Número de “desocupados” não para de crescer no país de Guedes

Desemprego atinge 14,8 milhões de pessoas no primeiro trimestre e IBGE registra a maior taxa e o maior contingente de desocupados e subutilizados da série histórica

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Bolsonaro e Guedes promovem o desemprego no país

Enquanto o ministro-banqueiro Paulo Guedes insiste em dizer que a “recuperação da economia brasileira vai surpreender”, como fez semana passada, na 22ª CEO Conference Brasil, do Banco BTG Pactual, a realidade o desmente a cada índice revelado. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta quinta (27), por exemplo, aponta uma taxa de desocupação de 14,7% no primeiro trimestre deste ano.

A alta foi de 0,8 ponto percentual na comparação com o último trimestre de 2020 (13,9%). Isso corresponde a mais 880 mil pessoas desocupadas, totalizando 14,8 milhões em busca de emprego no país. É a maior taxa e o maior contingente de desocupados de todos os trimestres da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012.

Evolução do desemprego pós-golpe. Fonte: IBGE

No primeiro trimestre de 2012, a medição começou com o desemprego em 7,9%, ainda sob os efeitos da crise econômica global de 2008. No segundo trimestre de 2016, quando a presidenta Dilma Rousseff foi afastada, havia chegado a 11,2%. Agora, bate recorde sobre recorde.

“Já são 14,8 milhões de brasileiros sem emprego, reflexo da política econômica desastrosa de Guedes, que prioriza o desmonte do Estado e não o trabalho”, acusou a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, em seu perfil no Twitter. “Desse jeito o país não vai se recuperar, a economia não vai crescer. É a força produtiva, o trabalhador que faz o dinheiro circular”, concluiu a deputada federal pelo PT do Paraná.

De fato, o contingente de pessoas subutilizadas – desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial – cresceu 3,7%, com mais 1,2 milhão de pessoas, e chegou a 33,2 milhões, o maior da série comparável. Já os desalentados, que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado, somaram 6 milhões de pessoas, também o maior patamar da série.

A redução de postos também atingiu os empregados do setor privado sem carteira assinada (9,7 milhões) – recuo de 2,9%, com menos 294 mil pessoas. Entre os empregados do setor público sem carteira (1,9 milhão), houve queda de 17,1%, ou menos 395 mil. O único aumento na ocupação ocorreu entre trabalhadores por conta própria (23,8 milhões), que cresceram 2,4% – acréscimo de 565 mil postos de trabalho.

Foi registrado ainda o menor número de empregadores com CNPJ (3,0 milhões) da série histórica iniciada no quarto trimestre de 2015, quando começou a ser pesquisada a diferenciação de profissionais com e sem CNPJ.

Desocupação atinge mais da metade da população em idade de trabalhar

“Essa redução do nível de ocupação está sendo influenciada pela retração da ocupação ao longo do ano passado, quando muitas pessoas perderam trabalho. Em um ano, na comparação com o primeiro trimestre de 2020, a população ocupada reduziu em 6,6 milhões de pessoas”, explica a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.

Segundo Adriana, os impactos da pandemia só ficaram visíveis no mercado de trabalho no final de março daquele ano. Ela observa que o contingente de ocupados (85,7 milhões) ficou estatisticamente estável em comparação com o último trimestre de 2020. Mas o nível de ocupação (48,4%) caiu 0,5 ponto percentual.

Desde o trimestre encerrado em maio do ano passado, o nível de ocupação está abaixo de 50%. Isso indica que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país.

A pesquisadora observou ainda que o contingente de ocupados também não teve variações significativas em todos os grupamentos de atividades no primeiro trimestre deste ano, frente ao último trimestre do ano anterior. Mas quando comparado ao primeiro trimestre de 2020, houve redução em sete grupos.

Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (menos 1,6 milhão de pessoas), alojamento e alimentação (menos 1,4 milhão de pessoas), serviços domésticos (menos 1,0 milhão de pessoas), outros serviços (menos 917 mil pessoas), indústria geral (menos 914 mil pessoas), transporte, armazenagem e correio (menos 542 mil pessoas) e construção (menos 361 mil pessoas). Todos foram atingidos. A ocupação cresceu somente na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (ou mais 329 mil pessoas).

“Essa redução na maioria dos grupamentos de atividades reflete o cenário da pandemia. De modo geral, a maior parte das atividades econômicas tem menos ocupados do que há um ano”, conclui a analista.

Da Redação

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