Ao tentar vender Eletrobrás e Petrobrás, Bolsonaro joga país na contramão mundial
Deputado Paulão e Sergio Gabrielli mostram que Bolsonaro tenta fazer o que nenhum país sério faz: abrir mão do controle de seus recursos energéticos
Publicado em
Ao insistir na privatização da Eletrobrás e da Petrobrás, o governo de Jair Bolsonaro comete um atentado contra a soberania brasileira e joga o país na contramão do mundo. É o que explicaram, na sexta-feira (20), em entrevista à TvPT, o deputado federal Paulão (PT-AL) e o ex-presidente da Petrobrás Sergio Gabrielli (assista ao programa abaixo).
Ambos explicaram que, no mundo todo, o fornecimento de energia elétrica e de combustíveis é visto como fundamental para o desenvolvimento dos países. Logo, nenhum governo sério abre mão do controle desses recursos, como tentam fazer Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes.
Paulão lembrou que os países que privatizaram seus sistemas elétricos décadas atrás já perceberam o erro e voltaram a estatizá-los. “Nos Estados Unidos, que é o principal país capitalista do mundo, quem controla a gestão de uma parte significativa das empresas do setor elétrico, principalmente transmissoras e geradoras, é o exército americano”, citou como exemplo.
Vender a Eletrobrás para empresários, como Bolsonaro quer fazer, é deixar o Brasil completamente vulnerável ao mercado, que passará a definir da quantidade de energia produzida ao preço. “É um crime de lesa-pátria”, definiu Paulão, que junto a outros deputados entrou com ações na Justiça Federal em vários estados para tentar impedir a venda da Eletrobrás, autorizada na quarta-feira (18) pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Para o deputado, se o plano de Bolsonaro e Guedes for adiante, em breve os brasileiros estarão sofrendo com contas de luz altas, da mesma forma como o desmonte feito até agora na Petrobrás gerou preços absurdos nos combustíveis e no gás de cozinha.
Nenhum país abre mão do petróleo
Presidente da Petrobrás de 2012 a 2015, Sergio Gabrielli também explicou como Bolsonaro atacou a soberania brasileira ao desmontar a estatal, que vem sendo vendida em fatias, já tendo entregue algumas de suas refinarias, parte de suas reservas de petróleo e sua empresa de distribuição, a BR Distribuidora.
Gabrielli explicou que, após a Petrobrás descobrir o pré-sal, os governos Lula de Dilma passaram a investir na construção de refinarias, o que deixaria o país autossuficiente tanto em petróleo quanto em gás e combustíveis. Todo esse processo foi interrompido pela Lava Jato e, depois, pelos governos Temer e Bolsonaro, que reduziram a produção nas refinarias da Petrobrás, as colocaram à venda e passaram a incentivar a importação dos combustíveis.
No caso do petróleo e dos combustíveis, o Brasil também vai na contramão do mundo, alertou Gabrielli. “Cerca de 85% das reservas de petróleo do mundo estão nas mãos dos Estados ou de empresas estatais. As empresas privadas têm em torno de 10% a 15% dessas reservas. Todos os países que têm volume grande de reserva, têm capacidade de refino e têm mercado doméstico significativo adotam políticas de preços que descolam os preços domésticos dos preços internacionais com a intervenção direta do Estado”, explicou.
E concluiu: “Mesmo os países que são basicamente importadores, como é o caso do Japão e de vários países da Europa, esses governos não tratam o petróleo como uma mercadoria qualquer, pelo contrário, a garantia do suprimento de petróleo é parte da segurança nacional, é parte da segurança energética, que é parte fundamental da soberania das grandes nações. Portanto, o papel do Estado é muito importante na área de petróleo e gás do mundo inteiro”.
Da Redação