Advogado diz que pagou US$ 612 mil dólares para não ser preso na Lava Jato

Tacla Durán, que prestava serviços à Odebrecht, ressalta que aquela era a primeira parcela de um total de US$ 5 milhões

Reprodução

O advogado Rodrigo Tacla Duran

O ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Durán afirmou ao jornalista Jamil Chade, em Madri (Espanha), que foi extorquido por pessoas ligadas à Lava Jato quando seu nome surgiu nas investigações envolvendo a empreiteira, em 2016.

Para livrar-se da cadeia, Durán teria pago US$ 612 mil ao advogado Marlus Arns, ex-sócio da mulher do ministro da Justiça Sérgio Moro, Rosângela Wolff Moro, em Curitiba (PR).

Em janeiro de 2018, uma cartilha divulgada pela Frente Brasil de Juristas pela Democracia, e publicada pelo Brasil de Fato, já listava uma série de ilegalidades cometidas pela Lava Jato, a partir de um depoimento de Duran.

O nome de Tacla Durán aparece num dos diálogos entre Moro e o procurador chefe da Lava Jato, Deltan Dallagnol, que vêm sendo publicados pelo site The Intercept Brasil desde 9 de junho.

Na conversa, registrada pelo Telegram em 31 de agosto de 2016, Moro questiona Dallagnol sobre o fato de a força-tarefa estar há “muito tempo sem apuração”, no que este responde: “(…) O problema é que as operações estão com as mesmas pessoas que estão com a denúncia do Lula. Decidimos postergar tudo até sair essa denúncia, menos a op do taccla pelo risco de evasão, mas ela depende de articulação com os americanos (Que está sendo feita)”.

Duran foi advogado da Odebrecht entre 2011 e 2016. A Lava Jato o acusa de movimentação irregular para a empreiteira e outras empresas em vários países, além de lavagem de dinheiro.

O valor cobrado para aliviar a pisão seria de US$ 5 milhões, mas Duran diz ter pago apenas a “primeira parcela”, de US$ 612 mil, antes de fugir para a Espanha. Ele acabou preso ao desembarcar no aeroporto de Madri, em 18 de novembro, e ficou 70 dias detido. A Lava Jato pediu sua extradição para o governo espanhol, que negou.

A força-tarefa considera Duran um “fugitivo”, mas a Interpol retirou qualquer alerta contra ele de suas redes.

As declarações dadas a Jamil Chade e publicadas nesta terça-feira (18) pelo Uol constam de um documento enviado ao Ministério Público da Suíça pelos advogados de Duran.

O documento foi uma resposta a questionamentos feitos pela Suíça ao brasileiro, com base em transferências que ele realizou a partir de uma conta no país europeu.

“Tacla foi extorquido e ameaçado […] o temor por sua vida o levou a pagar uma parte da extorsão. O advogado Marlus Arns, que recebeu o pagamento -dinheiro que é apontado como uma das justificativas para o bloqueio das autoridades suíças – já tinha trabalhado com a mulher do [ex] juiz Sergio Moro, sendo outro sócio o advogado Carlos Zucolotto Junior, que também foi sócio da mulher de Moro, e que hoje trabalha com lobista profissional”, diz o texto, segundo o Uol.

Por Brasil de Fato

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