Estatal russa quer administrar Ferrovia Norte-Sul

A ideia da empresa é ser a primeira detentora transoceânica de serviços ferroviários em quatro continentes

A Rede Ferroviária Russa quer agora atravessar o oceano Atlântico. O novo alvo é a concessão da Ferrovia Norte-Sul brasileira para se transformar na primeira detentora transoceânica de serviços ferroviários em quatro continentes.

Com isso, a empresa entrará para história do transporte como especialista em ambientes hostis, com milhares de quilômetros de trilhos em campos gelados da Sibéria, em desertos no Oriente Médio e outro em plena florestal tropical – caso obtenha sucesso na empreitada brasileira.

Uma de suas linhas férreas, a Transiberiana, é a maior do mundo e, a Norte-sul, a transamazônica das ferrovias. A intenção de se instalar em território nacional foi confirmada semana passada pelo presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Bastos.

Segundo a autoridade brasileira, acordo entre Brasil e Rússia está em negociações para tal fim e, no mês de dezembro, uma comitiva russa chega ao país para negociar sua participação no leilão da Norte-Sul.  Consultada, a ANTT não quis se pronunciar sobre o leilão da ferrovia.

África, Europa, Ásia e América – A RZD tem capital social de aproximadamente R$ 125 bilhões (quase 2 trilhões de rublos), 100% integralizados pela Federação Russa, segundo dados disponibilizados em seu portal eletrônico na internet.

É uma das três maiores companhias ferroviárias do mundo e pretende estender os braços de atuação a um quarto continente, a América.

Seus negócios de cargas e passageiros e que já abrangem atuação na Europa (Ocidental e Oriental), África e Oriente extremo, podem se instalar também no Brasil. E incluir a Ferrovia Norte-Sul na sua lista de projetos internacionais.

A Agência PT de Notícias obteve da RDZ a relação dos principais projetos em andamento da companhia fora da Rússia.

Em um dos mais recentes, o presidente da estatal, Oleg Belozerov, participou em julho da cerimônia que deu início às obras para eletrificação da ferrovia Tebriz-Azarshahr (do Irã ao Azerbaijão, respectivamente). Em 22 de setembro, iniciou operação na Sérvia.

“Hoje tenho o prazer de participar da abertura da linha ferroviária Golubinci-Ruma, bem como assistir à assinatura do acordo adicional ao contrato para a reconstrução das ferrovias sérvias. Estamos vendo resultados tangíveis e muito boas perspectivas de desenvolvimento, não só no domínio do investimento, mas também na formação conjunta de trabalhadores ferroviários russos e sérvios”, declarou na ocasião, conforme nota no portal da RZD.

A RZD também participa de projeto para operação conjunta de ferrovias espanholas. No outro lado do Mediterrâneo, na Líbia (África), a empresa tem um canteiro de obras para construção da ferrovia Sirt-Benchazi; e, na Coréia do Sul, promove a reconstrução da ferrovia Transcoreana.

E seu presidente já anunciou que não ficará só nisso: seu plano é conectar a Transcoreana à Transiberiana, que liga a costa da Sibéria, no Mar do Japão, a Moscou. O Brasil poderá engrossar a lista, em breve.

Engatinhando – O Brasil ainda está engatinhando nessa modalidade de transporte, apesar da história quase bicentenária no setor.

Até mesmo pela reduzida malha de trilhos – considerada a dimensão territorial do país e apenas 27 mil km de linhas produtivas – o país pode entrar no mapa-mundi dos trens graças à RZD.

O potencial do extenso e inexplorado território brasileiro poderá, por outro lado, ampliar significativamente a pujança internacional da companhia russa.

Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias

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