo. No domingo (14), o país bateu recorde na média móvel de mortes pelo 16º dia, chegando a 1.832 falecimentos por dia. Comparada à média de duas semanas atrás, a variação é mais de 50%.

O Brasil também ultrapassou 53 dias seguidos com a média móvel de mortes acima da marca de mil, 17 dias acima de 1,1 mil, e  15 dias acima de 1,2 mil óbitos. No Rio Grande do Sul, sete em cada 10 pacientes internados em um leito de UTI estão com Covid-19. No Paraná, a ocupação de leitos ultrapassa os 98%.

“A situação é dramática no Paraná, relatou a presidenta Nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann, pelo Twitter. “Carros funerários fazem fila para retirar corpos de vítimas de Covid em hospitais de Foz do Iguaçu e Ponta Grossa. Se o governo Ratinho Jr. agisse com responsabilidade teria evitado muitas mortes. Ele repete no Paraná a política genocida de Bolsonaro”, denunciou Gleisi.

O levantamento da Fiocruz aponta que muitas mortes poderiam ser evitadas caso os pacientes tivessem recebido atendimento adequado. “Sabemos que o aumento da mortalidade está relacionado com a severidade da doença mas também com falta de assistência. Casos graves, bem assistidos, podem ser curados”, explica a médica epidemiologista e especialista sênior da Vital Strategies, Fátima Marinho, em entrevista à Folha.

Infelizmente, especialistas avaliam que os números irão aumentar ainda mais em função do esgotamento da oferta de leitos de UTI em todo o país. Segundo dados do diário, pelo menos 1.538 doentes esperam por uma vaga em um leito em 12 estados e o Distrito Federal. Santa Catarina, Goiás e DF são os que estão em situação mais crítica.

E o problema não se resume a abertura de leitos. Faltam profissionais. “Abrir leitos não exige somente o espaço físico e o respirador. Leva anos para se formar um enfermeiro especializado e um médico intensivista. Esses profissionais se esgotaram no mercado, não tem como comprar, importar”, aponta o médico infectologista e professor associado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Fernando Bellissimo Rodrigues.

Bolsonaro é denunciado na ONU

Em meio ao caos no país, governadores lutam para viabilizar a aquisição de vacinas enquanto Bolsonaro mantém o Ministério da Saúde paralisado, como parte de sua estratégia de sabotagem ao combate à pandemia. Sua política genocida o levou a ser novamente denunciado, desta vez, no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra.

A ação contra Bolsonaro foi protocolada nesta segunda-feira (15) pela Comissão Arns e pela organização não governamental Conectas. As entidades pedem a responsabilização do governo Bolsonaro pela situação “devastadora” pela qual passa o país.

“Ele [Bolsonaro] desdenha das recomendações dos cientistas; ele tem, repetidamente, semeado descrédito em todas as medidas de proteção, como o uso de máscaras e distanciamento social; promoveu o uso de drogas ineficazes; paralisou a capacidade de coordenação da autoridade federal de Saúde; descartou a importância das vacinas; riu dos temores e lágrimas das famílias e disse aos brasileiros para parar de ‘frescura e mimimi’”, aponta o documento.

“É por isso que estamos aqui, hoje, para chamar a atenção deste Conselho e apontar a responsabilidade do presidente Bolsonaro em promover, por palavras e atos, uma devastadora tragédia humanitária, social e econômica no Brasil”, dizem a Comissão Arns e a Conectas.

Da Redação, com informações de Folha e Valor

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