Capão Redondo recebeu Festival contra a redução da maioridade penal
Evento aconteceu neste sábado (15) e contou com a participação de movimentos sociais e shows de Leci Brandão, Z’Africa Brasil e Pequeno Cidadão
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Capão Redondo, bairro da zona sul de São Paulo, recebeu a edição paulistana do Festival Amanhecer Contra A Redução neste sábado (15). O evento, que teve sua primeira edição em junho no Rio de Janeiro, reuniu mais de três mil pessoas para discutir a redução da maioridade penal.
Aliando arte e cultura na luta contra a violência, o festival contou com aula pública sobre a redução da idade penal e diversas atrações musicais como Leci Brandão, Z’Africa Brasil e Pequeno Cidadão.
“Tem que dar educação e saúde para a nossa juventude, não encarcerá-la”, declarou a sambista e deputada estadual (PCdoB-SP) Leci Brandão, durante a sua apresentação.
O guitarrista Edgard Scandurra, da banda Pequeno Cidadão, engrossou o coro dos artistas. “A redução é uma forma muito maligna de se punir o jovem. Antes de se punir, precisa entender o que fez esse menor cometer um crime. Não adianta prender os nossos pequenos cidadão”, afirmou o músico.
As entidades estudantis também marcaram presença no evento. “A juventude quer apenas ser livre, estudar, se divertir. A redução, já está provada, não é solução nenhuma para a violência que nós vemos aqui no nosso País”, afirmou a diretora de Universidades Pública da UNE, Graziele Monteiro, durante a aula pública.
A organização do evento no bairro, que é berço de grandes artistas nacionais como o escritor Ferréz e do grupo Racionais Mc’s, aconteceu por meio da parceria do movimento Amanhecer Contra A Redução com a ONG Capão Cidadão. A entidade realiza um trabalho social com a população da comunidade há mais de uma década.
“A Capão Cidadão sempre esteve na luta contra a violência contra o jovem negro. Esse festival veio somar a nossa luta”, disse o ambientalista, engenheiro florestal e professor da Capão Cidadão, Clodoaldo Cajado.
Clodoaldo contou que no passado, a ONG realizou a ação “Áreas de Conflito Em Transformação”, projeto que buscou fazer intervenções culturais em oito locais na periferia paulista que foram alvo de chacinas — como a que aconteceu esta semana em Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, deixando 18 mortos, entre eles um garoto de 16 anos.
“Nós que somos da periferia, não temos dúvida: a redução, com essa polícia que nós temos, só vai piorar a situação do jovem. É só ver o que aconteceu em Osasco e Barueri”, afirmou.
O presidente estadual da Nação Hip Hop Brasil, Marcelo Freitas, abriu a aula pública defendo a mudança social através da cultura.
“Acredito na mudança, mudança que vem através da cultura, com mais escolas, menos cadeias. Se cada quebrada tivesse um ponto de cultura que fomentasse de verdade o que é a raiz do preto, pobre da periferia, a violência iria diminuir, porque não é com cadeia que vai diminuir!”, declarou Freitas.
A presidenta da União Popular de Mulheres do Campo Limpo, Neide Abatti, não quer ver retrocesso nos direitos da criação e do adolescente, campo que ela ajudou a construir.
“Não dá para aceitar o que pode acontece com a nossa juventude nessa tentativa de reduzir a idade penal. Somos da luta que construiu o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que veio melhorar um monte de coisa. Queremos ver outro filme, aquele em que os jovens cantam, dançam e andam livres”, disse.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da UNE e Jornalistas Livres