Consórcio do Nordeste vai garantir 50 milhões de doses da vacina russa

Mesmo com entrave burocrático da Anvisa, que passou a exigir estudo clínico realizado no Brasil para analisar o pedido de uso emergencial da vacina, governadores dos nove estados da Região saem na frente para proteger a população com a Sputnik V, cuja eficácia é superior a 90%. “Determinei à Procuradoria Geral do Estado da Bahia que ingresse com uma ação no Supremo Tribunal Federal para que possamos efetivar a compra direta da vacina russa Sputnik V”, disse o governador da Bahia, Rui Costa

Foto: Roberta Aline

O governador da Bahia, Rui Costa

Em mais demonstração de capacidade de reação frente ao agravamento da pandemia do coronavírus no país e à lentidão do governo federal na aquisição de vacinas, o Consórcio de governadores do Nordeste, anunciou que  articula a compra de 50 milhões de doses do imunizante russo Sputnik. As doses serão administradas nos nove estados que integram a região. A informação foi confirmada pelo presidente do consórcio, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), durante videoconferência na quinta-feira (14).

“A Sputnik V foi aprovada por órgãos reguladores e está sendo usada em vários países”, disse Dias. “A [Farmacêutica] União Química tem autorização para produção dessa vacina no Brasil. Através do Consórcio Nordeste, vamos solicitar doses prontas para esse uso. Já temos um documento com apoio de todos os governadores para reserva dessas doses”, adiantou o governador.

Há um entrave, entretanto: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O órgão determinou a exigência do início de estudo clínico realizado no Brasil para analisar o pedido de uso emergencial da vacina. “Uma vez que a Sputnik tem estudos com 44 mil pessoas, o que vai agregar um estudo feito no Brasil com 5 mil? Não somos jacarés e eles seres humanos”, reclama o secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, de acordo com a ‘Folha de S. Paulo’.

Ele considerou os empecilhos burocráticos da agência “um absurdo sem precedente”. A Sputnik tem mais de 90% de eficácia comprovada, segundo o laboratório russo Gamaleya.

“Determinei à Procuradoria Geral do Estado da Bahia que ingresse com uma ação no Supremo Tribunal Federal para que possamos efetivar a compra direta da vacina russa Sputnik V, com a qual já assinamos um acordo de cooperação para o fornecimento de até 50 milhões de doses”, disse o governador da Bahia, Rui Costa, pelo Twitter.

“Não podemos assistir passivamente baianos e brasileiros morrendo diariamente diante da incapacidade do Governo Federal. Se eles não têm capacidade de fazer nada, melhor que peçam demissão ou renunciem. O povo brasileiro não merece ser maltratado e humilhado. Precisamos reagir”, observou o governador petista.

Fundo Russo de Investimentos

Para acelerar os trâmites, nesta semana, o Fundo Russo de Investimentos Diretos afirmou em nota que irá solicitar junto à Anvisa o aval para uso emergencial da vacina Sputnik V. O Fundo argumentou que a vacina  já foi aprovada na Argentina, Bolívia, Argélia, Sérvia e Palestina. A Argentina iniciou as imunizações com a vacina ainda em dezembro.

O Fundo também confirmou o acordo com a União Química, que irá garantir 10 milhões de doses do imunizante ainda no primeiro trimestre de 2021.

“Do nosso lado, estamos prontos para uma cooperação em larga escala, no abastecimento e na produção, para iniciar a vacinação da população do Brasil o mais rápido possível”, afirmou o CEO do Fundo, Kirill Dmitriev.

Segundo o russo, a vacina é segura e eficaz. “Vários países da América Latina já estão vacinando pessoas com a Sputnik V e esperamos que o Brasil se junte a eles nas próximas semanas”, destacou.

Venezuela também firma acordo

Na quinta-feira (14), foi a vez da Venezuela fechar acordo para aquisição da Sputnik V. O anúncio foi feito pela vice-presidente Delcy Rodríguez. “Seguindo as instruções do Presidente Nicolas Maduro, realizamos uma reunião de trabalho por videoconferência com o presidente e o vice-presidente do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), para o fornecimento e a produção da vacina na Venezuela, no primeiro trimestre do ano”, disse Rodríguez, pelo Twitter.

O acordo prevê a aquisição de dez milhões de doses do imunizante russo pelo governo venezuelano.

Da Redação, com informações de ‘G1′, ‘Folha’, CartaCapital’ e ‘Sputnik Brasil’

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