Bancada do PT cobra governo Doria sobre massacre de Paraisópolis

Em reunião na Alesp, parlamentares exigem investigação justa sobre a morte de 9 jovens na periferia de São Paulo, mais uma área vítima da violência policial

Katia Passos/Imprensa PT Alesp

Na madrugada de domingo (1), nove jovens morreram pisoteados em Paraisópolis, favela na zona sul de São Paulo. As vítimas tinham de 14 a 23 anos e estavam em um evento de funk que acontece todo fim de semana no local. A festa foi atacada brutalmente por policiais militares, que encurralaram os moradores da área e abusaram da violência, com ataques de cassetete, balas de borracha e bombas de gás. Apesar da tragédia, o governador do estado de São Paulo, João Doria, afirmou que o trabalho das forças de segurança foi correto.

Por isso, a Bancada do PT na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) cobra respostas e providências do governo estadual sobre as investigações da tragédia. Em reunião na Alesp nesta terça-feira (3), os parlamentares petistas expressaram a revolta com o excesso de força dos policiais que agiram com truculência. Vídeos do massacre mostram agentes atacando moradores indefesos.

“A polícia vai continuar matando”

 

O líder do PT na Assembleia, o deputado Teonílio Barba, disse que o discurso violento de Doria legitima esse tipo de ação: “A polícia sempre teve vontade que o governo liberasse a truculência. E as falas do Doria na campanha, e as declarações do Witzel e de Bolsonaro incentivam a polícia a ir para um ataque mais duro. Quando se discute o excludente de ilicitude no Congresso, esse projeto só estimula a matança”, destacando as políticas sanguinárias do governador do Rio de Janeiro e do impopular presidente do país.

Barba também denunciou a estratégia das forças policiais que colocou a vida de centenas inocentes em perigo: “O combate ao tráfico não se dá com ação da polícia no meio das massas. Tem que se dar com inteligência, com investimento na tecnologia policial, não com toda essa truculência”.

Cobrança e enfrentamento

 

Estava marcada para a manhã desta terça, uma reunião dos parlamentares do PT com o procurador-geral de Justiça de SP, Gianpaolo Smanio, que infelizmente não pôde comparecer. Os deputados tinham a intenção de cobrar uma investigação profunda do massacre, deixando de lado as “versões malucas” dadas pelos policiais e com foco nos depoimentos dos moradores que foram encurralados.

O deputado Enio Tatto afirmou que a bancada já apresentou um requerimento para convocar o secretário de segurança pública do estado de São Paulo, responsável por dar explicações sobre a tragédia. Tatto declarou que “não se pode naturalizar essas mortes”.  Os petistas reiteraram que vão tomar posição e vão fazer o enfrentamento aos órgãos públicos.

A deputada Márcia Lia afirma que a Bancada do PT vai cobrar  o governo e os órgãos públicos de segurança, a fim de investigar a fundo a tragédia e responsabilizar os policiais que agiram de forma violenta: “Vamos tomar todas as providências. É inadmissível o que aconteceu em Paraisópolis e o que está acontecendo em todo o país. Temos que fazer o contraponto, combater essa cultura de ódio”.

Modelo de ódio

 

Para Márcia, os governos de João Doria (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL) promovem um modelo de sociedade que estimula a violência e a intolerância com os jovens negros das periferias, como aqueles que morreram na tragédia de domingo. As vítimas tinham entre 14 e 23 anos e foram ao baile para se divertir.

São elas: Gustavo Cruz Xavier, 14, Dennys Guilherme dos Santos Franco, 16, Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16, Denys Henrique Quirino da Silva, 16, Luara Victoria Oliveira, 18, Gabriel Rogério de Moraes, 20, Eduardo da Silva, 21, Bruno Gabriel dos Santos, 22, e Mateus dos Santos Costa, 23.

Denys Quirino tinha apenas 16 anos e estudava e trabalhava para ajudar a família. Os parentes contestam a versão de morte por pisoteamento, já que sua roupa não tinha marcas de pisões ou sapatos. Bruno Gabriel, de 22 anos, foi até a festa em Paraisópolis comemorar o aniversário com os amigos, mas acabou não voltando para casa.

Dennys Guilherme tinha um sonho: ser motivo de orgulho de sua mãe. Dennys queria conquistar o mundo, e assim como muitos jovens negros que moram nas periferias, teve seu sonho interrompido pela violência policial. Entre 2017 e 2018, mais de 75% das vítimas de letalidade policial no país são negras.

 

 

Da Redação da Agência PT de Notícias

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