Cortes em Ciência e Tecnologia fragilizam ação do Estado

“No pós-pandemia, vamos precisar recuperar, atualizar e manter os laboratórios das universidades, além de criar novos laboratórios”, defende o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich. “Não há saída sem ciência e tecnologia. E para isso, é preciso continuidade, recursos, planejamento e visão para apoiar as iniciativas promissoras e de qualidade que temos no Brasil”, afirmou

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Cortes de recursos em ciência e tecnologia fragilizam o Estado

De um total de R$ 452 milhões investidos pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTIC) durante a pandemia, apenas “R$ 100 milhões foram direcionados à pesquisa para o combate à Covid-19, segundo o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, em audiência pública no Senado Federal, na semana passada. Diante de outros cortes previstos, Davidovich diz estar “preocupado com essas perspectivas, porque vivemos um momento em que a educação e as pesquisas científicas são cada vez mais fundamentais para nossa sociedade”.

A informação conjuntural que expõe o descompromisso do governo Bolsonaro no combate à pandemia, no entanto, vem acompanhada de outras medidas que fragilizam o Estado e comprometem o desempenho futuro do país. Para o orçamento de 2021, o governo Bolsonaro aposta em aprofundar o desmonte do setor, com cortes de 18% para o Ministério da Educação e 15% para o MCITC. O presidente da ABC também alerta para o contingenciamento de 90% da verba do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

“No pós-pandemia, vamos precisar recuperar, atualizar e manter os laboratórios das universidades, além de criar novos laboratórios”, defende o presidente da Academia Brasileira de Ciências. “Não há saída sem ciência e tecnologia. E para isso, é preciso continuidade, recursos, planejamento e visão para apoiar as iniciativas promissoras e de qualidade que temos no Brasil”, afirmou. Davidovich defende o fim do contingenciamento do FNDCT e um orçamento “sem cortes”, capaz de permitir a recuperação do país.

O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) ainda aponta a desindustrialização do país como um dos fatores que dificultou o combate à pandemia. Segundo ele, os recursos destinados pelo governo Bolsonaro à Ciência são baixos em relação às necessidades. “Sem falar que alguns deles estão saindo com muito atraso”, completa. “Em 1983, a indústria representava cerca 35% do PIB, agora, em anos mais recentes, passou para 11%”, continua. Com isso, diz ele, “estamos com um nível de inovação insuficiente”.

Apesar das dificuldades, a excelência das universidades e a qualidade dos cientistas brasileiros impediram um desastre ainda mais grave. “Mesmo com exemplos negativos de não liberação de recursos, os cientistas brasileiros têm se mostrado qualificados e empenhados no enfrentamento da covid-19”, afirma. No entanto, adverte: “o problema é que a pesquisa brasileira nunca foi tão encurralada e tão depreciada”. Lembrando que “a ciência salva vidas”, alerta para a dificuldade da elite brasileira entender essa realidade.

A desvalorização da ciência também foi apontada pela cientista-médica brasileira, Luciana Borio, em entrevista publicada jornal O Estado de São Paulo. Uma de suas aflições, no momento, segundo o jornal, é constatar que “todo mundo tem um palpite sobre o coronavírus, mas sem fundamentação científica”. Segundo ela, “há lideranças de governos que não quiseram ou não souberam aderir aos fatos científicos”.

“Acompanhamos aqui (nos Estados Unidos, onde vive) um ataque muito forte à ciência, bem como no Brasil. Por exemplo, esse episódio da hidroxicloroquina”, diz. Decidida a ficar morando no exterior, destaca que a pesquisa científica nos EUA é muito bem apoiada pelos governos. No Brasil, nem tanto…”, destaca. De 2017 até março de 2019, ela atuou na Casa Branca, no Conselho de Segurança Nacional. Em maio de 2018, alertou que uma pandemia de… gripe seria a principal ameaça à segurança sanitária nos Estados Unidos.

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