Povo nas ruas derruba Reforma da Previdência de Temer

Em Dia Nacional de Luta, base do governo golpista na Câmara e no Senado já admitiu que a votação da reforma da Previdência está suspensa

Roberto Parizotti/CUT

Trabalhadores vão às ruas de todo país contra a reforma da Previdência

Esta segunda-feira (19) foi um importante dia de luta e vitória para a classe trabalhadora do Brasil. Após meses de resistência nas ruas, culminando com uma Jornada Nacional de paralisações e atos contra a reforma da Previdência, o governo golpista assumiu a derrota e afirmou que a votação está suspensa no Congresso.

Ao longo de todo o dia, milhares de pessoas se manifestaram em quase todos os estados brasileiros, com barricadas nas estradas, paralisações e manifestações de rua.

Na Avenida Paulista, em São Paulo, lideranças das principais centrais sindicais comemoraram com o povo a derrota da proposta que na prática iria destruir a aposentadoria da classe trabalhadora. O ato reuniu cerca de 10 mil pessoas, com gritos de “Fora, Temer!”, e “Se Votar, Não Volta”, em referência aos deputados que, caso fossem favoráveis à reforma, não seriam reeleitos.

Vagner Freitas fala em ato na Av. Paulista no 19 de fevereiro

“Hoje nós derrotamos o Moro, o Temer e a Globo, que achavam que neste momento estariam entregando a joia da coroa que é a Previdência”, afirmou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, em fala para a população. “E só não entregaram por um motivo, por vocês que estão aqui, contra o golpe”, acrescentou.

Freitas ainda criticou a intervenção no Rio de Janeiro, dizendo que “Temer tentou fazer uma cortina de fumaça para tentar reverter a baixa popularidade. Nós sabemos que o que eles querem é colocar o soldado armado para matar o povo negro, o povo pobre. É só mais uma iniciativa do governo contra a democracia”.

“Fiquem atentos aos próximos passos do golpismo. As forças armadas não são treinadas para fazer segurança pública. Eles são apenas treinados para vigiar as fronteiras”, alertou o sindicalista.

O presidente da Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, aproveitou para lembrar que o governo golpista impõe uma “agenda liberal que depõe contra os interesses da nação. Ela coloca o país numa situação muito preocupante e numa agenda de interesses apenas para o capital estrangeiro. São 21 meses de desmonte do estado nacional”.

A estudante Nathiele

A estudante Nathiele, 17 anos, que trabalha fazendo tranças para ajudar a família, disse se sentir revoltada com a proposta de reforma. “O que me trouxe aqui foi a revolta contra essa Reforma da Previdência, que não vai ajudar em nada. A gente que é estudante, trabalhador, só vai ser prejudicado, porque na verdade não é reforma, é uma desforma da Previdência”.

Ela ainda disse que tem medo de nunca se aposentar. “Vou trabalhar 49 anos para me aposentar e a gente sabe que não vive tanto tempo de vida com as condições que temos no nosso país. É justo a gente se manifestar contra isso”.

Ferramenteiro Paulo Souza

O ferramenteiro aposentado Paulo Souza também compareceu em solidariedade aos jovens que teriam sua aposentadoria comprometida com a reforma. “Para você ter ideia, eu pagava o teto e hoje recebo 20% do que cheguei a ganhar. Com essa maldita deforma, porque não chamo de reforma, fatalmente, se alguém eventualmente conseguir se aposentar, será com um salário mínimo, é um absurdo”.

Conforme já haviam avaliado os parlamentares do PT, o usurpador Michel Temer não conseguiu levantar o número necessário de votos para aprovar a reforma, rejeitada maciçamente pela população, e acabou apelando para a intervenção militar no Rio de Janeiro como manobra política, pois fica impedida a votação de qualquer alteração na Constituição.

O próprio ministro golpista da Secretaria de Governo, Carlos Marun, admitiu que o governo não conseguiu os votos necessários, conforme noticiou o jornal “O Globo”. Ele ainda afirmou que “a tramitação da reforma está suspensa em função da decretação da intervenção”.

Atos pelo Brasil

As manifestações organizadas por movimentos sociais, sindicatos e diversos representantes da sociedade civil ocorreram em praticamente todos os estados do país no Dia Nacional de Luta contra a Reforma da Previdência.

Insatisfeitos com o governo golpista de Temer, que coloca a aposentadoria de trabalhadores e trabalhadoras em risco, milhares de pessoas foram as ruas e praticamente pararam o Brasil.

Em São Paulo, cerca de 20 mil pessoas seguiram da Avenida Paulista até o Centro em grande ato conjunto que teve discursos fortes contra a Reforma da Previdência e também contra a intervenção militar imposta pelo governo golpista no estado do Rio de Janeiro, que também teve registro de paralisações na capital e em cidades como Nova Friburgo.

Na região Norte e Nordeste, manifestações organizadas pelo CTB, MTST e MST bloquearam diversas rodovias. Na Bahia, representantes da CUT realizaram “trancaço” em diversas rodovias do estado. Também houve grupos que realizaram atos em frente as unidades do INSS.

Na cidade de Delmiro Gouveia, no Alagoas, centenas de manifestantes ocuparam por horas o prédio da Previdência. Também houve registros em Belém, no Pará, e em cidades da Paraíba e do Piauí.

No Sul do país também houve registros em cidades dos três estados da região.  Em Curitiba, por exemplo, um grande ato parou o centro da cidade. Também houve manifestações em Maringá e na cidade de Arapongas.

Em Florianópolis, manifestantes saíram as ruas e também fizeram vigília em frente a loja Havan, que deve aos cofres públicos brasileiros mais de R$ 180 milhões em sonegação.  Em Porto Alegre, mobilizações do MST ocuparam as ruas do centro desde o início do dia.

Na capital federal, manifestantes ocuparam o Aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek  para mandar recado aos parlamentares que passavam pelo local de que, se votar a Reforma da Previdência, não voltarão a ocupar seus cargos.

Tramitação interrompida no Congresso

O presidente do Congresso Nacional, Eunício Oliveira (MDB-CE), determinou nesta segunda-feira (19) a suspensão da tramitação de todas as propostas de emenda à Constituição (PEC) enquanto vigorar o decreto de intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, previsto até dezembro.

A suspensão atinge mais de 190 propostas em andamento na Casa, entre elas a reforma da Previdência, que só pode ser feita por meio de uma PEC.

Sobre a afirmação feita pelo ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB-SP) de que se conseguisse o numero de votos necessários para aprovar a PEC (308) suspenderia a intervenção só para aprovar a reforma da Previdência, o próprio Eunício descartou essa possibilidade.

Segundo Oliveira, o Congresso não vai sustar o decreto para que a Câmara e o Senado votem a reforma da Previdência. A decisão de Eunício joga por terra as pretensões do Palácio do Planalto de votar a reforma ainda em fevereiro.

Após participar da reunião dos Conselhos de Defesa Nacional e da República, no Palácio da Alvorada, o presidente do Congresso declarou que obedecerá a legislação que impede os parlamentares de aprovarem emendas constitucionais, inclusive a da reforma da Previdência. Ele sinalizou ainda que, politicamente, não seria possível revogar o decreto e assinar outro em seguida a fim de beneficiar a aprovação de qualquer matéria no Congresso.

Da redação da Agência PT de  notícias, com informações da CUT

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