Bolsonaro explora estado de saúde de criança para sabotar vacinação

Bolsonaro e ministros dão destaque a caso já descartado de reação à vacina, mas são incapazes de prestar solidariedade às famílias das 1.400 crianças brasileiras que morreram em decorrência da Covid

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Inacreditável: esses três desceram a um nível ainda mais baixo de indecência

Jair Bolsonaro e seus ministros conseguiram o que parecia impossível e desceram a um nível ainda mais baixo de indecência. É o que demonstram ao utilizar o estado de saúde frágil de uma criança para obter vantagens políticas e continuar a sabotagem à vacinação dos pequenos contra a Covid-19.

O caso explorado de forma torpe pelo atual presidente foi o de uma criança de Lençóis Paulista, no interior de São Paulo, que sofreu uma parada cardíaca horas depois de ser imunizada. Levada a um hospital pelos pais, a pequena paciente teve o quadro revertido e, felizmente, se recupera. 

Cumprindo com seu dever, a Secretaria de Saúde do estado destacou especialistas para investigar o caso. O grupo, composto por 10 profissionais, concluiu na quinta-feira (20) que a causa da parada cardíaca foi uma doença rara com a qual a criança nasceu. E acrescentaram que o problema nada teve a ver com a vacina, conforme noticiou a Folha de S. Paulo.

Mas quem disse que Bolsonaro se importa com o que dizem cientistas? No mesmo dia em que a Secretaria de Saúde esclareceu o caso, o ex-capitão telefonou para a família e ainda mandou os ministros Marcelo Queiroga (Saúde) e Damares Alves (Direitos Humanos) visitarem a criança no hospital.

Oportunismo, não solidariedade 

Os apoiadores de Bolsonaro podem argumentar que uma criança fragilizada merece a atenção do presidente e de dois ministros. Infelizmente, no entanto, é fácil perceber que o o gesto dos três não é motivado por solidariedade. E por que dizemos isso?

Primeiro, porque, sempre que pôde, Bolsonaro colocou em dúvida a necessidade, a segurança e a eficácia das vacinas. Sobram exemplos de declarações do ex-capitão nesse sentido. Além disso, a atenção dada a esse caso em particular lembra outro episódio em que Bolsonaro agiu de forma semelhante: quando insinuou, durante uma de suas famigeradas lives, que o suicídio de um homem teria sido “efeito colateral da vacina”.

Por fim, se solidariedade fosse a preocupação de Bolsonaro, Queiroga e Damares, eles teriam ido visitar familiares de crianças que perderam suas vidas por causa da Covid-19. Já são mais de 1.400 brasileiros com menos de 12 anos vítimas do novo coronavírus, segundo o Instituto Butantan. Alguns deles, mortos enquanto o governo federal atrasava o início da vacinação, inventando uma patética consulta pública sobre o tema.

Bolsonaro nunca demonstrou solidariedade às mais de 620 mil vítimas da Covid-19 no Brasil. A elas, dedicou um inacreditável “e daí?”. Agora, finge preocupação com uma família apenas para continuar sua sabotagem assassina. 

Tal presidente não merece o respeito ou a consideração dos brasileiros. E já não os tem. Segundo o Datafolha, 79% da população apoiam a imunização de crianças, e 58% avaliam que Bolsonaro mais atrapalha do que ajuda na campanha de vacinação. Bolsonaro é inimigo das crianças. Queiroga e Damares, também.

Da Redação

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