Cortes no Bolsa Família sentenciam famílias a um Natal de fome

Depois de prometer 13º, Bolsonaro ataca Bolsa Família ao cortar recursos

Foto: Beto Macário/UOL

Aurenir da Silva vive com outras 11 pessoas da família no conjunto Virgem dos Pobres, na periferia de Maceió, e foi excluída do Bolsa Família

Figuras como a Aurenir Maria da Silva, 38, entrevistada pelo Uol, esperaram o ano todo pelo Bolsa Família. Ela, que é moradora do conjunto Virgem dos Pobres, em Maceió, e divide um apartamento de 40m² com outras onze pessoas, planejava utilizar o 13º do programa para comprar comidas para o fim de ano, trocar o botijão de gás que acabou e, quem sabe, comprar roupas novas para os filhos.

“Eu esperei tanto esse valor. Mas a verdade agora é que para sobreviver estou recebendo doações. É muito complicado, um Natal da fome passarei”, conta a marisqueira, que até outubro recebia R$ 380 mensais e desde então passou a viver um pesadelo com o corte, sem explicações, de seu benefício.

Ela foi notificada de uma suposta falta de cumprimento de um dos critérios para receber o bolsa, o de manter a frequência escolar dos filhos, mas afirma que eles não faltam das aulas e que nunca teve problemas com isso. Apesar disso, ela deixou de receber e entrou para a fila de espera. Questionado pela reportagem do Uol, o Ministério da Cidadania confirma que há fila de espera, mas se nega a informar quantas pessoas estão nela.

Na favela Sururu de Capote, também em Maceió, 100% dependem do Bolsa Família. Maria Fabiana do Nascimento, 33, e seu marido, Paulo Sérgio Bonfim, 49, recebiam R$ 130 até setembro, quando tiveram o benefício cortado.
Pescador artesanal, além perder o bolsa, Bonfim viu as vendas desabarem por causa do óleo que poluiu praias. O barco que utiliza para garantir o sustento da família está furado e ele usaria o 13º para consertá-lo.

 

Demagogia

 

“O Bolsa Família nada mais é do que um projeto para tirar dinheiro de quem produz e dá-lo a quem se acomoda, para que use seu título de eleitor e mantenha quem está no poder”, declarou o então deputado federal Jair Bolsonaro, em 2011. No ano seguinte, em entrevista concedida à Record News, reafirmou sua postura ao dizer que “O Bolsa Família é uma mentira, você não consegue uma pessoa no Nordeste para trabalhar na sua casa. Porque se for trabalhar, perde o Bolsa Família”.

Em 2017, conforme noticiado pela Folha de S. Paulo, Bolsonaro desprezou, mais uma vez, o programa. “Para ser candidato a presidente tem de falar que vai ampliar o Bolsa Família, então vote em outro candidato. Não vou partir para a demagogia e agradar quem quer que seja para buscar voto”, disse ele em um evento em Barretos (SP).

O discurso mudou quando se tornou candidato à presidência, em 2018. Em abril, ele comunicou a criação do décimo terceiro para o programa. A medida foi anunciada na semana em que o governo de Bolsonaro completou 100 dias, com queda recorde na popularidade, ostentando a maior taxa de reprovação desde a redemocratização em 1985. O reajuste é maquiagem mal feita em um cenário de desmonte dos direitos sociais no Brasil. Em seu primeiro mês de gestão, Bolsonaro cortou 381 mil benefícios do Bolsa Família e descartou reajustar os valores pagos para famílias de baixa renda.

Da Agência PT de Notícias, com informações do Uol

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast