Americano acusado de crime sexual deve ser impedido de entrar no Brasil
Norte americano dá palestras sobre como conquistar mulheres usando a força e expressões racistas e sexistas
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O governo brasileiro estuda negar visto a norte-americano acusado de incitar crime sexual. Desde terça-feira (11), uma petição criada por brasileiros na internet pede que Julien Blanc seja impedido de entrar no País, onde tem uma série de palestras marcadas para o próximo ano. O motivo seriam os truques ensinados para conquistar mulheres com métodos polêmicos, racistas e uso de violência.
O Itamaraty informou, por meio de nota, que está ciente das denúncias contra Blanc, mas que nenhuma decisão foi tomada até o momento. “Estamos em consulta com os demais órgãos do Governo Federal para avaliar a ação que deverá ser tomada”, diz o texto divulgado pela assessoria de imprensa do ministério. A posição oficial do órgão deve ser anunciada nos próximos dias.
O norte-americano tem palestras marcadas a partir de janeiro de 2015, em Florianópolis (SC) e no Rio de Janeiro. As dicas vão desde usar a força e o desrespeito na hora da conquista, ofender com expressões racistas e sexistas, constranger em público e até mesmo provocar sufocamento. “Se você é um homem branco, pode fazer o que quiser“, disse em uma de suas palestras, disponível na internet.
Até o momento, a petição online conta com mais de 220 mil assinaturas. No texto, a justificativa de que as aulas que ministra exaltam “a cultura do estupro, o crime de agressão e racismo, e o profundo desrespeito pelas mulheres”.
Blanc define seu método como “ofensivo, inapropriado, emocionalmente assustador, mas é efetivo pra caramba”.
A presença do norte americano foi negada na Austrália no mês passado. O governo australiano o deportou depois que receber uma petição com mais de 46 mil assinaturas denunciando as práticas do rapaz. Na Inglaterra, onde o norte-americano também planeja dar palestras, há outra petição em andamento.
A Secretaria de Política para Mulheres (SPM) da Presidência da República, citada na petição, enviou nota em que confirma estar recebendo inúmeras denúncias nos últimos dias. A nota diz ainda que a secretaria “repudia” os métodos disseminados por Blanc e os classifica como “estratégia e instrumento que incentiva a violência contra as mulheres” e “estupros”.
O órgão informa ainda ter solicitado “providências” junto ao ministro da Justiça, Eduardo Cardoso.
Também citada no abaixo-assinado, a Polícia Federal declara que não se pronunciará sobre o assunto. Por meio da assessoria, informa apenas que só pode impedir a entrada de Blanc em território brasileiro caso ele responda judicialmente pelos supostos crimes que comete. Ou caso haja algum problema em sua documentação.
A empresa responsável pelas consultorias de Julien Blanc, a Real Social Dynamics (RDS) também foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até o momento. O preço cobrado por pelas aulas pode chegar a R$ 14 mil.
Estima-se que no Brasil, mais de 143 mil mulheres tenham sido estupradas em 2013. O dado se baseia nas cerca de 50.320 notificações e denúncias feitas à justiça. Segundo essa projeção, uma mulher seria estuprada a cada 10 minutos no país.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias.