‘Com Lula, academia brasileira passou a ser respeitada lá fora’

A afirmação é da pesquisadora em musicologia Ligiana Costa, que homenageou o ex-presidente em premiação na Itália

Reprodução

Pesquisadora Ligiana Costa durante homenagem a Lula na Itália

“Este prêmio é dedicado a Luiz Inácio Lula da Silva, o nosso presidente. Uma pessoa que nunca frequentou formalmente a universidade, e, no entanto, construiu dezessete universidades públicas e encontrou um modo de fazer com com que este lugar fosse aberto a todos e a todos.”

O discurso em homenagem ao ex-presidente Lula foi proferido pela musicóloga, cantora, compositora e pesquisadora brasileira Ligiana Costa, no último domingo (8), na Itália, durante a entrega do Prêmio Flaiano, na cidade de Pescara, na Itália. A pesquisadora em musicologia foi premiada pelo livro ‘O Corego’, resultado da sua pesquisa de pós-doutorado, que aborda representações cênico-musicais italianas no século XVII.

O ato político, segundo Ligiana, já estava planejado, mas, “por acaso do destino”, a premiação coincidiu com o dia em que a libertação de Lula foi determinada pelo desembargador Rogério Favreto, mas impedida pelas manobras jurídicas articuladas pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro.

“Eu não faço nada sem me posicionar politicamente, então já estava tudo organizado. Trouxe do Brasil  [para a Itália] o xale escrito ‘Free Lula’ [Lula Livre, em português], e a premiação coincidiu com o dia em que ele quase foi libertado, então a manifestação ficou ainda mais potente”, conta Ligiana.

O Flaiano é uma das principais premiações de cultura da Itália e, por isso, o evento contou com a presença massiva de jornalistas e artistas de diversas áreas, o que colaborou com a repercussão do ato político, como relata a pesquisadora.

“Parece que isso deu uma chacoalhada na forma que a imprensa italiana fala do Lula. No fundo, foi uma ação coletiva feita por uma pessoa”, completa.

Parte da experiência acadêmica de Ligiana foi na Europa. Ela concluiu doutorado duplo em 2008, nas universidades de Tours, na França, e de Milão, na Itália, com bolsa federal, por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

A jornada fora do país começou antes mesmo do primeiro governo de Lula, quando o Brasil ainda era visto como um país de Terceiro Mundo, como descreve a pesquisadora. Ela destaca, que as mudanças foram notórias a partir de 2003, quando Luiz Inácio assumiu a Presidência.

“Quando morei pela primeira vez na Europa, o Brasil era uma coisa desinteressante, exótica. Na época do Lula, a arte brasileira passou a ser considerada, a academia brasileira passou a ser respeitada lá fora. Me lembro que amigos franceses e italianos, de esquerda e direita, falavam do Lula como um sonho, um personagem que eles também queriam ter”, afirma.

Mesmo longe, Ligiana acompanhava os avanços das políticas sociais e também foi beneficiária dos incentivos que voltados para o desenvolvimento de pesquisas no exterior. Hoje, ela lamenta o desmonte dessas iniciativas, que começou com o golpe que destituiu a presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff.

“A gente tem que entender que a pesquisa, a arte, a cultura, quando apoiadas, elas existem. Infelizmente, hoje em dia, o que vemos é a decadência de tudo isso que foi construído nos governos Lula e Dilma”, finaliza.

Confira o vídeo com a homenagem a Lula

Free Lula ao vivo na RAI num dos maiores prêmio da Itália! Dediquei o meu prêmio de melhor livro de italianistica àquele que, mesmo não tendo frequentado formalmente a Universidade, construiu 17 universidades públicas e tentou que este fosse um espaço público e possível a todos e todas! Lula livre!!!! #freelula

Publicado por Ligiana Costa em Domingo, 8 de julho de 2018

Por Geisa Marques, da Comunicação Elas por Elas

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