Argentina: com forte apoio popular, sindicatos fazem greve geral contra governo Milei

Paralisação tem adesão das principais organizações sindicais e movimentos sociais argentinos; no Brasil, a CUT apoia e é solidária com o movimento no país vizinho

Página 12

Multidão toma conta do centro de Buenos Aires durante a greve geral convocada por sindicatos da Argentina contra o governo de Javier Milei

A Central Geral do Trabalho (CGT) da Argentina realiza nesta quarta-feira (24) uma greve geral em todo o país. O ato conta com a adesão de demais organizações sindicais como a Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA) e de outros sindicatos, entre eles os aeronáuticos que paralisaram aeroportos, além de movimentos sociais e a organização Mães e Avós da Praça de Maio.

Uma imensa multidão tomou conta das ruas da capital Buenos Aires desde as primeiras horas da manhã. O movimento grevista é uma forte resposta dos trabalhadores e trabalhadoras ao megadecreto anunciado pelo presidente argentino Javier Milei após a sua posse em dezembro do ano passado.

Segundo as organizações sindicais, o Decreto Nacional de Urgência apresentado por Milei desmantelou os sistemas de proteção laboral, social, saúde, desregulamentou a economia interna e externa, comprometeu a atividade da indústria nacional e abre às portas para a privatização das empresas públicas.

Segundo os sindicalistas, outro projeto de lei apresentado por Milei, o Omnibus, agrava ainda mais a situação ao dar superpoderes ao governo para a adoção de medidas autoritárias, perseguição e repressão dos protestos, greves e manifestações.

A paralisação do país pelas entidades sindicais teve início às 12h e irá se estender até a meia noite, no horário local. Pela programação, os manifestantes realizam durante o dia concentrações e marchas até o Congresso, em apoio a legisladores que devem votar contra o megadecreto autoritário do governo. E às 15h será feita a leitura de um documento divulgado pelos organizadores da greve geral durante ato realizado na Praça do Congresso.

A Argentina vive uma das piores crises econômicas de sua história recente, sendo que cerca de 40% da população vive na pobreza e a inflação ultrapassa os 140% anuais.

Apoio total da CUT

No Brasil, as centrais sindicais, encabeçadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e lideranças políticas manifestaram apoio à greve geral no país vizinho e acompanham o desenrolar das ações da paralisação. A CUT fez uma convocação às trabalhadoras e trabalhadores brasileiros “a se solidarizarem com o povo argentino que vem sofrendo com as decisões políticas e econômicas do presidente Javier Milei”.

Em artigo, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, e o secretário de Relações Internacionais, Antônio Lisboa, manifestaram solidariedade ao movimento sindical da Argentina e relembraram as várias lutas do mundo do trabalho no Brasil, inclusive na campanha Lula Livre,  em que o apoio de trabalhadoras e trabalhadores argentinos foi de grande importância.

“Nunca esqueceremos a solidariedade recebida dos trabalhadores argentinos na luta contra a reforma Trabalhista brasileira em 2017; a solidariedade e presença determinada na campanha Lula Livre e na resistência aos tempos recentes de obscurantismo no Brasil, durante o governo Bolsonaro. Nesses e em outros momentos de nossa história quando enfrentávamos inimigos poderosos, que tudo fizeram para destruir a CUT e o movimento sindical, nunca estivemos sozinhos, porque a solidariedade internacional esteve presente. As centrais sindicais argentinas estiveram ao nosso lado, lutando, e agora nós estaremos ao lado do movimento sindical argentino lutando para resistir aos intentos autoritários de Milei e impor uma derrota do tamanho da nossa solidariedade”, diz o texto.

A Central também realizou nesta quarta-feira um ato em frente à Embaixada da Argentina, em Brasília, quando foi entregue uma carta das centrais sindicais brasileiras pedindo diálogo do governo com os sindicatos e a revogação do DNU e da Lei Omnibus.

Pela sua rede social, também o Foro de São Paulo manifestou apoio ao movimento sindical argentino e à greve geral convocada em todo o país.

Da Redação

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