Armazém do Campo completa dois anos em São Paulo

O espaço comercializa alimentos produzidos através da reforma agrária popular. Além da capital paulista, existem lojas em Porto Alegre e BH

Vanessa Martina Silva

Armazém do Campo funciona desde 2016

Nesta terça-feira (31), o Armazém do Campo completa dois anos de sua inauguração. O espaço, idealizado para a comercialização de alimentos com origem na reforma agrária popular, já existe em outros estados.

A loja, criada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também comercializa produtos orgânicos e realiza atividades culturais. Na capital paulista, o Armazém do Campo fica na Alameda Eduardo Prado, 499, Campos Elíseos, região central.

Para falar sobre o espaço e as comemorações pelos dois anos do local, a Rádio Brasil de Fato entrevistou Ademar Paulo Ludwig Suptitz, coordenador do espaço.

Confira alguns trechos

Rádio Brasil de Fato – Como nasce o Armazém do Campo?

Ademar Paulo Ludwig Suptitz – Para chegar no armazém é importante lembrar que existiu todo um processo de luta pela terra no Brasil e esta é uma luta árdua e difícil. E quando o trabalhador se dedica a terra, imediatamente vem o desafio de: em qual local vamos vender os produtos? E as experiências de comercializações no país são inúmeras, inclusive com lojas em outros lugares.

Mas o que nos desafiou a construir um espaço que reunisse estes produtos foram as feiras da reforma agrária. E foi a partir da primeira feira da reforma agrária nacional que nós realizamos no Parque da Água Branca (zona oeste de São Paulo) é que nós nos desafiamos a criar um espaço no qual os consumidores que visitaram a feira tivessem aqueles produtos sem ser uma vez por ano apenas. Foi pensando no consumidor. Foi um processo demorado, nós levamos mais de dois anos dialogando, estudando, para construir algo que durasse mais tempo.

Como você tem sentido a relação do público com o Armazém?

Quando a gente começou a loja, num primeiro momento, não demos muita enfase que o espaço é do MST. Três ou quatro meses depois nós percebemos que as pessoas procuravam a loja justamente por ser do MST. Por ser uma loja passa uma série de consumidores, mas a grande maioria vai com esta consciência que vai adquirir produtos que são fruto de luta que o MST exerce há mais de 33 anos no país.

E as lojas em outros estados?

Antes de inaugurar a loja em São Paulo, nós bebemos na nossa experiência em Porto Alegre, que é uma loja que existe a mais de 15 anos, privilegiada porque está dentro do Mercado Municipal. A segunda foi essa de São Paulo. A terceira loja foi a loja em Belo Horizonte. E a novidade é que no Rio de Janeiro já está montada a loja, a inauguração é no dia 15 de setembro.

Queria fazer uma pergunta sobre logística, a oferta de produto muda de acordo com a loja pela proximidade dos assentamentos?

