Descaso na Saúde: Governo Bolsonaro descartou 1 milhão de canetas de insulina
Reportagem da Folha de S. Paulo denuncia que a perda de validade do produto usado por diabéticos causou um prejuízo de R$ 15 milhões aos cofres públicos
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O governo de Jair Bolsonaro descartou 999,7 mil canetas de insulina de ação rápida, segundo reportagem publicada nesta segunda-feira (20) pelo jornal Folha de S. Paulo.
As canetas de insulina, usadas por pacientes diabéticos e avaliadas em quase R$ 15 milhões, perderam a validade de setembro de 2020 a junho de 2021, cujos lotes faziam parte de uma compra total de 4 milhões de tubetes realizada em 2018 pelo Ministério da Saúde.
Ainda de acordo com o jornal, entre 900 mil a 1,4 milhão de canetas de insulina análoga e de ação rápida podem ir para o lixo devido aos trâmites burocráticos que dificultam o acesso de pacientes ao medicamento fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Para receber as doses de insulina análoga de ação rápida, o paciente precisava ser atendido por um endocrinologista. Esse médico teria de preencher um extenso relatório que às vezes pode chegar a até seis folhas. Associações médicas e de pacientes chegaram a alertar o Ministério da Saúde, antes do fim da validade, que havia excesso de burocracia para ter acesso ao produto, afirma a matéria publicada.
Estoques perdidos
Durante o governo Bolsonaro, o Ministério da Saúde também incinerou outros tipos de insulina, além de bomba de infusão e agulhas usadas na caneta. Essas perdas, porém, foram em quantidades menores, avaliadas em R$ 13 mil. Apenas a incineração das canetas de insulina vencidas custou R$ 64 mil.
Segundo a Folha, os dados sobre o estoque perdido da Saúde, que deixaram de ser sigilosos, ainda mostram que foram descartados 39 milhões de imunizantes contra a Covid-19, avaliados em R$ 2 bilhões. Outras vacinas também foram destruídas pela perda de validade, que totalizaram 7,4 milhões de frascos provocando um prejuízo de R$ 128 milhões.
Também foram descartadas pelo menos 12 tipos de terapias de alto custo para doenças raras, que somaram R$ 13 milhões em prejuízos para os cofres públicos, além de remédios para pessoas vivendo com HIV/Aids, entre outros produtos.
O total do prejuízo com relação aos produtos perdidos soma R$ 2,2 bilhões.
Em nota, a atual gestão da Saúde disse que o cenário de perda de vacinas, medicamentos e outros insumos ” reflete o descaso do governo anterior, que negou à equipe de transição informações sobre estoques e validade desses produtos.”
O MS afirmou também que “trabalha para adequar estoques e melhorar a distribuição dos produtos” e que há também “a busca de uma solução pactuada com os conselhos de secretários estaduais e municipais de saúde com o objetivo de evitar novos desperdícios”.
Da Redação, com jornal Folha de S. Paulo