Continuidade do golpe pautou segundo debate de teses do 6º Congresso

Evento reuniu representantes das teses protocoladas na sede do PT Nacional e transmitido ao vivo pelo partido e pela Fundação Perseu Abramo

Paulo Pinto/Agência PT
6º Congresso Nacional do PT

PT promove segundo debate de teses

O PT realizou na quinta-feira (4), em São Paulo, o segundo debate de teses nacionais apresentadas para o 6º Congresso Nacional do PT – Marisa Letícia Lula da Silva com o tema “Cenário Nacional”.

O encontro, que reuniu representantes das 10 teses na sede nacional do partido, foi transmitido ao vivo pelo facebook do PT. Durante o debate, internautas enviaram perguntas que foram respondidas pelos debatedores.

O golpe foi o tema central do debate, no qual foram apresentadas propostas de posicionamento e enfrentamento do partido à política neoliberal e de retirada de direitos imposta pelo governo golpista de Michel Temer.

Em sua apresentação, Gilney Viana, representante da tese “Alternativa: Crítica, Autocrítica e Utopia”, apontou como objetivo central da burguesia golpista a configuração de um novo patamar na luta de classes. “A caracterização do golpe é fundamental para entendermos o que estamos enfrentando. É um golpe poderoso que foi capaz de impor uma agenda de restrição de direitos, conservadora, neoliberal e que nos coloca na defensiva”, declarou.

Para Júlio Turra, representante da tese “Unidade pela reconstrução do PT”, o partido precisa superar a crise e se manter à frente dos movimentos contra o governo ilegítimo. Ele também defendeu a antecipação das eleições para outubro deste ano.

“90% da população está contra o governo Temer e 85% querem as diretas. Apesar do boicote da imprensa, a greve geral mobilizou o Brasil e o governo não conseguiu evitar o impacto da greve na sua conjuntura. Agora está trocando deputados, ameaçando para manter a maioria nas comissões e aprovar essas contra reformas de qualquer jeito”, afirmou.

Segundo debate de teses do PT Nacional

O caráter neoliberal e entreguista do governo golpista foi destacado pelo representante da tese “Optei – em defesa do PT” Thiago Soares como maior perigo enfrentado pelo país. Ele falou sobre a importância do PT fazer uma autocrítica e assumir que a aliança com o PMDB foi um erro.

“A aliança pode ter dado certo em parte, mas também nos trouxe a essa situação de hoje. Estamos vendo esse governo golpista entregar o país, eles querem privatizar tudo, basta ver o pré-sal”, declarou Soares.

O deputado Paulo Teixeira, representante da tese “Por um partido socialista e democrático! Por um governo democrático-popular”, também defendeu que o partido faça a autocritica e classificou a aliança com o PMDB como um “grande equívoco”.

Para ele, o PT precisa retomar as críticas ao capitalismo e neoliberalismo: “Precisamos falar sobre os nossos erros e equívocos como as reformas que não fizemos. O PT precisa de um programa de mudanças para enfrentar o cenário atual e o partido está à altura desse desafio”.

José Oliveira, da tese “Lélia Gonzalez – Muda PT com raça e classe”, defendeu que, em vez de pacto com partidos, o PT faça um grande pacto com os movimentos sociais. “Isso era pra ter sido feito e não fizemos. Só para termos ideia do que vamos enfrentar, o mundo é controlado por dez empresas e seis delas estão nos Estados Unidos. O recado está dado, é isso que vamos enfrentar. Então, precisamos retomar esse pacto com os movimentos, os jovens, negros e negras. Chegou a hora de fazermos o bom diálogo, feito não em mesa, mas em círculo. Fazer o trabalho coletivo onde todas as forças se vejam”, afirmou Oliveira.

Para Eduardo Bellandi, representante da tese “Estado de emergência petista”, o golpe é um modus operandi da burguesia nacional e que permeia vários momentos da história do Brasil. “É imprescindível a mobilização dos poderes de Estado instituídos à esquerda que fizeram cara de paisagem durante todo o processo de impeachment. Ninguém deu a cara a tapa para impedir o golpe contra a presidenta da República”.

Mônica Valente em debate de teses do PT

Mônica Valente apresentou a tese “Em defesa do Brasil. Em defesa do PT, em defesa de Lula” e começou sua apresentação destacando a importância da participação das mulheres nos debates. Para Mônica, o cenário atual é de continuidade do golpe, no qual interesses de mercado pautam a agenda golpista imposta ao povo brasileiro.

“Essa foi uma agenda derrotada quatro vezes. A reforma trabalhista tira direitos, mas também abre espaço para a privatização da previdência. Também temos a entrega do pré-sal, a venda de terras para estrangeiros. Enfim, um conjunto de propostas que nunca venceria uma eleição, por isso fizeram através do golpe”. Ela também propôs a atualização do projeto do PT para trazer de volta um programa de formação partidária.

Valter Pomar, representante da tese “A esperança é vermelha: Brasil urgente, Lula presidente”, afirmou que golpe só foi possível graças a erros cometidos pelo PT, como colocar Temer na chapa da presidenta eleita Dilma Rousseff, as indicações de golpistas para o STF, o financiamento da grande imprensa, enquanto os blogs progressistas passavam dificuldades e as rádios comunitárias eram reprimidas.

“Muitos setores dentro da esquerda não acreditaram que o golpe poderia acontecer. Agora eles estão aí com um programa ultrarradical para alinhar o Brasil aos Estados Unidos e rebaixar as classes trabalhadores”, disse Pomar.

Para o representante da tese “Avaliar, corrigir rumos e mudar o Brasil” Cleiton Souza o partido precisa ajudar no esclarecimento da população quanto à seriedade dos desmontes que estão sendo promovidos pelo governo golpista e, para isso, precisa focar na qualificação da militância.

“Temos que fazer uma avaliação do ponto de vista estratégico. Não adianta debater e não colocar tudo isso em prática e de forma concreta. Precisamos formar melhor nossos militantes. Todos podem ser contra a reforma trabalhista, mas nem todos tem a real dimensão do que está acontecendo”, avaliou.

Renato Simões em debate de teses no PT

Renato Simões, da tese “Avante militância socialista ao VI Congresso Nacional do PT”, alerta para a continuidade do golpe com a perseguição ao ex-presidente Lula. “Golpista não tem limite. Não pensem que Temer vai passar a faixa presidencial pro Lula, pedir desculpas e se retirar. É por isso que o imperialismo se envolveu diretamente no golpe. Precisamos discutir a conjuntura e fazer o enfrentamento. Queremos colocar lá esse Lula das manifestações de massa, dizendo que não vai repetir os erros do período anterior, com um programa de esquerda e com reformas como a agrária.”

Na segunda parte, foram apresentados aos debatedores as pautas levantadas pelos internautas: continuidade da greve geral, eleições diretas em 2017, reaproximação do PT com as bases, política de alianças e o projeto apresentado pelo golpista Rodrigo Maia que abre precedente para adiamento das eleições.

Assista à íntegra do debate:

Da Redação da Agência PT de Notícias

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