Boulos: “Podem apostar na mudança, eu me preparei para governar São Paulo”

“A gente não pode se acomodar com as coisas do jeito que estão,” afirmou Boulos em entrevista à GloboNews, em referência à Carta ao Povo de São Paulo, divulgada nesta semana

Leandro Paiva

O candidato Guilherme Boulos, em campanha com Marta Suplicy

Em entrevista à GloboNews na tarde desta terça-feira (22), o candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), explicou as razões de ter buscado um diálogo mais direto com os moradores de periferia por meio da “Carta ao Povo de São Paulo” nesta reta final de campanha. Ele também destacou que a carta é resultado de sua preocupação em garantir mais segurança ao eleitor que anseia por mudanças na cidade, mas está em dúvida sobre sua escolha.

Guilherme Boulos, que concorre com Marta Suplicy (PT) como vice, declarou que a publicação da Carta está diretamente relacionada aos ataques que sofreu durante a campanha. Ele descreveu o primeiro turno como uma experiência “violenta”, marcada por mentiras e desinformação. “Fui vítima de um laudo falso de uso de drogas a 48 horas da eleição no primeiro turno”.

Além disso, ressaltou Boulos, com a Carta, ele reafirma seu compromisso e competência para implementar uma gestão de qualidade em São Paulo. Ele observou que, embora a maioria dos eleitores deseje mudanças, há um receio sobre sua capacidade de atender a essas expectativas: “Será que o Boulos dá conta?”. O deputado federal também apontou que muitas pessoas têm uma visão distorcida de sua trajetória, influenciadas por mentiras disseminadas durante a campanha, especialmente em relação à sua atuação como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST).

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Ainda durante a entrevista, ele garantiu que o (a) eleitor (a) que não está satisfeito com o atual prefeito, “pode apostar na mudança com tranquilidade, porque eu me preparei para governar São Paulo”. Ele ressaltou que reuniu um time de especialistas e gestores com experiência em governos de diferentes partidos. Boulos também destacou a escolha de Marta Suplicy como vice, reconhecida por sua experiência administrativa.

Além disso, Boulos afirma que buscou conhecer soluções de grandes metrópoles globais, como Paris, Santiago, Nova York, Xangai e Pequim, para entender as inovações em sustentabilidade e trazer essas experiências e iniciativas para São Paulo.

No documento, ele também reassume o compromisso de dialogar de forma aberta com todos os moradores e moradoras de São Paulo. “Outro receio que as pessoas têm é porque sou de esquerda, mas (..) eu tenho a consciência de que o papel que eu vou ter ao sentar naquela cadeira, é de representar a cidade, não somente ao meu partido e as minhas convicções ideológicas.,” afirmou.

Outro compromisso é dialogar com as periferias urbanas. “Eu quis fazer essa carta para reafirmar o que eu acredito, e, ao mesmo tempo, dialogar com esse segmento das periferias que se costuma chamar de empreendedores, mas não é só. Estamos falando de pessoas que foram buscar ganhar a vida, prosperar por conta própria, e não da classe trabalhadora que tínhamos no passado e que motivou, de algum modo, a formação de uma esquerda dos sindicatos e tudo mais.”

Questionado se essa busca de aproximação com a periferia não veio de forma tardia, ele afirmou que seu plano de governo já inclui propostas específicas para o setor, como as “Casas do Trabalhador de Aplicativo”, que oferecem espaços de descanso, e a promessa de um crédito de R$ 20 mil para mulheres empreendedoras da periferia, chamado “Acredita Mulher”. Ele lembrou também que tanto o PT quanto o PSOL permanecem fortes na periferia.

Fazendo referência a Pablo Marçal, que obteve um número expressivo de votos na periferia, Boulos afirmou que a “extrema direita, muitas vezes, soube passar uma mensagem hipócrita, porque não está realmente preocupada com essas pessoas, mas consegue transmitir uma mensagem mais sedutora”. Ele destacou que, apesar dessa habilidade de comunicação, a direita não tem um verdadeiro compromisso com a ascensão social desse segmento da população. Ele enfatizou ainda que a esquerda tem um compromisso histórico em atender às necessidades da comunidade da periferia e todos aqueles que mais necessitam.

 Apoio de Lula

Sobre apoio político, Boulos afirmou que teve ampla cooperação do Partido dos Trabalhadores (PT) em sua campanha. “De forma integral, inclusive com fundo eleitoral”, destacou.

O candidato apontou, ainda, que o presidente da República foi muito ativo em sua campanha: “Sou muito grato pelo apoio do presidente Lula ao longo dessa campanha inteira. Foi a única campanha no Brasil inteiro que o Lula veio, fez, gravou, fez comício, fez caminhada, fez carreata”.

PCC infiltrado na prefeitura

Boulos também incentivou a participação ativa dos eleitores e eleitoras de São Paulo que, após o primeiro turno, estão se sentindo desmotivados — o que ele chamou de “ressaca precoce”, fruto de um primeiro turno marcado por discursos agressivos e episódios de violência. Ele destacou a importância de os eleitores assumirem suas responsabilidades, alertando que votar em Nunes poderia significar entregar a cidade ao crime organizado.

Boulos fez um comparativo entre as investigações sobre a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) em contratos da prefeitura e a consolidação das milícias no Rio de Janeiro.

“O primeiro turno foi uma coisa atípica, agitada, voou cadeira, teve xingamento. Foi um negócio tão louco que as pessoas entraram numa ressaca precoce antes da eleição acabar. Quando elas fazem isso, deixam de entender o que está em jogo na votação do próximo domingo”, afirmou Boulos.

Memes sobre Boulos ser “invasor de casa’’

Questionado sobre o fato de que irá dormir na casa dos eleitores nessa reta final de campanha, conforme o candidato anunciou nesta segunda-feira (21), e os memes sobre ser “invasor de casas”, em referência a sua atuação no Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Boulos disse que não se responde a um meme com argumentos.

“Toda vez que alguém tenta desqualificar minha atuação no Movimento Social, eu teria que explicar que eu nunca invadi a casa de ninguém, e que o objetivo do MTST é identificar imóveis em situação ilegal, improdutivos, e que já deveriam ser destinados à moradia popular, e que o movimento faz ocupação simbólica desses imóveis, e que transformou diversos espaços abandonados em moradia para 15 mil famílias, na segunda frase a pessoa já teria deixado de escutar,” afirmou Boulos.

Boulos ressaltou que nessa reta final de campanha, ele não vai voltar para casa, pois o objetivo agora é passar dia e noite virando votos. “Hoje eu acordei às 7h no Brás, conversando com as pessoas, (..) desmitificando algumas ideias que elas têm sobre mim,” afirmou.

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O plano de dormir na casa de eleitores integra a Caravana da Virada, anunciada ontem.  que vai “rodar a cidade” até o fim da campanha para “virar votos”.  Boulos vai dormir em bairros de todas as regiões, entre eles Brasilândia, Grajaú e São Mateus.

Por fim, Boulos afirmou que a Caravana da Mudança tem o intuito de mostrar para as pessoas que é importante apostar na mudança, “que tem muita coisa em jogo, e que a gente não pode se acomodar com as coisas do jeito que está.”

Da Redação

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