Lula, 100 dias: é hora de baixar os juros para desenvolver o país e gerar renda

Desde a posse, Lula enfrenta o último entrave bolsonarista ao crescimento do país: o BC de Campos Neto, porta-voz do capital financeiro. “Ninguém consegue tomar dinheiro emprestado a um juro real de 8%”, diz Lula

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Passados 100 dias de governo, Lula deu o recado e o povo entendeu: é preciso baixar os juros

Como previsto, os primeiros 100 dias de governo Lula traduziram o sentido da frase que marcou a posse do petista na Presidência: “o Brasil está de volta”. Com a restauração da democracia, o resgate de programas sociais vitais e a expansão de novas políticas públicas, Lula iniciou sem demora o processo de reconstrução do país, abrindo novamente espaço para o florescimento da nossa soberania, mesmo diante dos enormes desafios geopolíticos que se impõem sobre o Brasil.

O caminho de prosperidade aberto por Lula, que inclui um ambicioso plano de reindustrialização em novas bases tecnológicas de economia verde esbarra, no entanto, em um último entrave bolsonarista: os juros de 13,75% praticados pelo Banco Central de Roberto Campos Neto.

Nestes 100 dias, ao recolocar o país no trilho do desenvolvimento, Lula passou a fazer importantes alertas à sociedade sobre a sabotagem do BC à nossa economia, uma espécie de alavanca do atraso econômico.

Deu certo. Em fevereiro, quando o presidente já denunciava há semanas os efeitos da taxa do BC sobre investimentos, o crédito e o consumo das famílias, o instituto de pesquisa Quaest detectou que 76% dos brasileiros consideravam que Lula tinha razão ao criticar a taxa Selic.

As advertências do presidente sobre a política contrária aos interesses do povo brasileiro, um ato deliberado de Campos Neto em nome da agenda do mercado financeiro, elevaram esse índice para 80% na semana passada, segundo o Datafolha.

Lula inicia debate popular

“Só quem concorda com os juros altos é o sistema financeiro, que ganha muito dinheiro”, argumentou o presidente, no final do mês passado, em entrevista ao 247. “As pessoas sérias que trabalham, os empresários que investem sabem que não está correto. Ninguém consegue tomar dinheiro emprestado a 13,75%, a um juro real de 8% se você descontar a inflação”, apontou.

A crítica de Lula encontrou eco rapidamente no meio acadêmico. “Lula popularizou o tema da taxas de juros e explicou ao Brasil como este é um assunto político”, definiu o economista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), André Roncaglia, em entrevista à TV Fórum, em fevereiro.

“As taxas de juros estão inviabilizando até as grandes empresas do Brasil”, lamentou Roncaglia.

“Lula está certo”

De lá para cá, outros economistas, das mais diversas formações, passaram a fazer coro aos protestos de Lula, com argumentos mais do que convincentes: com as maiores taxas reais do mundo, acima de 8%, os juros inflados de Campos Neto sufocam o crédito a empresas e famílias. Enterram o consumo, afugentam investidores e agravam o desemprego.

Mas, pior do que isso, é o efeito nulo que a Selic tem sobre a inflação já que, atualmente, o índice não é caracterizado como de demanda. Além do mais, a atual meta de inflação perseguida pelo BC, de 3%,  está longe de ser atingida, o que exigiria uma flexibilização dessa meta para impulsionar o crescimento econômico.

“Metas de inflação – que na Europa [e nos EUA] é de 2%, e 3% [no Brasil] – são tiradas do nada. Elas não têm base alguma na teoria econômica ou na experiência econômica”, afirmou o Nobel de economia, Joseph Stiglitz, à BBC, em fevereiro.

“Há um custo enorme em ter taxas de juros altas. Isso coloca o Brasil em desvantagem competitiva, estrangula as empresas brasileiras, enfraquece a economia do país”, alertou o renomado economista. “Então o presidente Lula está absolutamente correto em estar preocupado com essas questões”, finalizou Stiglitz.

Decisão é política

Com o cavalgar das semanas, a discussão iniciada por Lula varreu o noticiário e terminou por jogar nas cordas o presidente do Banco Central. Campos Neto passou a recorrer ao diversionismo para explicar o instrumento de sustentação dos lucros do capital financeiro, negando, sempre, que estivesse fazendo ativismo político no Bacen.

“Não existe decisão econômica dissociada da política”, avisou a presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, em entrevista ao UOL. “O compromisso do presidente é com crescimento e geração de empregos”, lembrou Gleisi. “Para isso, é preciso um Estado forte, indutor da economia, que é o que ele está tentando fazer ao retomar projetos e programas sociais importantes”, observou. “Mas a taxa de juros não está permitindo isso”.

Com o povo ao seu lado, Lula já venceu o debate sobre os juros no país. Para Campos Neto, restam dois caminhos, para o bem da nação: iniciar, com urgência, um ciclo de trajetória de queda dos juros e permitir ao país recuperar sua soberania, ou enfrentar as consequências de desafiar a força democrática do voto soberano de 60 milhões de brasileiros.

Da Redação

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