Mulheres são maioria no país, mas governam apenas 12% dos municípios

É o que mostra Censo das Prefeitas Brasileiras; 53% das mandatárias consideram que as mudanças climáticas e o aquecimento global são questões importantes para suas gestões

Divulgação

Segunda edição do Censo das Prefeitas Brasileiras - mandato 2021-2024 -, elaborado pelo Instituto Alziras, traz diagnóstico das prefeitas que foram eleitas em 2020

Apesar de as mulheres serem 51% da população, elas governam apenas 12% dos municípios. Estes e outros dados são revelados pela segunda edição do Censo das Prefeitas Brasileiras – mandato 2021-2024 -, elaborado pelo Instituto Alziras, onde é possível ter um diagnóstico das prefeitas que foram eleitas em 2020 e seguem na conclusão dos mandatos. 

Para extrair informações sobre a trajetória, os desafios vividos e o trabalho político das mulheres à frente do poder executivo municipal, o grupo responsável pela pesquisa entrevistou  42% das 673 prefeitas em exercício, incluindo as vices que assumiram após a morte de dezenas de lideranças municipais pela Covid-19. Os dados foram tratados estatisticamente e extrapolados para a totalidade do país.

“As cidades são uma importante porta de entrada e a base da construção de parte significativa das carreiras políticas. Mas nelas também é possível identificar dinâmicas e obstáculos que dificultam o avanço das mulheres no poder. Ampliar a presença feminina na política passa por compreender as experiências das prefeitas brasileiras, aprender com elas e valorizar sua contribuição para a nossa democracia”, diz trecho do Censo. 

Quantas são as prefeitas?

Apesar de as mulheres serem 51% da população, elas governam apenas 12% dos municípios. E as mulheres negras, que representam 28% da população, governam somente 4% dos municípios. Já os homens seguem no comando de 88% das prefeituras do país. 

Prefeitas atentas às mudanças climáticas

Assunto tão em voga nos últimos meses, o tema das mudanças climáticas foi abordado durante a pesquisa. Importante destacar que diversos estudos apontam que as mulheres, quando estão em cargos de poder, são melhores gestoras do que os homens. E o censo revela que, sob a gestão feminina, as prioridades municipais relacionadas às mudanças climáticas são reais. 

Entre as entrevistadas, 53% consideram que as mudanças climáticas e o aquecimento global são questões importantes para seus municípios; 29% têm políticas específicas para lidar com as mudanças climáticas, 49% aumentar o uso de energias limpas (solar/eólica); 45% combater o desmatamento/ampliar o reflorestamento; 25% gestão de risco de desastres naturais; 24% reduzir a poluição do ar; 17% ampliar o transporte público e a mobilidade a pé; 15% outro.

Onde estão as prefeitas no Brasil?

O Nordeste é a região que concentra a maioria das cidades governadas por mulheres com 307 municípios, sequência vem o Sudeste com 137 cidades, depois o Sul com 106, o Norte com 68 e o Centro-Oeste com 68. Já as prefeitas negras governam 129 cidades no Nordeste, 43 no Norte, 25 no Sudeste, 15 no Centro-Oeste, e 3 no Sul. As prefeitas se concentram em municípios menores e governam para 9% da população. 

Experiência eleitoral

Muitas das mandatárias já têm uma trajetória política consolidada: 42% delas já disputaram ao menos três eleições para diferentes cargos, 70% já foram eleitas para outros cargos, sendo 46% já foram prefeitas, 16% já foram vice-prefeitas e 28% já foram vereadoras. 

Obstáculos enfrentados na política

Em relação à atuação dos partidos, 62% consideram que as mulheres não estão representadas de forma proporcional, justa e equilibrada nos principais postos de poder e tomada de decisão do seu partido. 

Por ser mulher, 47% vê falta de recursos para campanha; 34% enxerga desmerecimento de seu trabalho ou de suas falas, 26% já sofreram assédio e violência no espaço político,13% afirmam falta de espaço na mídia, em comparação com políticos homens, 13% reclama da falta de apoio do partido e/ou da base aliada, 12% relata  sobrecarga de trabalho doméstico, dificultando a participação na política, 2% dizem faltar de apoio da família.

Das entrevistadas, 90% consideram importante a decisão que garantiu às campanhas de mulheres pelo menos 30% dos recursos do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário e do tempo de propaganda eleitoral gratuita em rádio e televisão.

Violência política de gênero 

O tema da violência política de gênero também foi abordado durante o censo que apurou que 58% das prefeitas afirmam ter sofrido assédio ou violência política pelo fato de ser mulher. Um aumento de 5 pontos percentuais em relação às prefeitas do mandato anterior, em 2016. 

Uma em cada duas prefeitas não registrou queixas ou boletim de ocorrência em função de assédio ou violência política sofridos ao longo da sua trajetória.

Dentre as que não registraram queixas ou boletins de ocorrência, 40% não o fizeram porque não acreditam na eficácia da apuração das denúncias sobre esse tipo de violência. Já dentre as que registraram queixas ou boletins de ocorrência, 50% consideram que os casos não contaram com a devida apuração e responsabilização dos agressores. 

As violências mais frequentes na campanha de 2020 foram: 74% divulgação de informações falsas (fake news), 66% ataques, ofensas e discurso de ódio nas redes sociais, 29% ataques, ofensas e xingamentos verbais presenciais, 20% constrangimentos em função da exposição pública de sua vida afetiva, familiar ou sexual, 15% chantagens ou tentativas de extorsão, 12% ameaças contra sua vida.

Da Redação do Elas por Elas, com informações do Instituto Alziras 

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