Como a ONU e outros órgãos internacionais mudam sua vida

Da Lei Maria da Penha à criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, esses acordos fortaleceram várias leis que hoje fazem parte do cotidiano

Você talvez não saiba, mas a ONU e outras organizações internacionais têm um papel determinante na criação e aplicação de várias leis brasileiras.

Esses acordos foram a semente para a criação de várias leis que hoje fazem parte do nosso cotidiano, especialmente na garantia dos direitos a mulheres, crianças e trabalhadores em situação vulnerável. Em outros casos, a força dessas determinações evitou que projetos retrógrados fossem adiante.

Em meio ao silêncio do Brasil sobre a determinação do Comitê de Direitos Humanos que garante a Lula o direito a ser candidato, é importante lembrar a importância desse tipo de acordo. Confira alguns dos casos mais emblemáticos:

Violência doméstica

O exemplo mais claro é caso Maria da Penha, ativista emblemática contra a violência doméstica no Brasil. O país foi condenado pela Comissão Interamericana em 2001 – mais de dezoito anos após o crime – na primeira denúncia de violência doméstica aceita pela organização.

Essa condenação foi fundamental para que o Brasil aprovasse a lei que leva o nome da farmacêutica, em 2006. Antes da Lei Maria da Penha, os casos não-letais eram julgados como crimes menores. Nenhuma proteção era oferecida à vítima, e nas poucas vezes em que o agressor era condenado, a pena se reduzia ao pagamento de cestas básicas.

A Lei do Feminicídio, aprovada por Dilma, também contribuiu para fechar o cerco contra esse tipo de crime.

Trabalho escravo

No ano passado, Temer aprovou uma portaria que dificultava a fiscalização do trabalho escravo. Um dos trechos, por exemplo, determinava que o trabalhador deveria estar preso para que uma jornada fosse considerada excessiva ou degradante.

A mudança foi duramente criticado por vários segmentos. O escritório da ONU no Brasil divulgou um comunicado demonstrando “profunda preocupação” com a proposta, lembrando que o país executara nos últimos anos “políticas públicas de combate ao trabalho escravo que se tornaram referência mundial”. Depois de toda a repercussão ruim, os golpistas voltaram atrás e aprovaram uma nova portaria sem a terrível mudança.

Direito das crianças e adolescentes

O Estatuto da Criança e do Adolescente, que completa 28 anos, é o conjunto de regras mais importante contra os maus-tratos, exploração e abuso de menores no Brasil – e reconhecido no mundo todo como lei modelo na proteção deles. O documento foi baseado em uma série de normas internacionais da ONU, como a Declaração dos Direitos da Criança, da Unicef, e as Regras de Pequim, que determina tratamento adequado aos menores infratores.

Com a aprovação do ECA, o Brasil se tornou o primeiro país a adequar a legislação interna aos princípios consagrados pela Convenção das Nações Unidas.

Disque-denúncia

Preocupada com a falta de punição a tortura e violência policial, o Comitê dos Direitos Humanos da ONU chamou a atenção do Brasil. Ao “prestar contas” à organização em 2001, o país se comprometeu a agilizar a criação de um disque-denúncia de cobertura nacional.

Dois anos mais tarde, já na gestão Lula, o governo federal passou a administrar o Disque Denúncia, que ficou conhecido como Disque 100. Sob o comando da recém-criada Secretaria de Direitos Humanos, o serviço deixou de ser um simples canal de denúncia e passou a conectar vários serviços e parceiros no Brasil todo.

O combate à exploração sexual infantil era o principal foco do programa até então. A partir de 2012, o Disque 100 passou a receber denúncias de outras violações aos direitos de toda a população, especialmente pessoas em situação de rua, idosos, pessoas com deficiência e população LGBTI+. Só no ano passado, o canal recebeu mais de 120 mil denúncias.

Da Redação Agência PT de Notícias

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