A fome se combate todo dia, sem humilhar as pessoas, afirma Edinho

Em vídeo, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, responde ação publicitária de Bolsonaro que, na madrugada, deslocou caminhões do Exército para distribuir alimentos na cidade, expondo pessoas em filas, aglomeração e risco de contaminação

Célio Messias

Edinho Silva, prefeito de Araraquara

Na madrugada, às 4h35 da manhã desta quinta (29), as redes sociais foram surpreendidas com postagem do presidente Bolsonaro anunciando uma ação de distribuição de alimentos em Araraquara. “Nesse momento, comboio parte da Ceagesp rumo a Araraquara/SP, levando alimentos para aqueles vitimados pela política do fique em casa que a economia a gente vê depois“, anunciava o Twitter presidencial. A postagem ocorreu no mesmo dia em que o Brasil atingiu a trágica marca de 400 mil mortes.

A ação “publicitária” envolveu a participação de caminhões do Comando Militar do Sudeste e efetivos da Polícia Militar, com custos e deslocamento de efetivos. A “mobilização” durante a madrugada foi documentada e divulgada pelas redes oficiais. A cidade de Araraquara fica localizada a 273 quilômetros da capital paulista, sede da Ceagesp.

A Ceagesp – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo é uma empresa pública federal, sob a forma de sociedade anônima, vinculada ao Ministério da Economia e representa um importante elo na cadeia de abastecimento de produtos hortícolas, segundo o site oficial. A estatal é comandada pelo coronel da reserva Mello Araújo, ex-comandante da Rota.

No final da tarde, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT-SP), afirmou à coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, que o presidente Jair Bolsonaro poderia, sim, ajudar as pessoas que têm fome –”mas sem humilhá-las publicamente”. As pessoas foram obrigadas a ficar em uma fila de madrugada para pegar alimentos doados uma única vez pelo governo.

“Agradeço qualquer ação na minha cidade de combate à fome. Nós já estamos fazendo isso, e não é de hoje”, disse Edinho Silva à colunista. “Mas o presidente Jair Bolsonaro poderia fazer isso sem humilhar as pessoas, sem que elas ficassem em uma fila indiana por horas, no meio da rua, de madrugada, ou durante o dia, debaixo do sol, sem água, para pegar uma sacola de alimentos”, afirmou ele.

Apresentando dados da ação cotidiana da prefeitura no combate à fome, Edinho destacou que a forma mais efetiva de Bolsonaro ajudar “é utilizando a rede de assistência, as entidades credenciadas e reconhecidas pelo governo federal, que fariam a entrega dos alimentos na casa das pessoas. Não será colocando famílias vulneráveis expostas em fila indiana que resolveremos o problema”.

No vídeo para responder a Bolsonaro nas redes sociais, divulgado pelo jornal, Edinho Silva advertiu que a ação “surpresa” de Bolsonaro “pode ser elogiada”, mas que Araraquara combate a fome com políticas públicas instituídas e organizadas. Segundo Edinho, “isso é feito de forma permanente. E não apenas em um dia, para criar imagem, viralizar imagem”.

Araraquara é exemplo no combate à pandemia

Alvo da ação, a cidade de Araraquara, governada pelo prefeito Edinho Silva (PT), se tornou recentemente o caso mais bem-sucedido de combate à Covid-19. Graças a um lockdown de 10 dias em fevereiro, a cidade conseguiu que o número de infectados, internados e mortos despencasse, mesmo após ser atingida pela variante P1 do coronavírus, a mais agressiva.

O lockdown, no entanto, foi apenas uma medida emergencial em um momento crítico. Antes dele, várias outras medidas haviam sido tomadas pela Prefeitura, fazendo com que Araraquara se tornasse um exemplo desde o começo da pandemia. E essas ações contribuíram também para o sucesso do próprio lockdown.

Da Redação

 

 

 

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