Influencia, inclusive a questão regional. No Rio Grande do Sul um dos produtos que a gente mais vende é a erva mate, aqui em São Paulo é o café e no Rio de Janeiro também vai depender do diálogo com os produtores. No entanto, e esse é um dos debates que fazemos em torno da agroecologia é priorizar o mais próximo possível da parte de hortifruti e granjeiros, não tem sentido trazer uma alface do Rio de Janeiro para São Paulo, então a gente compra dos arredores do lugar. Falando de Rio de Janeiro, temos muitos produtores com uma produção bem significativa. Vamos ter uma diversidade maior lá na loja do Rio de Janeiro do que na loja de São Paulo. Vou tomar a liberdade para dizer que o principal produto é esse [aponta para o boné do MST] sem ele, sem a luta, sem os símbolos da nossa luta a gente não conseguiria chegar nessa produção. Estou falando do boné, além dele tem camisetas e bolsas que vocês podem comprar. Vou começar com o arroz carreteiro, o arroz, assentados ao redor de Porto Alegre (RS), já são quase 5 mil produtores de arroz orgânico e essa produção já e considerada uma das maiores de arroz orgânico da América Latina. Infelizmente, a gente queria que todo o arroz que fosse para mesa dos brasileiros fosse orgânico e que as pessoas não consumissem veneno em seu cotidiano. Falo do arroz porque é um produto que todos os brasileiros consomem todos os dias. Então se a gente for fazer o debate do agrotóxico, o arroz é peça fundamental para a gente fazer esse diálogo. Inclusive essa cadeia produtiva do arroz foi uma das que proporcionou a gente construir a logística pela experiência que tivemos de fazer a venda para a merenda escolar para a prefeitura de São Paulo foi nos ensinando a construir o processo da logística. Então o arroz é essencial na história do Armazém do Campo e essencial para a vida humana e para o consumo de nós, os trabalhadores. O Terrinha que é um achocolatado, pessoal gosta muito do Toddynho que é achocolatado que é praticamente só açúcar, o nosso é o Terrinha que é um achocolatado que tem bastante leite e não só açúcar. E as bebidas, né? Temos cachaças, uma gama de mais de seis tipos de cachaças, tem do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, de Minas do Nordeste. Enfim, nossa gama tem mais de 400 produtos, então não daria para citar tudo. E claro que temos cervejas artesanais sempre mais de 10 tipos de cerveja, inclusive com vários rótulos como Frida Khalo, Rosa Luxemburgo, Fora Temer!, Lula Livre…. Fora Temer quase nunca tem! Para quem ainda não conhece venham nos visitar e conhecer todos esses produtos que vêm de todos os cantos do Brasil e são os frutos da nossa luta.

Tem alguma programação especial?

A programação ela começa a partir desta terça-feira (31) que vamos ter entre 8 a 10 produtos em oferta nesta semana. Já vou adiantar que você encontrar alface e rúcula por R$2, o achocolatado você vai encontrar por R$1,25, o preço normal é R$1,49 e outros produtos na semana de aniversário. A programação tá bem diversificada alguns dias ainda não está bem amarrado…17:04 Começa a partir desta quarta-feira (1), o debate de hoje foi transferido para sexta-feira (3) sobre agroecologia, orgânico versus agrotóxico e o PL do Veneno e suas consequências, foi adiado para sexta-feira a partir das 14h e quem tá tocando é o pessoal do Comitê da Campanha Permanente Contra o Uso de Agrotóxico, então vai ser uma reunião aberta nesta sexta-feira às 14h. Todo mundo tá convidado para fazer esse debate que é muito importante e que não consigam aprovar esse PL esse ano e a gente possa fortalecer esse processo de resistência a partir do ano que vem. Amanhã `a noite que é quarta-feira, por se tratar de um dia importante para a cultura brasileira que é o lance do futebol, nós estamos organizando um debate sobre a Democracia no Futebol. Só lembrando que todas as atividades sempre vai ser acompanhada por alguma comida com o que temos no Armazém. Amanhã à noite é um caldo de feijão, aí tem caipirinha, cerveja. Na quinta-feira tem atividade organizada com o grupo que organiza o debate sobre o judiciário mais popular e democrático que é o sarau dos Juristas pela Democracia também acompanhado por caldos. Não é só jurista que podem ir, todos podem ir Na sexta-feira tem essa atividade do diálogo agroecologia e agrotóxico a partir das 14 horas e no final da tarde, a partir das 18h30 vamos ter um grupo de viola caipira. No sábado pela parte da manhã, a partir das 10h, vamos ter uma oficina de plantio de semente e de horta voltado para a criançada e para as famílias, então os sem terrinhas estão convidados a por a mão na terra e na semente para elas germinarem que também está sendo organizada pela Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos.A partir das 12h vai ter essa atividade de mais solenidade, que vamos convidar os parceiros da política, cultura e arte e servir a partir das 13h esses dois pratos que já servi que é o arroz carreteiro e o risoto vegano e fechar com música, um grupo de samba ou outro grupo. O central das atividades vai acontecer e o central também é a comida que vai acompanhando, então todos estão convidados para poder degustar os caldos, o arroz, os sucos… Uma série de outros produtos que você vai ficar satisfeito indo no Armazém.

Por Brasil de Fato

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