Bolsonaro favorece multinacionais e autoriza 57 novos agrotóxicos

Denúncia do deputado federal João Daniel aponta que Jair atendeu interesses de empresas estrangeiras ao liberar mais uma leva de venenos

Gustavo Bezerra

Para um País que já é campeão mundial na utilização de agrotóxicos na lavoura, a notícia da autorização por parte do governo Bolsonaro, através do Ministério da Agricultura, de 57 novos tipos de veneno, sem nenhum critério claro para essa liberação, é preocupante. A denúncia é do deputado João Daniel (PT-SE), ao lembrar que a medida do governo faz parte de um grande acordo que o presidente fez com as multinacionais do veneno.

“Nunca na história do Brasil ocorreu isso, sem nenhum critério, porque vários desses produtos estão proibidos no mundo inteiro. Apenas houve o critério de cumprir a ordem e o interesse das empresas internacionais, entre elas a Monsanto e a Bayer. Uma delas foi, inclusive, denunciada esta semana nos Estados Unidos”, disse, referindo-se à denúncia de um jardineiro que utilizava um dos agrotóxicos autorizados – que também é usado no Brasil -, e teve câncer por conta desse veneno que era obrigado a utilizar no trabalho. “Essa empresa perdeu 39 milhões de dólares numa indenização e caiu na bolsa de valores”, completou.

O deputado encaminhou um ofício para convocar ou convidar a ministra Tereza Cristina (Agricultura) para tratar deste assunto na Comissão de Agricultura da Câmara. João Daniel lembrou que há na Casa um projeto elaborado com a participação popular – o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pnara) – aguardando que o presidente Rodrigo Maia coloque em votação no plenário. “Este é um grande projeto elaborado com participação popular, da sociedade civil e de parlamentares de todos os partidos envolvidos com a luta pela redução do uso de venenos”, observou.

Sem imposto

Na avaliação de João Daniel, o governo Bolsonaro está servindo aos interesses das grandes multinacionais que produzem veneno, que matam pessoas, que têm gerado mais casos de câncer, sem falar nos prejuízos ao meio ambiente. O parlamentar ressaltou ainda que essas empresas são isentas de impostos. “O Tribunal de Contas da União, em auditoria, cobra do governo federal, no Acórdão 709/2018, do final do ano passado, explicações sobre a renúncia da cobrança de impostos dessas empresas, que são bilhões, todos os anos”.

“Porque o povo brasileiro, além de comer alimentos contaminados com agrotóxicos que produzem doenças, entre elas estão as doenças cancerígenas, ainda arca com o lucro das multinacionais do veneno para que elas não paguem nenhum imposto no nosso País”, afirmou.

Nessa auditoria, constatou-se que o governo brasileiro concede diversas desonerações tributárias à importação, à produção e à comercialização de agrotóxicos. No período de 2010 a 2017, quase R$ 9 bilhões foram renunciados em razão da alíquota zero dessas contribuições (Cofins e PIS/Pasep), com o objetivo de reduzir os custos dos agrotóxicos de uso agrícola e, assim, desonerar a cesta básica. Nesse período, a média anual da desoneração para agrotóxicos foi superior a R$ 1 bilhão, representando cerca de 8% do total da renúncia de receita dessas contribuições relativa à desoneração da cesta básica.

Segundo o parlamentar, é preciso que o governo federal se preocupe com a saúde pública, que incentive a produção de alimentos saudáveis, que estimule a realização de feiras orgânicas e agroecológicas, que ajude a agricultura familiar. “O governo Bolsonaro está na contramão da história do mundo, em apoio total e serviçal às grandes empresas multinacionais dos agrotóxicos. Nós combateremos, na Comissão de Agricultura e no plenário da Câmara, os interesses que não sejam do povo brasileiro, da saúde pública e da agricultura que produz alimentos saudáveis”, frisou João Daniel.

Por Assessoria de Comunicação

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