‘Caça de Dilma’ cruza os céus de Brasília pela primeira vez

Depois de sete anos, jato da Gripen, adquirido no governo Dilma, sobrevoa a capital da República em voo teste realizado pela Força Aérea Brasileira. A aeronave será apresentada formalmente ao país nesta próxima sexta, 23, Dia do Aviador. Compra das aeronaves suecas foi decidida pela presidenta porque envolvia transferência de tecnologia e levava em conta a defesa da soberania nacional – princípios abandonados por Bolsonaro

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

SOBERANIA NACIONAL | Dilma visita a fábrica da Saab, na Suécia, em 19 de outubro de 2015, e entra no protótipo da aeronave F-39E.

Brasília amanheceu nesta quarta-feira, 21 de outubro, com o barulho de caças sobrevoando os céus da capital federal. Um treinamento da Força Aérea Brasileira (FAB), com o novo caça F-39E Gripen e um helicóptero Black Hook, provocou curiosidade e encheu os olhos dos brasilienses. Os testes marcam a pré-estréia do novo caça, adquirido em 2013 pelo governo da então presidenta Dilma Rousseff. A aeronave será formalmente apresentada ao país nesta sexta-feira, 23, Dia do Aviador, marcando as comemorações do primeiro voo do brasileiro Alberto Santos Dumont a bordo do 14-Bis, nos céus de Paris, em 1906.

Caça F-39E, da Gripen, sobrevoa os céus de Brasília, acompanhado de um F-5, da FAB, na manhã desta quarta-feira, 21 de outubro.

A decisão de Dilma de adquirir 36 novos caças da FAB da fabricante sueca Saab, ao custo de US$ 5 bilhões, gerou muitos ataques na imprensa, por conta dos interesses difusos, do lobby em torno das empresas concorrentes – a americana Boeing e a francesa Dassault – e a falta de percepção sobre a importância estratégica de ter autonomia aeroespacial em defesa do território nacional . O programa de substituição das aeronaves FX2 da FAB passou por diversos adiamentos em 15 anos, mas Dilma optou pelo Gripen — a aeronave mais barata entre as três competidoras.

Há cinco anos, em 2015, em viagem oficial à Suécia, acompanhada do então ministro da Defesa, Celso Amorim, e da comitiba brasileira, Dilma visitou a sede da Saab. Ali, teve a oportunidade de entrar em uma das aeronaves, recebendo explicações sobre o modelo. A visita ocorreu exatamente em 19 de outubro daquele ano. A decisão de modernização foi considerada estratégica por Dilma, por conta da  transferência de tecnologia da Saab para a Embraer, o que era vital para os interesses do país e representava uma aposta na defesa da soberania nacional. “A importância dos caças para o Brasil é imensa. Eles são o futuro”, disse, na época. “Só comprar um avião não era o que nos interessava. Nos interessava comprar um avião e que a tecnologia fosse transferida”.

Na última segunda-feira, 19, Dilma denunciou o governo do presidente Jair Bolsonaro de atentar contra os interesses da Nação e contra a soberania do país ao insistir na política de destruição do Estado e na venda de empresas estratégicas para o país, como a Petrobrás e a própria Embraer. Durante o seminário Reconstruir e Transformar o Brasil, realizado pelo PT e pela Fundação Perseu Abramo, ela lembrou que tanto a Petrobrás quanto a Embraer – empresa que chegou a ser vendida à Boeing pelo governo Michel Temer – são fundamentais para o desenvolvimento do país.

A decisão de Dilma de adquirir 36 novos caças da FAB da fabricante sueca Saab, ao custo de US$ 5 bilhões, gerou muitos ataques na imprensa, por conta do lobby em torno das empresas concorrentes, a americana Boeing e a francesa Dassault

O primeiro dos 36 caças Gripen de fabricação da empresa sueca Saab chegou ao Brasil na manhã de 20 de setembro, no porto de Navegantes, em Santa Catarina. A aeronave veio a bordo do navio MV Elke, que saiu de Norrkoping, Suécia, em 27 de agosto. O equipamento estava então no Centro de Ensaios em Voo do Gripen (GFTC, na sigla em inglês), localizado no município de Gavião Peixoto (SP).

Segundo a FAB, a aeronave multimissão realizou voos de treinamento para a apresentação oficial, na sexta-feira. “Essa é uma unidade de testes que está realizando, sob coordenação da Saab, campanha de ensaios em voo na sede da Embraer, em Gavião Peixoto (SP)”, explica o órgão. A previsão de entrega à FAB das primeiras aeronaves operacionais é para o fim de 2021. Há quatro semanas, a aeronave fez o primeiro voo no Brasil. Em 24 de setembro, ela decolou do Aeroporto Internacional de Navegantes para a fábrica da Embraer em São Paulo.

Da Redação

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