Anatel recebe 15 propostas para leilão do 5G do Brasil no dia 4

Prazo para participação de interessado em adquirir internet de quinta geração, 20 vezes mais rápida que o atual 4G, encerrou-se nesta quarta-feira, 27; leilão ocorre dia 4 de novembro

A Agência Nacional de Telecomunicações recebeu, nesta quarta-feira, 27, 15 propostas de empresas interessadas em participar do leilão do 5G no Brasil, que vai ocorrer, finalmente, em 4 de novembro na sede da Anatel, em Brasília.

A internet de quinta geração vai possibilitar conexões ultrarrápidas e estáveis, novos negócios, casas conectadas, internet das coisas (IoT, na sigla em inglês), conversa entre máquinas, menor tempo de resposta de dispositivos e avanço de tecnologias como telemedicina e carros autônomos, por exemplo.

Segundo o edital aprovado pelo Conselho Diretor da Anatel, em 24 de setembro deste ano, o 5G será oferecido em quatro faixas de frequência – 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz – em lotes nacionais e regionais. Como verdadeiras avenidas para transmissão de dados, quanto maior a frequência, maior a velocidade de conexão. A faixa de 3,5 GHz é a que mais interessa operadoras de telefonia por exigir menos investimentos para implementação.

Para se ter ideia da velocidade do 5G, o tempo necessário para baixar um filme com resolução de blu-ray (25 GB) no 4G (100 Mbps) levaria 35 minutos e 47 segundos. Já no 5G (10 Gbps), 21 segundos.

A discussão sobre implementação do 5G no país se arrasta desde 2019, quando das discussões iniciais de elaboração do edital, passando por debates técnicos de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Conselho Diretor da Anatel.

Pressão dos EUA

Em paralelo, desde então ocorria forte pressão dos Estados Unidos para que o Brasil barrasse a participação da Huawei na disputa, tanto da gestão Trump quanto da de Biden.

“Os EUA não admitem que nenhum país da América Latina tenha relações com a China. Tratam a América Latina como quintal deles”, criticou recentemente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A falta de uma política externa altiva permitiu, por exemplo, que os Estados Unidos acenassem com promessa (para os militares) de o Brasil entrar para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), como uma forma de barganha.

Recentemente, autoridades de altas patentes do governo americano visitaram o governo e o próprio Bolsonaro com o mesmo objetivo de impedir a participação chinesa Huawei no bilionário mercado da internet de quinta geração.

No início de julho, o chefe da Agência Central de Inteligência (CIA), William Burns, esteve em Brasília para reuniões que incluíram Bolsonaro e, em 5 de agosto, foi a vez de o conselheiro de Segurança dos Estados Unidos, Jake Sullivan, que se reuniu com o presidente da República e o ministro da Defesa, Walter Braga Neto.

Para que o 5G funcione é preciso instalar antenas compatíveis com a tecnologia e a maior fornecedora deste tipo de equipamento é Huawei. A polêmica começou em 2019, quando Trump assinou decreto impedindo empresas nacionais de usarem componentes fabricados pela empresa chinesa.

O líder da Minoria no Senado Federal, senador Jean Paulo Prates (PT-RN), apresentou requerimento, que foi aprovado pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), para acompanhar a implementação do 5G no Brasil.

“Lembramos que há uma disputa e interesse mundial pelo comércio dessa tecnologia, já que os bloqueios feitos pelos Estados Unidos e por outros países europeus às empresas chinesas têm provocado uma verdadeira corrida para a substituição de tecnologias nessas nações”, afirmou o senador.

Mesmo com toda pressão dos EUA, o leilão do 5G no Brasil vai ocorrer sem veto à China, em particular à empresa Huawei, principal fornecedora de equipamentos do sistema, e presente no no país desde os anos noventa.

O recuo não se deu por opção política do governo Bolsonaro, mas pela realidade dos fatos traduzida em astronômico custo de R$ 100 bilhões para a troca da rede 4G, já que 40% dos sistemas são da Huawei, e em atraso de pelo menos mais três anos para implementação do 5G.

Leilão do 5G

A Anatel estima arrecadar cerca de R$ 50 bilhões, no caso de todos os quatro lotes serem arrematados, e a expectativa é que o serviço esteja disponível nas capitais até julho de 2022.

As 15 propostas apresentadas incluem operadoras de grande, médio e pequeno porte, consórcios formados por provedores regionais e fundos de investimentos em telecomunicações. Os participantes são:

1. Algar Telecom SA.
2. Brasil Digital Telecomunicações LTDA.
3. Brisanet Serviços de Telecomunicações S.A
4. Claro SA
5. Cloud2U indústria e comércio de equipamentos eletrônicos LTDA
6. Consórcio 5G Sul
7. Fly Link LTDA
8. Mega Net provedor de internet e comércio de informática LTDA
9. Neko Serviços de Comunicações, Entretenimento e Educação LTDA
10. NK 108 Empreendimentos e Participações S.A.
11. Sercomtel Telecomunicações SA
12. Telefônica Brasil SA
13. TIM SA
14. VDF Tecnologia da Informação LTDA.
15. Winity II telecom LTDA

Da Redação

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