Com Bolsonaro e Guedes, país só afunda no atoleiro econômico

Entre os Brics, com exceção do Brasil, os indicadores para Rússia, Índia e China continuam a se expandir em ritmo constante. Com Bolsonaro, país sofre com “desaceleração do crescimento”. Projeção aponta mais uma queda nos rankings econômicos

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O crescente isolamento do Brasil não é apenas sanitário, mas também econômico. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirma, em relatório divulgado nesta terça (13), que, em direção oposta à tendência global, o país é o único entre as 20 grandes economias do mundo com “desaceleração do crescimento”.

O índice composto de indicadores antecedentes (Composite leading indicators, ou CLIs) tem como objetivo antecipar pontos de virada na atividade econômica em relação à tendência. O indicador caiu 0,32% no Brasil em março, em comparação com fevereiro –recuo solitário entre as maiores economias monitoradas pela OCDE.

No grupo das sete maiores economias, houve alta de 0,24%. Entre os Brics, com exceção do Brasil, os indicadores para Rússia, Índia e China continuam a se expandir em ritmo constante. Na China, a alta foi de 0,36%. Na Índia e na Rússia, de 0,29% e 0,26%.

Em sintonia com a velocidade com que vacinam suas populações, o ritmo de crescimento continua a crescer nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos. “No Japão, Canadá e na área do euro como um todo, especialmente na Alemanha e na Itália, os CLIs apontam agora para um aumento constante. Na França, e agora no Reino Unido, os CLIs sinalizam um crescimento estável”, destacou a entidade no relatório.

A OCDE divulgou nesta quarta (14) outro relatório, o ‘Growing for Growth’ (‘Crescendo para Crescer’, em tradução literal), em que faz recomendações específicas a cada país-membro da organização. A entidade destacou uma “nova prioridade” para o Brasil: Política ambiental – Preservar ativos naturais e interromper o desmatamento.

“Aproveite o sucesso anterior no combate ao desmatamento ilegal, fortalecendo os esforços de fiscalização para combater o desmatamento ilegal e garantindo pessoal e orçamento adequados para as agências de fiscalização ambiental”, recomenda a OCDE.

A entidade também alerta o país para que evite “o enfraquecimento do atual quadro de proteção legal, incluindo áreas protegidas, o código florestal e focar no uso sustentável do potencial econômico da Amazônia”. Tudo o que a “boiada” bolsonarista não faz. Em março, os alertas de desmatamento na Amazônia foram os maiores já registrados para o mês desde o começo da série histórica do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O Greenpeace afirma que o desgoverno Bolsonaro é responsável por um “aumento histórico do desmatamento com taxas anuais não observadas desde 2008, com 9% de aumento em 2020 comparado ao ano de 2019”. A organização criticou a paralisação do Fundo Amazônia e o corte de recursos para a proteção do meio ambiente no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2021.

“O que já é ruim pode piorar. Com Ricardo Salles trabalhando contra o meio ambiente e o Congresso trabalhando para legalizar grilagem, flexibilizar o licenciamento ambiental e abrir terras indígenas para mineração, o desmatamento tende a continuar em alta”, alertou Cristiane Mazzetti, Gestora Ambiental do Greenpeace.

“O Deter de março é mais um motivo para que o governo Biden não assine um “cheque em branco” com o governo de Bolsonaro”, afirmou a ambientalista, prenunciando mais pressões contra o país, com impacto direto sobre a economia já debilitada.

Em 2021, país cairá mais uma posição

A tendência apontada pela OCDE é a mesma do mercado financeiro. A pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda (13) mostrou piora nos principais indicadores. A expectativa dos analistas para a alta do PIB no ano caiu de 3,17% para 3,08%. A projeção para a inflação de 2021 subiu de 4,81% para 4,85%, enquanto a estimativa para a taxa básica de juros ao final do ano subiu de 5% ao ano para 5,25% ao ano.

A falta de rumo em plena tempestade perfeita levará o Brasil a cair mais uma posição na lista das maiores economias do mundo. Levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating, a partir de projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), mostra que o país deve ser ultrapassado pela Austrália e se tornar a 13ª economia.

O desempenho do PIB do Brasil em 2020 ficou na 21ª colocação, num comparativo entre as 50 maiores economias do mundo, causando um tombo de três posições. Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o país fechou o ano em 12º lugar devido ao “efeito pandemia” associado ao aumento das incertezas domésticas.

“O real deve se desvalorizar mais que as moedas de outros países em virtude do baixo ritmo de imunização, que exige as medidas restritivas, além do risco fiscal ainda elevado com o Orçamento em revisão, a taxa de juros em ciclo de alta e, por fim, a ausência de aprovação das reformas estruturantes”, afirma.

O ranking da Austin Rating faz o comparativo das maiores economias do mundo desde 1994. Em 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, o Brasil ficou na 14ª posição. Entre 2010 e 2014, no apogeu dos governos do Partido dos Trabalhadores, o país se manteve na 7ª posição.

Outro ranking, da consultora britânica CEBR, mostrou em 2011 o Brasil pela primeira vez como sexta maior economia do mundo, à frente do Reino Unido. A ascensão causou enorme dor de cotovelos na terra da rainha e foi manchete dos principais jornais do planeta. Hoje, transformado em pária global, o país desgovernado por Jair Bolsonaro e seu entourage ocupa o noticiário internacional das más notícias.

Da Redação

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