Bolsonaro transforma plano de vacinação em caos, diz ‘NY Times’

Reportagem do diário americano detalha como a falta de planejamento, o negacionismo e o descaso com a vida por parte do governo de Jair Bolsonaro transformaram país em péssimo exemplo mundial na era do coronavírus. Sem coordenação, plano de vacinação “brinca com vidas”, diz jornal. “Bolsonaro rejeitou as evidências científicas, chamou o vírus de uma “gripezinha” que não justificava o fechamento da maior economia da região e repreendeu os governadores que impuseram medidas de quarentena e fechamento de empresas”, destaca o ‘Times’

Foto: Adriano Machado

"Bolsonaro rejeitou as evidências científicas, chamou o vírus de uma "gripezinha"que não justificava o fechamento da maior economia da região e repreendeu os governadores que impuseram medidas de quarentena e fechamento de empresas", destaca o 'NY Times'

A pandemia do coronavírus se alastra desenfreadamente pelo país e agora os 5.570 municípios brasileiros registram casos de infecção pela Covid-19. Enquanto isso, a falta de planejamento, o negacionismo e o descaso com a vida por parte do governo de Jair Bolsonaro continuam a chocar o mundo. Reportagem do ‘New York Times’ desta terça-feira (15) aponta que o plano de vacinação do Brasil contra a Covid-19 “está mergulhado no caos e brincando com vidas”.

Segundo o prestigiado diário americano, lutas políticas internas, planejamento inconsistente e um crescente movimento antivacinas transformaram o país – novamente – em péssimo exemplo na era do coronavírus e o deixaram sem um programa de vacinação transparente. Nesta terça, o Brasil registrou 181.978 mortes e 6.934.539 casos confirmados de coronavírus.

Pelo histórico de seu programa nacional de vacinação e “robusta capacidade para fabricar medicamentos”, o Brasil poderia ter aproveitado essas vantagens para sair na frente na corrida pela imunização, descreve a reportagem.  Agora, seus cidadãos “não têm noção de quando podem obter o alívio de um vírus que colocou o sistema de saúde pública de joelhos e esmagou a economia”, registra o jornal.

“Eles estão brincando com vidas”, declarou a epidemiologista brasileira-americana do Sabin Vaccine Institute, Denise Garrett, ao jornal. “É quase um crime”, afirmou a pesquisadora, que trabalha para expandir o acesso às vacinas.

O ‘Times’ lembrou mais uma vez do papel crucial de Bolsonaro na transformação do país em pária internacional. “Bolsonaro rejeitou as evidências científicas, chamou o vírus de uma “gripezinha” que não justificava o fechamento da maior economia da região e repreendeu os governadores que impuseram medidas de quarentena e fechamento de empresas”, destaca o diário.

Ainda segundo o jornal, o Ministério da Saúde enviou um plano de vacinação ao Supremo Tribunal Federal sem um cronograma detalhado nem informar claramente o número de doses disponíveis da vacina. Além disso, funcionários da pasta depararam-se com o fato de que não haveria seringas e frascos suficientes para uma “ambiciosa campanha de vacinação, necessária para cobrir um país com 210 milhões de habitantes, onde mais de 180 mil sucumbiram ao vírus”.

O Times ressalta também as disputas políticas em torno da vacinação em massa no país.  Bolsonaro criticou a CoronaVac, que está sendo desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac Biotech, e rejeitou o plano da Saúde de comprar 46 milhões de doses. Para o  jornal, a briga de Bolsonaro com o governador de São Paulo João Dória “politizou perigosamente os planos de vacinação no Brasil”.

“Isso [disputa política] nunca aconteceu nos esforços de imunização”, declarou ao jornal a epidemiologista que dirigia o programa de imunização do Brasil até o ano passado, Carla Domingues. Ela lamentou que a vacina contra o coronavírus tenha se tornado uma questão partidária. “Isso vai deixar as pessoas confusas. É surreal”, disse.

Da Redação, com ‘NY Times’

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